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Portal da Damba e da História do Kongo

Portal da Damba e da História do Kongo

Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Fontes Orais consultadas.

Publicado por Muana Damba activado 17 Septiembre 2012, 04:13am

Etiquetas: #História do Reino do Kongo

 

 

Por Patrício Cipriano Mampuya Batsikama


 

Batsikama

 

 

Fontes do Norte: Vatûnga Miguel (1918-2009) e a sua esposa Molley Julieta (1925-) faziam-nos repetir: “Ntûmb’a Mvêmba esikulu dyanene waku-lumukini Nzâmbi”. O primeiro é de Kibokolo, na missão. A segunda é de lusengele, e estudou na missão de Kibokolo e foi concluir o liceu em Mbânza-Kôngo (assim era o sistema colonial). Esta última confiou-nos, em 1996, algumas anotações do seu pai Pedro Vicente Sadi99, anotações em Kikôngo que relatavam as relações que a Missão de Kibokolo mantinha junto com as populações. Nessas anotações há histórias pessoais, assim como as preparações de catecismo (anedotas que iriam servir de exemplo). Também, encontramos entre “Sadi legacy” o livro de Jean Cuvelier da edição de 1974. Assinalamos passando que Pedro Sadi foi um dos professores de Simão toko100. Nesta lista consta Ernestina Bumputu (1927-), uma verdadeira depositária da tradição de toda região de Manyânga e de toda região de Mbôma (que vai de Nsôyo actual até Batêke do Gabão). Ela foi a nossa primeira “iniciadora” Nsôngi (ou Masôngi). Mas por ser “mulher”, indicou-nos o seu irmão, avó Georges (1919-) para perfazer a iniciação. As orientações deste levaram-nos a percorrer quase
toda região de Mbôma, sob pretexto de fazer negócio. Foi durante esta experiência (1993-1995) que compreendemos que Mbôma terá sido um Kinkâyi que se terá imortalizado com o termo “Ñzâdi’a Kôngo” (ver o terceiro capítulo do livro I).

 

Os poucos membros da linhagem Masola ma Nsi101 se consideravam
como Mbôma e são chamados ao mesmo tempo Solongo. Encontrámo-los também em Cabînda em 1994, nomeadamente: Albert Mvoungou (1937-?), Tsyoula Ndoualou (Edouard: 1933-2004)… que passaram a ser os nossos informantes, uma vez que o primeiro pertencia a luvila de M’laza Mi Kwôo (Kôngo) e o segundo se dizia Mukaba. Fomos (sendo de Ntûmb’a Mvêmba) conside- rado como ngwa ñkazi (tio materno) para o primeiro mas na verdade fomos mwâna (filho) se consideramos as “prosódias” dos relatos das nossas linhagens, e para o primeiro fomos mpângi, e é justo uma vez que, escreve Jean Cuvelier, “Makaba e Mvêmba são filhos que se sucederam”. também compreendemos que Masîlu ma Nsi seria a linhagem Nsôyo dya Nsi depois de confrontar o seu relato com as recolhas da lANA (fundação do Nsôyo).

 

As nossas viagens frequentes ao município de Nsîmba (província do Zaïre) tinham como interesse de recolher os possíveis relatos sobre a luvila de Nsîmba Vita, o que possibilitou aquisição de alguns relatos que se encontram no livro de Jean Cuvelier. As similitudes desses relatos teriam sido possibilitadas pelo facto das populações que Pedro Boka e o bispo Cuvelier tinham entrevistado pertencerem a um mesmo bloco (Kimbuku?). um documento escrito datado do século XVIII confirma isso103 quando menciona os Solongo (do Nsôyo) nas terras setentrionais de província de Cabinda. Convém voltar a dizer que Masîlu ma Nsi (ou tsyîla dya nsi que é apenas uma variante) é localizável à luwôzi (Manyânga) tanto no Nsôyo ou em Matadi. Há uma necessidade de recolher o mais possível numero de zimvila e seus ndumbululu para sistematizá-los e tirar desse exercício teorias. No fim desta lista temos Luzâyamo Kelo Sebastião (1942-) e, sobretudo, Mpêmba Maria (-2003).


Fontes do Centro: Em luanda: Funda no município de Cacuaco e Viana no município de Kilamba Kiaxi foram os pontos muitos frutíferos para recolha nos anos 1996-1998 antes da actual urbanização que além de eliminar testemunhos (casas) terá destinado aos desconhecidos lugares os informantes Kimbûndu, Kôngo e umbûndu que ainda viviam nesses lugares. À Catete, as populações Kimbûndu, que nesses tempos viviam, tinham em comum duas características: (1) muitos falavam kimbûndu tipicamente
aportuguesado e aqueles que falavam “kimbûndu não-aportuguesado” eram origem de Keswa, de Santa Maria ou Kasânda mas geralmente das vizinhanças de Mpûngu’a Ndôngo; (2) quase todos eles podiam apenas focar os “mitos” que se foram confeccionados a volta dos conflitos da resistência fazendo ora de Njinga Mbande uma grande heroína ou fazendo Ngola Kilwângi do herói libertador, ora ainda de Kilâmba Kyaxi (Agostinho Neto).


Felizmente, as velhas histórias contadas em termos de contos não fogem a textura de vários outros contos das fontes do Sul/Este além de serem confirmadas largamente com as escritas. Nessas fontes, a minha esposa, Conceição Bumba Matâmba, filha do Soba Diva/Kasânda (Malange), foi para mim um
suporte considerável por fornecer não só as suas versões aportuguesadas, mas traduzir connosco algumas frases dos contos (em kimbûndu). Citamos também Makangu André de Nambwa Ngôngo que nos foi útil em vários aspectos. Convém assinalar também, na Funda, a existência dos umbûndu oriundos de Huambo e Bié (Viyé) que foram contactados em 2003: Domingos Kanyôngo (64 anos de idade), José Ndalambela (57 anos de idade), Moi- sés Sawônga (63 anos de idade?). é com eles que buscamos compreensão em algumas fontes do Sul/Este que fazem parte deste trabalho. Entre vários
outros entrevistados, estes são autores de “relatos com cânones” típicos de que apresentamos a estrutura atrás.


Fontes do Sul/Este: nessas zonas, optamos por entrevistas aos sobas ou pessoas mais ligadas a estes últimos, por várias razões, entre outras: (1) só o poder tradicional parecia narrar suas histórias com responsabilidade; (2) o uso da sabedoria é frequente no ondjângo, onde o sobado mostra a sua retórica e conhecimentos adquiridos dos seus ancestrais. Consideramos ambas vias. Eis
alguns dos nomes, locais e períodos das nossas recolha que registamos:

 

AAAAAa


Na verdade, perdemos muitas informações sobre as recolhas104, embora já na altura da redacção aproveitamos as informações directamente ligados ao nosso tema105. Salvo Kaluvûndu Pedro que temos a certeza que de estaria ainda vivo106, desconhecemos completamente o destino do resto. O Soba Okeya assim como o Soba Sakayala Mwali107 eram idosos naquele tempo dos nossos contactos de maneira que, não voltamos a vê-los em 2004/2005 nas nossas visitas ocasionais às suas aldeias. Naquela altura o sobado em Angola tinha-se tornado um interesse politicamente cobiçado, de maneira que pouco arriscava de nos fornecer informações das possíveis localizações dos (outros) narradores (quer vivos ou quer mortos).


Ainda em 2006-2008 viajamos nessas províncias proferindo palestras nas universidades, mas sem sucesso de saber os seus paradeiros.

 

 

 

Extratos do livro: " A origem do Reino do Kongo " editado por:


Mayamba Editora
Rua 3 – n.º 231 – Nova Vida
luanda-Sul Angola
Caixa Postal n.º 3462 – luanda
E-mail: mayambaeditora@yahoo.com

 


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