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19 Aug

WYZA,a estrela montante da música Angolana.

Publicado por Nkemo Sabay  - Etiquetas:  #Música

                                   wyza

 

A crítica musical considera-o como um dos mais representativos artistas da moderna música angolana, sobretudo no que diz respeito a uma música cuja origem e preocupação estética assentam sobre uma base identitária ligada à raiz africana.

O que provavelmente lhe vem dando maior responsabilidade para lidar com uma manifestação artística que diz ter começado a desenvolver ainda no princípio da década de 90, tendo feito a sua primeira aparição pública no festival “Brilha o Sol”, organizado pela professora Rosa Roque.

Serão por estes e por outros vários motivos que Wyza procura manter-se firme num caminho no qual se sente motivado para continuar a trilhar, através de um estilo único que lhe é peculiar, sem perder de vista a ideia de uma certa musicalidade resultante de investigações que vem fazendo, sobretudo, a nível dos ritmos oriundos do norte de África.

 

A PAIXÃO PELAS LÍNGUAS

A língua kikongo acaba por ser um dos elementos identitários da sua música, sobretudo quando aliada a outras nuances rítmicas do continente, que o músico Wyza reconhece como sendo parte de integrante de um universo cultural no qual se sente inserido. “A minha grande paixão sempre foram as línguas, tanto é que há dois ou três anos comecei a investigar sobre o bâmbara do Mali, fula, mandinga, ritmos oriundos da zona da África do norte.

Com isso vou-me encontrando, fazendo com que mais gente possa compreender a minha mensagem”, diz o músico, que define a língua como um veículo de entendimento para que os homens percebam o fio de pensamento de cada povo. “Talvez nos próximos trabalhos venha a cantar também em inglês ou francês, como já aconteceu com o francês no álbum África Yaya, mas serão pequenos extractos”.  

 

A MUSICALIDADE AFRICANA  

A pesquisa de Wyza vai para além do simples apreciar da música ou da criatividade imaginativa. É acima de tudo o narrar de uma série de histórias baseadas numa realidade que pode ser sua, como de alguém que lhe dê a viver. “Todos os temas são escritos por mim. São as influências que eu tenho vivido, coisas que me foram transmitidas por amigos, ou pessoas próximas. E acho que as investigações não vão parar enquanto eu estiver vivo e fôr cantor.

Eu pesquiso as línguas, a musicalidade de África, e como pulsam os ritmos africanos”, afirma com agrado Wyza. Nesse sentido, surge então uma constatação que tem funcionado como um factor impulsionador: “O nosso instrumento característico africano é o batuque, que nos dá ritmo e pulsação. E quase tudo que nós tocamos pulsa no batuque, no teclado ou mesmo na guitarra, acabam por ter um andamento semelhante à pulsação do batuque. Nós, os africanos, somos mais percussionistas”.

 

de ÁFRICA PARA O MUNDO

Apesar de olhar para a musicalidade africana como um dos mais importantes elementos da sua carreira musical actualmente, Wyza pensa que a sua criação não se resume ao espaço do continente berço. “A minha abordagem é muito mais envolvente a respeito do mundo inteiro, porque a única coisa que eu limito é a musicalidade africana, porque quando faço a minha música não penso simplesmente em África, penso no mundo inteiro. Penso no veículo que eu tenho para criar, tendo a cara africana para eu levar ao mundo inteiro. Portanto, sou eu África para o mundo inteiro. Não me limito a fazer pesquisas em África para ser africano, porque nós não somos harmónicos ou melódicos, somos percussivos”, diz o artista.

Após um começo de carreira um pouco condenado ao silêncio, com uma passagem menos brilhante pelo “Agrupamento Vozes Negras”, onde militou igualmente com vários outros artistas, nomeadamente Vando, Tavinho, Miler, Dila, Nino e Pirika (este último com o qual confessa ter aprendido importantes lições de guitarra), Wyza sai do anonimato com Kintsona (“solidão”, em língua kikongo). Considera-o o seu primeiro filho. O álbum que o vai transformar no artista que é conhecido hoje e que ao mesmo lhe deu o nome de Wyza (“vem”, em kikongo). “As pessoas dizem que eu sou muito preservador da cultura africana ou da cultura bakongo. Há muita coisa que podia ajudar o mundo a desenvolver-se, por este motivo é que acho que se devia apelar ao amor ao próximo.

Porque se houvesse mais amor ao próximo não haveria guerra no mundo”, assim afirma Wyza, respondendo ao conteúdo, de modo geral, das suas composições. “O África Yaya (África Mãe) entra mais para a raiz propriamente africana”, considera o artista, por envolver ritmos como bâmbara e outras nuances rítmicas do norte de África. “Este álbum acaba por demonstrar que houve algumas barreiras que tiveram de ser ultrapassadas, para que eu tivesse que desenvolver a minha própria musicalidade. O álbum Kintsona, que foi produzido por João Alexandre, tinha até Zouk, ao passo que o África Yaya já evolui para a world music. Houve uma evolução muito grande. O Bakongo surge em homenagem à minha região, que é a região dos kicongo. Se eu fosse kimbundu seria a mesma coisa. No fundo, gosto é das línguas africanas”.  

 

A MAIANGA PRODUÇÕES  

Hoje quando se fala de Wyza alia-se o seu nome a Maianga Produções, seu local de trabalho e o seu trampolim para o auge de uma carreira individual. Foi com Sérgio Guerra, hoje seu empresário, o proprietário da Maianga Produções, que Wyza chega à ribalta e pisa os palcos internacionais que até hoje conhece. O cantor participou de todo o processo de formação da produtora. Começa como assistente de som e dá-se nesse altura também o começo afectivo de uma carreira artística. Sérgio Guerra faz chegar aos vários festivais do mundo os discos de Wyza, o que veio a resultar em sucessivos convites para shows em alguns países como Portugal, Espanha, Bélgica, França, Ilhas Canárias, Brasil e Japão.  

 

PRIMEIRO SHOW EM ANGOLA

Em véspera de rumar para Portugal, onde deverá apresentar-se individualmente mais uma vez, Wyza prepara o seu próximo trabalho discográfico, estando neste momento na fase e composição das canções e ainda à procura das sonoridades que se adeqúem à sua musicalidade. Mas por ora todas as suas energias estão voltadas para a sua primeira aparição individual em Angola, num show em que aparece, pela primeira vez, a solo, a ter lugar no palco do Cine Nacional Teatro, na Chá de Caxinde, na primeira quinzena de Maio. O concerto resulta de uma parceria entre o Movimento X, a Maianga Produções e editora Terra. “Acredito que terão o Wyza de sempre. Com a mesma entrega de corpo e alma, pois o meu público merece. Vou tocar com uma banda, mas haverá momentos em que tocarei sozinho, porque eu me encontro muito mais sozinho, eu e a minha guitarra e o microfone. Estarei com alguns amigos como o Paulo Flores, a quem muito devo. O Jack Kanga, o Dodó Miranda e outros”.

Eu pesquiso as línguas, 
a musicalidade de África, e como pulsam os ritmos africanos.

Não me limito a fazer pesquisas em África para ser africano, porque nós não somos harmónicos ou melódicos, somos percussivos.

 

                                         Perfil

Nome: João Sildes Bunga “Wyza” (“vem”, em kikongo)
Data de nascimento: 
27 de Agosto
Local de nascimento: Uíge
Estado civil: Solteiro 
(vive maritalmente)
Filhos: um (Kendy, “vai”, 
em língua kikongo)
O que gosta de comer: Funji
O que ouve: Boa música
O que lê: De tudo um pouco, desde romances a obras científicas
Filme: Pacto Com os Lobos (filme francês)
Personalidade: Jesus, Che Guevara, Bob Marley e Michael Jackson (enquanto músico)
Citação: A música é um compromisso com a vida 
e não com os homens, porque se fosse o contrário já teria mudado de estilo.

 

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