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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


O FALSO CENTENÁRIO DO NOSSO BEU

Publicado por Muana Damba activado 19 Agosto 2011, 17:29pm

Etiquetas: #Fragmentos históricos do Uíge.

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Tout imprimerPor Nsimba J. Dias.

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Eu faço parte daquele povo do Béu. Quando se fala de um povo é uma observação muito significativa porque a concepção de um povo baseia-se naquilo que este conjunto de famílias, clãs e tribos tem em comum. A mentalidade que este conjunto defende e a voz comum que representa. Diria eu que aquilo que se conseguiu ao nível comunal, não se verifica ainda aos outros níveis e mesmo a muitas comunas. Sou orgulhoso de ter nascido nas terras santas do norte de Angola.

 

O nosso Béu acaba de recentemente festejar o seu centenário. Béu não é um campo qualquer ou talvez um acampamento de um grupo de indivíduo. Béu é administro-politicamente uma comuna do município de Makela* do Zombo, na província do Uíge, que faz parte entre as 18 províncias de Angola. Embora esquecida e negligenciada, a comuna do Béu tem uma estrutura organizacional que responde as recomendações da constituição angolana.

 

Béu teve um passado tanto tem um presente e terá um futuro como qualquer território pertencente a Republica de Angola que vimos nascer em 11 de Novembro 1975. Felizmente a existência do povo do Béu não depende desta importantíssima data. Béu existira como parte do reino do Kongo e o seu povo constitui até hoje uma parte do povo kikongo

 

Partindo de um ponto histórico, Béu não tem 100 anos, que já ultrapassara, pois como parte do reino de Kongo, Ele já tinha uma cronologia. Partindo de um ponto sociopolítico, Béu renasceria como Angola soberana em 1975. A história do Béu não mudou e nunca será poluída. Reconhece-se que muitos velhos já não vivem mas a historia contada ainda guarda a sua originalidade. Reconhece-se que muitos intelectuais filhos do Béu foram precipitadamente transferidos a terra do silêncio mas as lembranças tem ainda naturezas frescas.


 

Este festejo do centenário do povo e da comuna do Béu é um cenário muito falso. Esta alienada estratégia tem um objectivo de semear confusões na consciência do nosso povo, sobretudo as crianças. Numa lógica política, não vejo as razoes que dirigentes do governo defendem para autorizar um evento de conotação colonial tomar lugar na mente de um povo que do colonialismo nada beneficiou. Um centenário referente a constituição ou fundação do Béu, mas do que Béu se fala? A realidade não tem cores! O colono chegou e construi um quartel militar para oprimir o nosso povo. Construi-se uma casa do povo, uma casa de administração e uma residência para o chefe do posto. Um posto medico também foi erguido. Os comerciantes privados como Ntuno (Antunes) e um tal chamado senhor Dias construíram lojas e uma serie de 4 ou 5 casa da junta da construção foram construídas. Este é quase a infrastrutura da herança colonial que se celebra hoje como vila ou cidade do Béu. Para quem tem consciência e visão no Béu, que ainda é neste século uma terra intransitável, não há vila nem cidade. Talvez este festejo seja justificação de feito que desde 11 de Novembro 1975 nunca lá se pensou construir algo para este povo. Este pode ser a moeda da corrupção já que não há outras realizações que prova a existência visível ou palpável de um governo ou de um estado livre.


 

A montagem deste centenário é uma vergonha não só para o meu povo do Béu mas para aqueles que tendo direito de decidir, fecharam olhos conjugando com artesanatos do mal para desviar e corromper a consciência de um povo unido. Que este vergonhoso centenário não seja mais festejado no Béu para louvar o colonialismo e o neocolonialismo angolano.



52005_172649222746253_100000035286607_587752_2190131_aso.jpg                                             Administração de Maquela do Zombo



*Makela do Zombo ou Maquela do Zombo. Esta ortografia foi por escolhida como correcta uma vez já se introduziu a letra K no alfabeto português. A palavra Makela em si já não respeite a norma do estrangeirismo.

 


 


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