Um Vice-almirante MUANA DAMBA.
![]() Vice-almirante Pedro Vemba |
A Marinha nunca se vai dissociar da água salgada, porque nós nos encontramos numa zona de maior grau de salinidade e por este facto tem de haver um trabalho aturado de subidas regulares, de retoques regulares no casco das unidades de superfície, enfim um trabalho sem paragem de manutenção ”, daí a necesidade de uma melhor gestão da manutenção .-Defendeu o Chefe da Direcção de Engenharia Naval, Vice-almirante Pedro Vemba.
A Direcção de Engenharia Naval e Infra-Estruturas é o órgão o qual compete realizar as actividades relacionadas com a Engenharia Naval e Infra-Estruturas, nomeadamente nos estudos, projectos e
fiscalização das construções da área naval e civil, conservação, alterações, manutenção, inventários do património imobiliário do Ramo. é neste quadro que, embora sendo nova, temos estado a
participar, contribuindo para o engrandecimento da MGA.
Estando em curso a reedificação das FAA e do Ramo em particular, muitas têm sido as ofertas das empresas versadas em tecnologia naval, no sentido de assinarem contratos com a Marinha angolana
no que tange ao fornecimento de tecnologia e de Formação. O repórter “RM” contactou o Chefe da Direcção de Engenharia Naval para junto deste saber como vão as coisas naquela área, visto que é
uma área chave para a vitalidade do Ramo.
Revista Marinha: Excelência está em curso a reestruturação das FAA e do Ramo
em particular, a pergunta é, como Chefe da Direcção chave nessa vertente qual é a informação que nos pode dar?
VALM. Pedro Vemba: -Como sabem vieram a Angola algumas empresas
Chinesas à luz das conversações tidas durante a visita de Sua Excelência Presidente da República àquele país. Os trabalhos com estas consubstanciaram-se em apresentar os tipos de produtos
fabricados por estas e a intervenção que estas terão uma vez assinados os contratos. Como poderão compreender, está em curso o processo de reedificação das FAA em geral e da MGA em particular.
Este Processo visa fundamentalmente adequar as Forças Armdas para os desafios do futuro. O processo não visa somente a reestruturação, como também o reequipamento e a criação das condições de
trabalho e de habitabilidade de uma forma genérica, ou seja, a construção ou reabilitação das Infra-estruturas a todos os níveis.
RM: - Uma Delegação Chinesa esteve em Luanda e trabalhou com peritos do Ramo,
de que se tratou e em que pé estas se encontram?
KVAM: - Em termos de reequipamento do Ramo, o Grupo Técnico
trabalhou com as referidas empresas e identificou por tipo, a quantidade e qualidade das unidades de superfície para que a Marinha possa cobrir o espaço marítimo e cumprir com as tarefas a si
acometidas. As perspectivas são boas e animadoras porquanto Sua Excelência Comandante-em-Chefe das FAA tem a Marinha como prioridade no processo em curso, tendo em atenção para além da nossa
soberania, os nossos compromissos na Região do Golfo da Guiné entre outros.
RM: - Para finalizar gostaria que sua excelência falasse das suas experiências
na área durante o tempo em que se encontra na Marinha à frente desta importante Direcção.
VALM. PV: - Sabem que a minha formação desde a minha incorporação
nas FAPLA em 1976 esteve sempre virada para a engenharia naval. Depois do 1º curso frequentado em Cuba, leccionei no antigo CIEN (Centro de Instrução de Especialidades Navais) hoje (Escola de
Especialistas Navais (EEN), como Professor Maior de Máquinas. Depois disso, fui chamado para os Serviços Electromecânicos da MGPA a fim de organizar a exploração das unidades de superfície que
tínhamos na altura. Durante esse tempo e apoiados pelos Assessores da ex-URSS, conseguimos manter a operacionalidade de quase todas as Unidades de Superfície.
O segredo de uma boa exploração consiste no cumprimento escrupuloso da manutenção.
Desde que se cumpra com o estipulado no “Regulamento das Inspecções e Revisões Periódicas Preventivas Planificadas”, uma determinada unidade de superfície pode ter mais tempo de vida útil.
Se se recordam do meu artigo sobre a “Gestão de Manutenção” publicado numa das nossas revistas, eu referia-me a isso. Gasta-se muito dinheiro para comprar, por exemplo uma Fragata, formar o
pessoal, etc. Se se cumprirem com as manutenções, haverá uma compensação.
Para se cumprir com as manutenções é preciso que haja dinheiro e que se encontre uma política de disponibilização anual dos valores para que as manutenções sejam um facto. O simples facto de
ter uma unidade de superfície bem pintada, indicia uma manutenção cuidada. A Marinha nunca se vai dissociar da água salgada. Nós encontramo-nos numa zona de maior grau de salinidade e por este
facto tem de haver um trabalho aturado de subidas regulares, de retoques regulares no casco, enfim um trabalho sem paragem de manutenção.
A manutenção em si é um sistema que também depende de outros subsistemas entre os quais existem o subsistema de planeamento de intervenção de manutenção, o subsistema de manutenção planeada, o
subsistema de recolha e processamento de dados e o subsistema de gestão integrada de sobressalentes.
Hoje, vive-se de quotas financeiras mensais que em nada ajudam a resolver os problemas pontuais. As peças sobressalentes de bordo e da base devem estar permanentemente sem rupturas. as tintas
devem ser adquiridas anualmente, as subidas devem realizar-se regularmente.
É nestes elementos que se assegura a vida das unidades de superfície, sem esquecer um elemento fundamental, suporte de todas as manutenções - o Estaleiro Naval.
PERFIL |
Nome: Pedro Vemba
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Fonte: http://www.mga.gv.ao/revistamarinha/edicao17/entrevista.htm