Vida ganha alento na comuna do Nkusso Pete
Por António Capitão e Mavitidi Mulaza (imagens)
A viagem do Uíge à comuna do Nkusso Pete, município da Damba, numa extensão de mais de 280 quilómetros, começa cómoda e rápida até à aldeia Soba Nanga, onde termina o asfalto.
A partir daí, devido às obras de reabilitação da estrada, a poeira impede que as viaturas circulem a uma velocidade superior a 70 quilómetros por hora. O governador Paulo Pombolo visitou a localidade no último sábado.
Imagem de Mavitidi Mulza
A 35 quilómetros da sede comunal do Nkusso Pete, a viagem torna-se desconfortante devido aos buracos e à lama na via. Ainda assim, a população não esconde a satisfação por ver um comboio de
viaturas que transporta os dirigentes da província, em viagem de constatação da situação socioeconómica, política e cultural na região. “As comunas do Uíge não têm infra-estruturas. A luta
contra o colonialismo e o conflito armado que durou perto de três décadas contribuíram para a destruição das poucas que existiam. O Executivo angolano está agora empenhado na reconstrução
destas localidades, em particular a do Nkusso Pete, para melhorar as condições de vida dos seus habitantes e funcionários”, afirmou o governador do Uíge.
Saúde e educação
Em Nkusso Pete, foram construídos dois postos de saúde, um na sede comunal e outro na regedoria de Makanda, mas a comuna, com mais de oito mil habitantes, possui apenas dois enfermeiros.
O responsável pelos serviços de saúde naquela localidade disse que, devido ao número de habitantes, são necessários, pelo menos, mais 10 enfermeiros e um médico de clínica geral, além de um centro de saúde.
Massokola Almeida disse que existem nos dois postos de saúde medicamentos para acudir as doenças mais correntes, como a malária e as diarreias agudas. Os pacientes com patologias complicadas
são encaminhados para o Hospital Provincial do Uíge.
O sector da Educação em Nkusso Pete enfrenta muitas dificuldades. Há falta de escolas e professores. O responsável pela área de Educação de Nkusso Pete, Kialanda Panzo, disse a comuna tem
oito escolas e com16 professores. No presente ano lectivo, foram matriculados mais de 800 alunos da iniciação à 6ª classe.
Para o normal funcionamento do sector, são necessários mais 35 professores, assim como duas escolas para o primeiro ciclo na sede comunal e na regedoria de Makanda. Muitos alunos que concluem
a 6ª classe abandonam a comuna para darem continuidade aos estudos na vila da Damba.
Energia e água
A comuna do Nkusso Pete nunca teve energia eléctrica. No âmbito dos projectos do Gabinete Técnico de Gestão para os Projectos de Investimentos Públicos do Uíge, foram colocados cerca de 40
postos de iluminação pública que funcionam com energia solar. Paulo Pombolo garantiu que a falta de energia eléctrica na vila do Nkusso Pete vai ser solucionada nos próximos dias com a
aquisição e instalação de um gerador potente para a central térmica e a reabilitação da rede de iluminação pública.
O governador do Uíge inaugurou no Nkusso Pete o sistema de captação, tratamento e distribuição de água que vai beneficiar mais de mil pessoas. O projecto foi construído em quarto meses.
“Embora ainda falte muita coisa, a construção deste sistema de captação, tratamento e distribuição de água é a prova de que o Governo Provincial está atento às dificuldades da população”,
disse.
Reabilitação da estrada
A reabilitação da estrada que liga a vila da Damba à comuna do Nkusso Pete, intransitável há cerca de duas décadas, começou no ano passado. Após a desmatação e alargamento da via, ao longo
dos seus 85 quilómetros, começou a terraplanagem, que já tingiu cerca de 50 quilómetros.
Embora a obra não esteja ainda concluída, são notórios os benefícios que dela advêm, pois já que é possível ir da Damba à vila de Nkusso Pete em cerca de duas horas. Paulo Pombolo lamentou a
morosidade que se regista nos trabalhos e garantiu que vai convocar o empreiteiro no sentido de dar maior celeridade à empreitada.
“O empreiteiro tem alegado que as chuvas constantes que caiem na região têm dificultado a execução dos trabalhos. Começou o Cacimbo e esperamos que antes do fim deste período as obras de
reabilitação estejam concluídas”, disse.
Com a reabilitação da estrada, frisou, os camponeses vão ter mais facilidades para escoar os seus produtos, os comerciantes para levarem até à região bens diversos e o Governo para construir
mais infra-estruturas sociais, disse o governador.
“A partir de agora, temos esperança que os próximos tempos vão ser melhores, vamos ver melhoradas as nossas condições de vida e garantirmos um futuro melhor para os nossos filhos e netos”,
afirmou.
No Nkusso Pete, Paulo Pombolo entregou ao administrador local uma viatura todo-o-terreno e uma ambulância, além de bens alimentares, produtos de higiene, roupa usada, electrodomésticos,
imputes agrícolas, equipamentos desportivos e bicicletas.
Agricultura
A comuna do Nkusso Pete já foi a maior produtora de feijão, gergelim, ginguba, mandioca e abóbora até 1992. A extensa baixa de Madimba, com solos aráveis e clima apropriado para o cultivo
destes produtos, fazia dos habitantes desta localidade exímios agricultores que não produziam apenas para o auto-sustento, mas também para comercialização.
Por falta de incentivos e dificuldades para escoar os seus produtos devido ao mau estado da estrada, os agricultores de Nkusso Pete apostaram em outras actividades. O comércio informal e
ambulatório serviu de tábua de salvação.
Paulo Pombolo lamentou o facto de a comuna deixar de ser a maior potência agrícola do município da Damba.
Prometeu negociar com os bancos comerciais representados na província para que, no arranque da segunda fase do programa “Crédito de Campanha Agrícola”, os camponeses ou associações de
camponeses daquela comuna beneficiem de financiamentos. “A comuna do Nkusso Pete foi sempre distinguida como a maior produtora de ginguba, feijão e mandioca. Hoje, os níveis de produção
baixaram. Os mais velhos reclamam da falta de instrumentos agrícolas e sementes. O Executivo criou o programa que financia dos agricultores. É nesse programa que vamos incluir os camponeses
locais para que retomem a produção agrícola em grande escala”, concluiu.