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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


A SAGA GLORIOSA DO BAT.CAÇ. 141.(3)

Publicado por Muana Damba activado 15 Noviembre 2011, 17:40pm

Etiquetas: #Fragmentos históricos da Damba

 

Por Albertino Almeida

 

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O Batalhão permaneceu ainda alguns dias em Luanda para um primeiro contacto directo com o ambiente emocional alterado que aí se vivia servindo-lhe desse modo como prelúdio das circunstâncias e novas realidades com que previsivelmente iria defrontar-se a seguir.

 

Realizou nessa altura, em colaboração com a Polícia Militar, uma rusga nocturna aos musseques da orla da cidade, e ao longo de cinco dias foi circulando mais ou menos livremente e à vontade, por lugares públicos, observando e percebendo que pairavam no ar e nas ruas medos e expectativas de acontecimentos indecifráveis, que estariam para vir, mas que ninguém se aventurava a interpretar como de realização segura ou iminente. Quando interpeladas a tal respeito, havia pessoas que reportavam sinais relacionados com o mutismo observado no pessoal dos serviços, nas praças de abastecimentos, nas docas do porto, etc. aonde, aliás, era evidente a rarefacção de trabalhadores da estivagem que se ia verificando e crescendo, de dia para dia, por abandono sem justificação da causa.

 

E é então aí que verdadeiramente começa a saga histórica do Batalhão de Caçadores N.º141 que cumpriu em Angola, na região Norte, uma comissão militar de serviço à Pátria por cerca de trinta meses!
Saiu de Luanda rumo ao Cuanza Norte a sete de Julho de 1961, por volta das sete horas da manhã, e desde então, até ao fim da sua missão, em princípios de Outubro de 1963, foi uma unidade militar de intervenção directa nos acontecimentos históricos que tiveram lugar na vasta região que ocupou desde o Negage à serra da Canda e Maquela do Zombo, e respectivas fronteiras a norte com a República do Congo (depois Zaire e de novo Congo).

 

A ponte no Nkama Ntambu.

                  A ponte sobre o rio Nzadi no Camatambo


Nesse território, além da acção estritamente militar teve oportunidade de praticar e aplicar a fundo actos e virtudes de grande significado moral e cívico que marcaram inesquecivelmente a sua presença entre povos dessa região com que se envolveu e prendeu por laços de humanidade e amizade que ainda hoje se manifestam e subsistem. A exortação bélica à guerra impiedosa e sem contemplações que o salazarento general do regime que nos embarcou nos fizera à partida de Lisboa, o Bat.Caç.141 soube transformá-la em mensagem de humana fraternidade e de respeito com que presentemente continuamos a querer lançar pontes que sirvam os povos das duas margens dos rios sobre os quais as vamos construindo, mantendo assim vivo e imorredoiro o mesmo espírito presente nas pontes do Camatambo e do Grande rio N´Nzadi e outros afluentes e subafluentes do mítico rio Zaire em cuja foz «Diogo Cão, navegador e escudeiro da casa de el Rey Dõ Joam segundo de Portugal» deixou no padrão que ali colocou gravada a ordem pela qual este «mui alto e mui eicel~ete príncipe» lhe mandara descobrir essa terra e «poer estes padrões».

 

Esses «terroristas e bandidos que o dito General especificara não estavam lá, nem em parte nenhuma por onde decorreu a missão que nos coube realizar, pois por aí só havia o medo, a extrema miséria e o abandono, a fome e a doença, a violência de dois gumes, a retalhar populações em fuga, desorientadas e em pânico, ou escondidas nas matas. Mas destes outros aspectos da nossa intervenção nos ocuparemos mais adiante, transcrevendo por agora aqui a sim e austera cronologia sumariada dos passos que constituíram a árdua caminhada do Batalhão e das acções executadas.

 

 

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