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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


FRAGMENTOS HISTÓRICOS DA DAMBA 25.

Publicado por Nkemo Sabay activado 14 Septiembre 2010, 12:56pm

Etiquetas: #Fragmentos históricos da Damba

VIAGEM AO BEMBE E DAMBA
Setembro a Outubro de 1912
In- NO CONGO PORTUGUÊS
Relatório do Governador do distrito, primeiro tenente
de marinha, José Cardoso
Cabinda ,1913”

    

12f8

 

CIVILIZAÇÃO DO INDÍGENA ( COLONIZAÇÃO )

  

  

   “ Seguindo a corrente das outras nações coloniais, temos considerado e admitido, como elemento principal da educação do indígena, a instrução que lhe facultamos nas escolas do Governo e a que consentimos que lhe seja ministrada nos estabelecimentos de ensino religioso, pelo intermédio dos missionários de diferentes credos.

 A acção isolada destes estabelecimentos manifesta-se principalmente pelo desenvolvimento apressado, e certamente antecipado, da inteligência do nativo, fazendo brotar-lhe no espírito a noção do individualismo para o qual se não encontra preparado nem tem preparado o meio onde há-de viver .


 Na educação do indígena proveniente do ensino religioso, fornecido pelas missões, agrava-se ainda mais a tendência para o individualismo criado pelo ensino laico, porque, em regra, elas procuram influir no espírito do indígena, compenetrando-o de que acima de tudo deve recear o castigo futuro das suas faltas e pecados, que constituem graves ofensas à religião, e, desse sistema encaminhar o seu carácter, salientando-lhe, pela forma menos racional e a mais imperfeita, o sentido que devem ter do que seja a responsabilidade pessoal.


 Sobreleva-se, porém, a todos os vícios de educação os que derivam do exercício e influência da actividade comercial, das necessidades da industria e da agricultura, onde o indígena vem pôr-se num contacto mais íntimo e prolongado com os europeus, e nem sempre com aqueles que possuem as melhores recomendações como elementos educadores, como factores de correcção do meio pelo exemplo de severidade  dos costumes, pela sobriedade das paixões e pelo escolhido dos sentimentos.


 A compressão de grandes grupos de indígenas atraídos das regiões mais remotas, pela procura de braços, para os centros de actividade civilizada, contribui, ainda mais poderosamente do que os factores apontados para modificar o espírito do indígena, no qual pouco a pouco se desenraízam os seus princípios de moral cafreal, separando-o das suas tradições, sem que em câmbio adquira qualquer coisa que se lhe substitua com vantagem o perde gratuitament.


 Mas ainda de entre estes três elementos de acção sobre a civilização cafreal – o comércio, a industria e a agricultura – é o comércio que mais importância assume e que mais cuidadosamente convêm considerar, porque de todos eles é o que mais influência exerce, e exercerá, por isso mesmo que actua sobre um maior número de indivíduos do que a escola ou a missão, sobrelevando-se também à agricultura e à industria , porque a sua influência é exercida sob um aspecto de ampla liberdade  que o torna atraente para o gentio, irresistível às tentações da compra dos produtos de deslumbramento cafreal.


 Enquanto a escola, a missão, a oficina, e a roça têm para os indígenas um aspecto repulsivo, pelo contraste com a vida livre e ociosa que lhes decorre da savana, o comércio – esse poderoso meio de progresso e ultra-aperfeiçoado produto da civilização – influi por tal forma no animo dos indígenas, que os leva aos maiores sacrifícios, ao trabalho e às mais longas e arriscadas viagens, para irem procurar nos confins do continente, onde quer que se encontre, o objecto que lhes satisfaça as suas inclinações viciosas ou os seus requintes de luxo primitivo, o que, não obstante a experiência lhes provar quanto é efémera a satisfação dos seus desejos, pela péssima qualidade do artigo que adquirem, estão prontos a recomeçar, refazendo todo o trabalho e repetindo as peníveis viagens a que são obrigados, para tornar a sentir a fugidia sensação de gozo produzida pela aquisição de bugigangas com que satisfaçam os seus apetites infantis”

 

                                                 Em colaboração com ARTUR MÉNDES.


 

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