MBUTA 20
…” Como relatório de execução d’estas instruções só recebi em 27 de maio, estando então bivacado em Sande, um telegrama datado de 23 onde era comunicado o reabastecimento do posto de Quelle e o pedido de subalternos para serviço na capitania. Depois d’esta data deixei de ter comunicações com o litoral, isolados como estivemos em S. Salvador até que se pôde garantir a comunicação por Songololo.
Em 3 de maio dirigi ao quartel-general da província uma nova requisição de géneros que se destinavam à DAMBA, onde, conforme o projecto que então pretendia executar, a coluna deveria ser reabastecida e depois marchar por S. Salvador, Quimbubuge, Bembe, Quivuenga, n’esta conformidade foi ordenado ao comando militar da DAMBA que angariasse 350 carregadores que deveriam efectuar os transportes entre Tumba e DAMBA, e que tentasse com as forças que pudesse dispor, e no limite d’elas, actuar na direcção do Bembe. Sendo este o projecto a executar e tendo o Exº. Governador informado de que ao Ambrizete chegara um oficial com destino ao Bembe, foi dada ordem para que o mesmo oficial seguisse para Noqui, d’onde partiria com a coluna para o seu destino.
Em 4 de maio remuniciou-se a coluna à custa de munições que existiam da administração da circunscrição civil de Noqui, preparando-se assim que chegassem os víveres pedidos a Luanda que deveriam estar a chegar momento; previa-se então que a coluna partiria em 7, mas a canhoeira em Noqui no dia 6, o que por si só forçaria adiar a partida, mas, além carregadores, de forma que a impossibilidade de marchar subsistia ainda.
Em vista d’isto foi resolvido pelo Exº. Governador que a coluna, dada a impossibilidade de obter, para a marcha Noqui-S. Salvador, o número de carregadores precisos para o efectivo total, se fraccionaria em três partes, das quais uma, com 60 praças indígenas e graduados europeus, sob o comando do capitão Martinho Monteiro, escoltando um comboio com 60 carregadores, se dirigiria imediatamente sobre S. Salvador, cuja situação sob este ponto de vista era desesperada, outra sob o comando do signatário, com 129 praças indígenas, graduados europeus e oficiais, marcharia de Noqui para S. salvador, depois de bater as regiões do Quincanda e Goma, que constituíam os principais centros da revolta da área de Noqui, finalmente a 3ª., sobe o comando directo do Exº. Governador marcharia por Maquela sobe S. Salvador. Reunidas em S. Salvador as três frações em que o efectivo disponível era obrigado a dividir-se para poder viver, executar-se-ia, a partir d’ali, o projecto a que acima se faz referência. Esta ultima parte, teve, ainda, de ser modificada pela falta de víveres e pela necessidade de garantir as comunicações de S. Salvador com o litoral começando-se por manter a comunicação com Songololo, com a linha natural que é do abastecimento de S. Salvador, mais curta e rápida e ainda menos difícil de assegurar que a de Noqui.
Em 9 de maio era este o plano comunicado ao quartel-general em nota confidencial nº 10 em que dava conhecimento exacto das dificuldades e da delicadeza da situação e se mostrava quanto a demora da coluna em Minguengue agravava a situação do Bembe, que, no dizer do respectivo capitão-mor corria o risco de cair em poder do inimigo de um para outro dia. A demora dos carregadores comprometia irremediavelmente a acção da coluna e mais uma vez se insistia baldadamente pela sua remessa imediata. Demais, o posto de Quelle continuava e na arrecadação para partir logo de um para outo Save só fundeou d’isso, não trazia ainda à espera de ser reabastecido porque o capitão-mor do Zaire não conseguia ali levantar carregadores.
Em 11 de maio, porém, o chefe do Ambrizete comunicava telegraficamente ter prontos 100 carregadores, conforme lhe fora solicitado e logo foram adotadas as providências para que esses carregadores fossem imediatamente embarcados, devendo ficar 40 em santo António a fim de serem empregues no reabastecimentos imediato do Quelle, ao mesmo tempo foram fornecidos 15 soldados, sob o comando de um cabo europeu ao Ambrizete, afim de escoltarem um comboio de víveres e munições para socorrer o Bembe, devendo esse comboio ser comandado pelo tenente José Maria Fernandes, o oficial que se encontrava no Ambrizete com destino ao Bembe e que ainda não tinha podido seguir para Noqui por falta de transporte, procedendo-se assim porque tinham sido recebidas notícias que davam como suficiente uma escolta daquele efectivo para garantir o percurso do comboio…
Continua
AHM-L
Pesquisa de Artur Mendes