Revolta de Mbuta em São Salvador (16)
…” Já foram expostas na primeira parte deste relatório as informações que sobre a situação eu podera obter em Portugal, antes da minha partida para a província. Essas informações eram concordes
em que a revolta em S. Salvador já estaria subjugada quando eu na província eu desembarcasse; restar-me-ia apenas tratar da organização da coluna que deveria ir ocupar o POMBO e o SOSSO e para
tratar dessa organização eu calculava poder contar com o tempo a decorrer entre o meu desembarque, em meado de abril, e o inicio das operações que poderia ser protelado até meado de junho, e que
dava, deduzido tempo necessário para o trajecto, que eu tencionava fazer pela Lunda, cerca de um mês, que seria empregado em utilizar, digo ultimar, porque sabendo-se que a coluna do ano
anterior, sofrera, senão um desastre pelo menos um fracasso, de supor era que alguma coisa estivesse feito já. Informações particulares diziam-me mesmo que encontraria em Luanda 500 praças
armadas, equipadas e instruídas,
destinadas aquelas ocupação.
Nada d’isto correspondia à verdade; a situação em S. Salvador apresentava um aspecto bastante grave e ainda não era fácil calcular em que época esse aspecto mudaria, a ponto de permitir que nos
abalançasse a avançar para o POMBO, deixando toda a região de S. Salvador na rectaguarda, pois que, segundo as instruções que me deixara o Exº Governador-geral, a invasão do POMBO e SOSSO deveria
ser feita partindo da DAMBA, e as forças a isso destinadas deveriam marchar para ali, pelo caminho NOQUI – S. SALVADOR – DAMBA; de resto, não havia notícias de S. Salvador que dessem uma ideia
nítida da situação; a revolta de SANTO ANTÓNIO assumira um aspecto da maior gravidade, como nunca tivera anteriormente, a ponto de ter sido necessário mandar para ali a 18ª Companhia, com os seus
180 recrutas; em NOQUI rebentara a revolta com tal ímpeto que a população daquele antigo centro comercial se julgava em grave risco e expedia telegramas sobre telegramas pedindo que para ali
fossem enviadas forças, que não podiam ser fornecidas porque não existiam; por sua vez, a população de S. António, expedia em 22 de abril, ao Exº Encarregado do Governo-geral, um telegrama de tal
forma alarmante, que aquele senhor resolveu ir ali imediatamente, devendo eu acompanhá-lo a fim de me inteirar da situação e entrar em exercício. No quartel-general nada se sabia da situação das
forças então empenhadas em operações, e que era inteiramente natural quanto a S. Salvador que tinha comunicações cortadas, mas não tinha explicação quanto a S. António, ligado a Luanda por um
linha telegráfica que funcionava perfeitamente, apesar de que nada se sabia a respeito da 18ª companhia que para ali partira em 2 d’esse mês.
Assim, o meu primeiro acto tinha sido, como é natural, procurar conhecer da situação pelo exame de todos os documentos com ela relacionados, existentes no quartel-general e na repartição do
Gabinete, e, ao mesmo tempo, averiguar do paradeiro desconhecido das forças, para estudar a possibilidade da sua reunião, preparando assim a acção com o máximo dos recursos, e tentando, se
possível fosse, liquidar a situação de S. Salvador, pelo menos, pois que era ali o centro da rebelião, para poder dar cumprimento às instruções recebidas, na parte respeitante à ocupação do Pombo
e Sosso, para a qual, a esse tempo, começavam a organizar-se as 23 e 24 companhias. Ainda, quanto a Santo António, o quartel-general supunha que ali deviam estar 300 homens; contudo nada se sabia
ao certo pois que o capitão, nem instado, comunicara a chegada da 18ª companhia.
Em resumo, a situação, pela absoluta carência de notícias, parecia ser a seguinte: A 20ª companhia engarrafada em S. Salvador, aflitiva a situação no Bembe, cercado, sem víveres nem munições; 300
homens em parte incerta na área da capitania de S. António do Zaire. A Solução que se apresentava era a seguinte: ….
Continua
AHM- LISBOA
Pesquisado por Artur Méndes