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16 Oct

Revolta de Mbuta em São Salvador (19)

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #História do Reino do Kongo

 

 

MBUTA 19

 

…” Informações recebidas na tarde de 29, pelos sobas de Muir e de Uéne, davam como certo que o gentio surpreendera as nossas intenções, em parte, isto é, prevendo um ataque a Conge, e contra esse ataque se prevenira, concentrando-se em dois grupos, em Lamba, povo no caminho Mussuco-Conge e outro em Lombe, no caminho Minguengue-Conge; estas informações foram imediatamente transmitidas ao tenente comandante do destacamento, que pouco antes embarcara para Mussuco e foi-lhe comunicado que um outro destacamento marcharia sobre os rebeldes concentrados em Lombe; aos dois destacamentos foram dadas instruções que, se tivessem sido cumpridas pelo tenente Teixeira, como foram pelo tenente António de Matos teria teriam tido como resultado entalar os rebeldes entre duas forças e entre dois fogos.

 

A marcha do destacamento Teixeira foi extremamente morosa e além disso o itinerário não foi cumprido, depois de um pequeno combate em Lamba em que o gentio foi prontamente repelido, como aliás parece não restar dúvida de que entrava nos seus projectos, o gentio marchou para o sul, em direcção a Conge, vindo ao seu encontro os rebeldes que tinham estado concentrados em Lombe, no caminho Minguengue-Conge. O destacamento do tenente Matos, que às 6 horas de 30 partiu do acampamento marchou rapidamente sobre Lombe, onde não encontrou o gentio, e, em harmonia com as instruções recebidas prosseguiu na sua marcha até Conge, onde se lhe deveria reunir o destacamento Teixeira, para dali seguirem sobre GOMA, onde se encontrava, ao que diziam as informações, o mais importantecentro revoltoso de toda a área de Noqui; o tenente Matos atingiu Conge que encontrou abandonado, em 1 de maio e enquanto esperava que se lhe reunisse o tenente Teixeira fez incendiar todas as povoações que se encontravam em um raio de 5 quilómetros. Como não houvesse indícios da aproximação do destacamento Teixeira e o destacamento apenas tivesse levado 3 dias de víveres, que eram suficientes para o desempenho da missão que lhe fora atribuída, retirou o tenente António de Matos para o acampamento, pernoitando em 1 de maio no Brandão e chegando a Minguengue às 11 horas do dia 2.

  mapa de 1915cv

Pelas 18,30 entrava no acampamento de Minguengue o destacamento do tenente Teixeira, informando que tivera um combate com o gentio em QUIMPANGALA, onde tinha sido morto o 1º. Cabo europeu nº.50/513 da 18ª. compª Indígena, Manuel Simões, por tiro de arma fina, o alferes Lamelas fora ferido na articulação do ombro esquerdo, tinham também sido feridos nesse combate 3 soldados da 20ª. Companhia e 1 da 18ª., bem como um cipaio que servia de guia, além de 2 carregadores. O ferimento do cipaio fora também produzido por arma fina cujo projétil lhe atravessou completamente a cara um pouco abaixo das maçãs do rosto. O alferes Lamelas, ferido com certa gravidade manteve o mais absoluto sangue-frio e foi ele quem restabeleceu a calma onde se manifestara um pequeno pânico por efeito simultaneamente das baixas acima referidas. O gentio estava emboscado em uma densa mata, cheia de grandes pedras, que o tenente Teixeira procurou tornear junto da orla. De Quimpangala o tenente Teixeira retirou diretamente sobre o acampamento de Minguengue.

 

Ao capitão-mor de Santo António tinham sido deixadas naquelas povoações instruções precisas para a defesa, no caso absolutamente improvável de ser atacada pelo gentio, como o comércio daquela localidade receava, como o expusera ao Exº. Encarregado do Governo e a mim em 24 de abril, na sede da capitania. Em 26 foram dadas ao mesmo capitão-mor (instruções) mandando retirar as 10 praças que colocara em Quissaga e no posto de Sumba, constituindo com este efectivo uma coluna volante, cuja primeira missão consistia em reabastecer o posto de Quelle que lutava com falta de víveres e, seguidamente, castigar os rebeldes do Quifuma, Quinzau e d’ali para o sul, até Mocula; feito isto regressaria a Santo António e ali aguardaria as instruções que resultariam de um relatório a apresentar, devendo manter a força em constante movimento para não dar tréguas aos rebeldes enquanto estes não se submetessem, não executando, porém, movimentos de que resultasse a impossibilidade de se apresentar na sede da capitania dentro dum prazo de 4 dias…”

 

Continua

 

                                                                                                          AHM-L

 

                                                                                              Pesquisa: Artur Mendes

 

 

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