Por António Capitão
Uíge já teve grandes equipas e jogadores de futebol. O Recreativo era o mais rico e nele reinava Miala, um avançado do outro mundo. No Futebol Clube do Uíge brilhavam os “manos” Vitória Pereira. O Milo acabou por ser uma estrela da música. Na defesa mandavam Sardinha e Fonseca. A equipa do Songo deu cartas nas anos 50.
O Negage tinha o “Desportivo” do tempo dos grandes Faria, Barros, os manos Rocha ou o guarda-redes Santiago. Depois o clube reforçou-se com grandes jogadores em Portugal e mandou no futebol angolano. São desse período de ouro, Garcia, Ferrão, Conde Pinho, Muralha, Fernandes, João Pires, Nelo Neves ou o prometedor Macieira.
Os desportistas do Uíge querem regressar aos tempos de glória no futebol e o União Sport Club vai disputar a primeira divisão. A direcção
está apostada em fazer boa figura “custe o que custar”. Mbosso Ndonga, o timoneiro do clube, diz que ainda é cedo para dizer se a equipa vai jogar para o título. Mas avisou os adversários: “temos
um grande técnico, o congolês democrático Moke Adedé”.
O técnico é o novo treinador principal da equipa do União Sport Club do Uíge para a próxima temporada. O anúncio foi feito por Mbosso Ndonga na sala de conferências do Grande Hotel do Uíge, aos
patrocinadores do clube.
Fotografia: JAimagens
Moke Adedé já conduziu os destinos da selecção da RDC, os “Leopardos” e teve também passagem por equipas de referência naquele país, como o Motema Mpembe. Também treinou clubes na Europa. Vai ser apresentado publicamente aos sócios e adeptos nos próximos dias.
Moke Adedé, disse, vai ter como adjunto o treinador angolano Kidumo Pedro que esteve no comando técnico da União Sport Club durante os dois anos que competiu no campeonato da segunda divisão e é
o responsável pela sua ascensão ao Girabola. Existe já um acordo com Fredy Mochi que vai ser o treinador de guarda-redes.
“Tivemos sete propostas de técnicos angolanos e estrangeiros. Avaliamos os custos e o perfil de cada candidato e decidimos optar pelo professor Moke Adedé porque nos apresentou uma proposta
orçamental compatível com os recursos financeiros do clube e porque tem perfil internacional, o que faz dele um bom conhecedor do futebol e com vasta experiência”, disse Mbosso Ndonga.
À procura de patrocinadores
A direcção da União Sport Club, realçou, efectuou vários contactos com jogadores nacionais e estrangeiros influentes que vão dar à equipa um nível técnico apropriado para que jogue em pé de
igualde com todas as equipas que vão competir na próxima temporada do Girabola.
“Os jogadores sondados e contactados disponibilizaram-se a jogar pela equipa. Os recursos financeiros que possuímos não são suficientes para firmarmos contratos dispendiosos. Daí a necessidade de
apoios da classe empresarial, da sociedade civil e de todos os amantes da modalidade na província”, afirmou.
O director provincial da Juventude e Desportos, Júnior Cudimuena, disse que é necessária a mobilização de todos para que a equipa União Sport Club do Uíge faça uma boa participação no Girabola e
consiga contratar bons técnicos e jogadores.
A realização da conferência provincial de patrocinadores da equipa do União Sport Club do Uíge, afirmou, teve como objectivo criar um ambiente de diálogo na sociedade para permitir um consenso
harmonioso através da recolha de opiniões para a solução do problema relacionado com o apoio financeiro à equipa que representa a província do Uíge. Serviu igualmente para mobilizar os
participantes na revitalização para o apoio ao desenvolvimento do desporto na província através de doações por parte de entidades colectivas e singulares para o suporte financeiro do clube.
“A província do Uíge, para continuar a ter uma equipa no maior escalão do futebol nacional, precisa do contributo de todos. A próxima época desportiva vai ser de maior responsabilidade, tendo em
conta que temos de assegurar a participação de uma equipa no Girabola e outras duas na segundona”, disse.
Apoio garantido
A classe empresarial e a sociedade civil responderam de forma positiva ao apelo. Nzolani Pedro, empresário que actua na área do comércio grossista de bens alimentares, prestação de serviços e
construção civil e obras públicas, disse estar aberto a contribuir financeiramente para que o clube tenha uma boa equipa. Pediu transparência e honestidade na gestão dos dinheiros que os
parceiros sociais vão disponibilizar ao clube.
Nzolani Pedro assumiu dar uma contribuição de 300 mil Kwanzas mensalmente: “mas este é o limite mínimo estabelecido. De acordo com a nossa produção podemos contribuir um pouco mais. Até porque já
temos apoiado a equipa desde a sua participação nos campeonatos da segunda divisão. Esperamos apenas mais transparência e honestidade”, disse. Simão Diogo, sócio-gerente da empresa SIDIGACO, e
Afonso Caluege, proprietário da Sociedade Gueia, também se comprometeram em apoiar financeiramente a equipa do Uíge no Girabola.
Não revelaram o valor das suas contribuições mensais e anuais, mas disseram que enquanto houver uma gestão transparente e coerente vão dar parte dos seus lucros à equipa.
Estádio de futebol
Paulo Pombolo anunciou a construção de um novo estádio de futebol na cidade do Uíge no próximo ano. A nova infra-estrutura desportiva, a ser erguida nas imediações da estrada que liga a cidade do
Uíge ao município de Mucaba, vai custar 1,2 mil milhões de kwanzas. Tem capacidade para 20 mil espectadores e vai dar uma outra dinâmica e dignidade ao futebol.
“É um projecto que já foi remetido ao Ministério da Juventude e Desportos em 2012. Mas por algumas inconveniências não foi financiado. Para o próximo ano, temos garantias do senhor ministro
Gonçalves Muandumba que esta infra-estrutura vai fazer parte dos projectos do sector. A província vai passar a ter uma nova e moderna infra-estrutura desportiva”, referiu o governador .
Para garantir a realização dos jogos, o Estádio Municipal 4 de Janeiro foi reabilitado e estão em curso a reabilitação dos campos do Futebol Club do Uíge e do Sporting do Negage para servirem de
campos alternativos. Vai ser igualmente construída a sede do clube e um centro de estágios com campo de treinos da equipa.
Paulo Pombolo defendeu também a necessidade de existência de uma representação da equipa na capital do país, onde deve haver um centro de estágios e hospedagem para assegurar a permanência do
União Sport Club em jogos com equipas da capital. O proprietário da empresa “Banha”, Alberto Monteiro, colocou à disposição da equipa uma das suas infra-estruturas que se situa junto ao Estádio
Nacional 11 de Novembro.
Paulo Pombolo disse que o Governo Provincial, dentro das suas responsabilidades desportivas, vai adquirir um autocarro com a capacidade de 60 lugares para o transporte da equipa para os locais de
jogo e outras duas viaturas para os serviços de apoio.
O presidente do União Sport Club do Uíge anunciou que nos próximos dias vai ser realizada uma assembleia extraordinária para a eleição da nova direcção..
J. A