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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


FRAGMENTOS HISTÓRICOS DA DAMBA 20.

Publicado por Muana Damba activado 24 Agosto 2010, 12:25pm

Etiquetas: #Fragmentos históricos da Damba

 

 

VIAGEM AO BEMBE E DAMBA. Setembro a Outubro de 1912


In- NO CONGO PORTUGUÊS- Relatório do Governador do distrito, primeiro tenente de marinha, José Cardoso. Cabinda ,1913”

 

CIVILIZAÇÃO DO INDÍGENA ( COLONIZAÇÃO )


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“Consideramos, portanto, os nossos métodos de ensino metropolitano como sendo os mais apropriados para fazer progredir o indígena, e sobre ele moldamos as instituições de instrução das nossas colónias, animados pelo acolhimento que elas encontram no indígena semi-civilizado, o qual se ajeita a elas imperfeitamente, adoptando impropriamente o nosso modo de ver, começando desde já a ressentir-se das misérias sociais que nos afligem, crendo que as sofrem por não poderem, por nossa culpa, por completo atingir o destino que nos procurámos, e que reputam o melhor, quando é ncerto que elas provêem de terem já absorvido muitos defeitos dos nossos sistemas, agravados pela imperfeita assimilação de um regime que não se coaduna com o meio,que dificilmente se adapta ao homem da savana, e que por forma alguma corresponde a qualquer das necessidades regionais, que profundamente se distinguem das que na Europa originaram os sistemas que pretendemos implantar aqui.

Antes que pretendamos operar uma transformação de costumes, temos de ponderar cuidadosamente no facto de que as acções dos homens, que em época determinada caracterizam o regime social atingido pelo grupo que se considera e que representa o grau de perfeição conquistada por ele, estão numa inteira e íntima dependência dos sentimentos, instintos, hábitos, e crenças desses homens, inveterados pela acção dos tempos, transmitidos pela hereditariedade, fortemente consubstanciados pela tradição e pela resultante das multíplices combinações dos elementos citados, num substrato psicológico, que só muito lentamente pode ser alterado, pela tendência natural de adaptação ao meio, inerente a todos os seres vivos, e que constitui no principal factor da evolução, quer ela seja progressiva quer seja regressiva.

Com efeito, é universalmente reconhecido, como um facto, que as características psicológicas de uma raça mão são susceptíveis de modificação efectuando-se esta todavia o decorrer dos séculos, pela persistência de fenómenos capazes de produzir alterações de natureza estrutural.

Por forma alguma é intento meu sustentar que seja nula, sob o ponto de vista da correcção dos costumes, a influência que pode exercer-se nos meios cafreais pela importação de instituições alheias mais perfeitas. O que quero negar é que se considere,como principal causa da modificação aludida, o exercício por parte dos nativos de uma faculdade de livre arbítrio que permita ao indígena uma escolha consciente do melhor caminho a seguir o do melhor sistema a adoptar.”

É certo que podemos e devemos mesmo modificar a direcção segundo a qual se efectuaria a evolução social dos meios cafreais, se os abandonássemos aos seus recursos e elementos próprios de progresso. Devemos, todavia, ao interferir nessa função da vida gentílica, cingir-nos quanto possível aos meios de actuar e aos métodos naturais, acomodados à índole dos povos sobre que pretendemos influir e para onde pretendemos importar princípios que desejamos sejam definitivamente abraçados por eles.

(…) Com efeito, a civilização – o fim comum de todos esses esforços de aperfeiçoamento da vida gentílica -- depende estreitamente da estrutura social de uma comunidade e nunca do facto de podermos incutir um certo grau de educação e de perfeição moral isoladamente a cada um dos seus membros, ou, como seria possível, no caso mais geral, a um limitado número deles, por isso que por esta forma nunca efectuar profundamente o carácter estrutural da sociedade a que pertencem.

Quer isto dizer que há que actuar por processos lentos que nos permitam exercer uma influência segura sobre os princípios, hábitos e costumes cafreais ,se quisermos retirar resultados efectivos do trabalho realizado na intenção de civilizar, procurando sempre encontrar no conjunto de caracteres distintivos de um povo o seu coeficiente progressivo, o qual, convenientemente aplicado, lhe proporcionará a transição natural para um estado geral mais perfeito, pela forma gradual e sucessiva, a única compatível com o os processos da natureza, da qual esses agrupamentos humanos se acham ainda muito pouco diferenciados.”

 

 

                                                                         TEXTO ENVIADO POR ARTUR MÉNDES.

 

 


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