Universidade baiana vai ensinar Kimbundo e Kikongo.
Para o efeito foi publicado no Diário Oficial daquele estado, o mais africano do Brasil, no passado dia 11 de maio, um edital que contém a resolução 1315/2011 autorizando a oferta das línguas angolanas Kimbundo e Kikongo, em caráter opcional, como disciplinas da grade dos cursos de graduação daquela universidade. Segundo a UNEB, a iniciativa, inédita entre universidades brasileiras, está em consonância com a Lei federal 10.639/2003, que torna obrigatória a inclusão de temas relacionados à história e cultura afro-brasileiras na rede pública de ensino do país. O assunto foi tratado de 11 a 13 de maio num seminário aberto ao público no auditório da Academia de Letras da Bahia (ALB), em Salvador, a capital baiana, e promovido pelo Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Línguas e Culturas (NGEALC), vinculado à UNEB. Subordinado ao tema Africanias: instalação das línguas angolanas (kimbundo e kikongo) no currículo académico da UNEB, que contou com o apoio da ALB, da Casa de Angola na Bahia e do Grupo Aldeia, o evento visou debater assuntos como o reconhecimento das línguas subsaarianas, o resgate da cultura pela língua falada e a construção da etnicidade. Dele participaram, para além de estudantes, pesquisadores e académicos brasileiros, entre outros, o vice-ministro da Cultura de Angola, Cornélio Caley, o diretor do centro cultural Casa de Angola na Bahia, Camilo Afonso, e os professores da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, Amélia Mingas, Zavone Ntondo e Vatonene Kukanda. O vice-ministro angolano da Cultura considerou o momento histórico para o Brasil e Angola: “Nosso governo recebe com júbilo essa iniciativa da UNEB, que vai unir ainda mais dois povos que foram separados apenas por um capricho da natureza”, disse durante o seminário. Por seu turno, a Professora Yeda Pessoa de Castro, coordenadora do NGEALC e uma das idealizadoras da proposta agora oficializada, lembrou que “os académicos sempre foram resistentes em reconhecer as línguas africanas, que, até pouco tempo, eram consideradas dialetos no sentido mais depreciativo da palavra. Foram 30 anos de muita luta, mas hoje é dia de celebrar essa conquista”, salientou.
Fonte: Uneb (www.uneb.br) |