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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Contactos de Culturas no Congo Português.(21)

Publicado por Muana Damba activado 23 Febrero 2012, 05:04am

Etiquetas: #História do Reino do Kongo

 

 

                                                      CONTACTO DE CULTURAS

                                               NO CONGO PORTUGUES

  ACHEGAS PARA O SEU ESTUDO.


 

Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS. (Administrador da Damba 1945-1953).


Alfredo de Morais Martins.

 

NAS INSTITUIÇÕES ECONÓMICAS

( Vestuário.)

Foi na vida material dos Congueses, como dissemos, que a nossa influência mais marcada e duradouramente se fez sentir. Mas mesmo neste aspecto da cultura não é uniforme o grau da sua incidência. De todas as inovações que neste campo difundimos, foram mais facilmente aceites as que melhor se adaptavam às características culturais existentes e ao condicionalismo imposto pelo meio natural e, sobretudo, aquelas que melhoravam substancialmente as condições de vida.

Foi sem dúvida no vestuário que ela em primeiro lugar se fez sentir.

Além da cor da pele, foi certamente os vestuário de Diogo Cão e dos seus companheiros o que primeiro saltou à vista das gentes ribeirinhas do Zaire. Dos presentes enviados mais tarde pelo nosso rei ao rei do Congo, destacavam-se os tecidos finos, como brocados, veludos, sedas, damascos e tantos outros. Com o inicio das relações comerciais, os tecidos passaram a ocupar lugar importante na mecânica da permuta. No tempo de Pigafetta as classes mais elevadas vestiam-se à maneira portuguesa. Vejamos o que a esse respeito ele diz: “ Mas depois que aquele Reino recebeu a fé cristã, os grandes da Corte começaram de vestir à usança dos Portugueses, trazendo mantos, capas, tabardos de escarlata e de telas de seda, cada qual segundo a sua possibilidade; e na cabeça, chapéus e barretes; e nos pés, alparcas de veludo e de couro e borzeguins à moda portuguesa; com suas largas espadas ao lado; e plebeus, que não podem fazer seus trajos à moda dos Portugueses, guardam o antigo costume. As mulheres também andam à portuguesa, excepto que não têm o manto, mas na cabeça véus, e, sobre eles uma carapuça de veludo negro, arraiado de jóias, e ao colo muitos colares de ouro; contudo as pobres ao modo antigo, porque as damas da Corte se ataviam à feição sobredita”

Em diversos passos da citada História do Reino do Congo ( Bibl. Vaticano) são feitas referencias a trajos à portuguesas, usados tanto pelo rei e pela rainha como pelo seus principais súbditos , observando-se, no entanto, que eles só eram utilizados em público e em que todas as outras ocasiões se vestiam também. No remanso dos seus povos ou em ocupações no mato, o Conguês dos nossos dias, que, para as festas e idas aos centros administrativos ou comerciais, se aperalta com fatos europeus, prefere
o pano tradicional que lhe dá maior liberdade de movimentos e é mais adequado às condições ecológicas.

Cavazzi também dedica algumas páginas à descrição do vestuário do rei e das classes mais elevadas, da qual ressalta a influência europeia que neles se operava tanto nos feitios como nos tecidos, e também à do comum da população, que continuava a usar os trajos tradicionais de tecidos de fibras de palmeira, de mabelas.

Devemos atentar nas condições económicas em que vivia aquase totalidade da população e relaciona-las com os preços elevados que os tecidos, nessas recuadas épocas, deviam atingir no Congo. Não nos esqueçamos de que os tecidos de algodão, os mais adaptáveis ao clima local, só no século XIX começaram a ser produzidos em abundância e a baixos preços. É de concluir, portanto, que a influência portuguesa no vestuário das gentes do Congo se limitou durante séculos às classes elevadas e que
só passou a ser marcante após a ocupação efectiva, a partir do final do século XIX. Os tecidos europeus por nós introduzidos passaram a substituir cada vez mais as mabelas e hoje constituem a matéria-prima do vestuário da totalidade da população. Só no Cuango se fabricam ainda mabelas, que agora se destinam sobretudo a embalagens, a enxergas e outros fins, mas não à confecção de vestuário.

Os homens desde há muito passaram a usar peças de vestuário à nossa moda e até calçado, mas as mulheres, se bem que tenham adoptado os tecidos europeus adaptaram-nos aos seus trajes tradicionais. Quanto ao feitio do vestuário feminino, nota-se a introdução de blusas, os conhecidos quimonos sem mangas e muito decotados, deixando um dos ombros a descoberto. Os largos panos enrolados às ancas e pernas é que ainda não foram destronados pelas saias. Até neste pormenor se nota a padronização imposta pelo meio. Actualmente já usam também vestidos exportados para a África pelos negociantes de roupa usada de todo o mundo e nomeadamente da América do Norte. Porém nos povos e, sobretudo, nos trabalhos agrícolas , a única peça de vestuário usada é ainda o “paku”, pequena tanga que mal tapa as partes pudendas e deixa a descoberto grande parte de uma das ancas…”

Continua ( Agricultura)…

 

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