Uíge aguarda pela reabilitação de 205 quilómetros de estrada
Por Estevão Martins
Alguns dos municípios da província do Uíge continuam a experimentar severas dificuldades, quer na circulação de pessoas e bens, quer no escoamento dos produtos agrícolas do campo para os grandes centros urbanos.
O mais afectado é o município dos Buengas, com forte potencial agrícola, que tem cerca de 69 quilómetros de estada completamente degradados. O facto tem feito com que a maioria da produção
permaneça nos campos e se deteriore por falta de vias para o escoamento das mercadorias.
O município de Kangola vive a mesma situação. Possui 60 quilómetros nas mesmas condições que os Buengas e aguarda a qualquer momento pela intervenção central para a recuperação das suas estradas.
O Milunga está nas mesmas condições que os Buengas e Kangola. Conta com cerca de 36 quilómetros de estrada em avançado estado de degradação, tal como o município do Songo, com 40 quilómetros a
espera de reabilitação.
A estrada que sai do Milunga e liga esta localidade ao Bembe também se encontra em mau estado de conservação, dificultando assim o acesso ao município do Nzento, na província do Zaire. Segundo o
governador, Paulo Pombolo, a província possui cerca de oito comunas que fazem fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) e por falta de estradas as populações dessas comunidades
fre-
quentam os seus estudos no país vizinho, aprendendo francês e lingala.
E em consequência disso, quando regressam ao País, de acordo com o governante, nem o português e por vezes nem o kikongo conseguem falar. Trata dos municípios do Makela do Zombo, que é o mais
afectado de- vido ao elevado número de populares, Buengas, Milunga e Kimbele, que para além das estradas enfrenta o problema das pontes que devem ser restauradas.
Vias recuperadas
No entanto, algumas estradas estruturantes do interior da província já foram intervencionadas e apresentam melhorias. Paulo Pombolo notou que, além da via que liga a província do Uíge ao Bengo, existem cerca de 372 quilómetros de estradas, em direcção ao município do Maquela do Zombo, junto à fronteira com a RDC, recuperados.
“Nesta altura estamos a concluir cerca de 412 quilómetros de estradas para atingirmos a localidade do Kimbele, faltando apenas cerca de 27 quilómetros, passando pelos municípios dos Puri e Sanza
Pombo”, disse adiantando que no troço Uíge--Mucaba já se pode circular em condições depois de passar por
uma intervenção profunda.
Outro problema que afecta a província tem que ver com as ravinas que vão surgindo um pouco por toda a região, com comunas e vilas divididas e infra-estruturas destruídas. No sector da educação,
Paulo
Pombolo afirmou que a província do Uíge possui cerca de 321 mil alunos distribuídos pelos três ciclos, nomeadamente ensino primário, primeiro e segundo ciclo do ensino secundário, para além do
registo de 1 400 professores.
“Continuamos a ter algumas dificuldades em relação ao aumento do número de aulas no sentido de melhorarmos as condições de acomodação dos nossos alunos”, explicou sublinhando que o objectivo do
seu pelouro é de construir 200 salas de aula/ano para responder à demanda que se assiste no sector.
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Nesta altura estamos a concluir cerca de 412 quilómetros de estradas para atingirmos a localidade do Kimbele, faltando apenas cerca de 27 quilómetros.
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Segundo maior produtor de banana
Relativamente à agricultura, a província tem fortes potencialidades. Chove nove meses por ano e as suas terras são aráveis. Paulo Pombolo notou que um dos objectivos do sector é continuar a incentivar os camponeses e produtores para aumentar os seus níveis de produção.
“Somos o segundo maior pro- dutor de banana a nível nacional a seguir ao Bengo. A população
de Malanje pode inclusive testemunhar que a banana consumida naquela localidade sai da província do Uíge”, considerou.
Refira-se que a província é ainda de arroz, na zona da Celua, citrinos na área do Bembe, amendoim no Kimbele e Buengas, e batata rena no município de Kangola. No que concerne à energia eléctrica, o governador salientou que o abastecimento à província é ainda deficiente. A província recebe apenas 40 megawatts a partir da barragem hidroeléctrica de Kapanda, em Malanje.
Segundo as explicações de Paulo Pombolo, desse número, 15 vão para Maquela do Zombo, na perspectiva de pôr a funcionar as minas de Mavoyo. Outros 10 megawatts são encaminhados para o município do
Negage, e 15 são consumidos na cidade do Uíge, que são, no entanto, insuficientes para atender a cidade tanto o casco urbano como os bairros periféricos.
Os restantes municípios da província são abastecidos por intermédio de geradores, que fornecem energia eléctrica às sedes municipal e alguns bairros periféricos. Aquele dirigente anunciou que no
próximo mês de Maio terá início, na província, um projecto para a electrificação da cidade do Uíge, cujo término está previsto para o próximo mês de Dezembro.
Em relação à água potável, 9 dos 16 municípios não possuem sistemas de abastecimento de água, pelo que esta é obtida através de furos e fontenário. Uma das novidades em relação à cidade do Uíge é
que a rede de distribuição, que data de 1969, será substituída. Um projecto de âmbito central, lançado
no princípio do mês, vai substituir cerca de 120 mil quilómetros de rede da periferia e do casco urbano da cidade.
Expansão