Revolta de Mbuta em São Salvador (31)
MBUTA 31
…” Invadindo o Pombo pela Damba-Lutongo, é de contar com a migração, em massa, dos pombos para a Jinga e nestas circunstâncias a situação militar desta parte do distrito da Lunda, tornar-se-ia extramente grave.
A invasão pela Jinga oferece ainda as vantagens de: - Surpreender o território a invadir, que só espera o ataque vindo do litoral precisamente pela linha Damba – Lutongo; Utilizar uma linha de comunicação mais curta, todo o território nacional e que se torna absolutamente segura pela simples passagem de forças importantes através de Jinga; - Permitir a subjugação simultânea das zonas fronteiriças do distrito do Congo e Lunda, onde nunca se efectuou uma demonstração de força; - Aproveitar os abundantes recursos locais da Jinga para a prévia constituição dos depósitos de Matanga e Canhangué e ainda as de Cuango e Cuilo, desde que no rio Cuango seja empregada uma lancha que é ali indispensável para a polícia da fronteira;--Facultar a oportunidade para coordenar a ocupação do limite sul do Congo com a do limite norte da Lunda; -- Utilizar os recursos de viação da Lunda até a orla da região a invadir, reduzindo assim ao mínimo o recurso a carregadores, que constituem o meio de transporte que mais graves inconvenientes apresenta e que não é utilizável quando linhas de comunicação apresentam um grande desenvolvimento, pois que é preciso atender a que o carregador consome da própria carga que transporta, de forma que o abastecimento se torna prática e teoricamente impossível a partir de extensões bastante reduzidas das linhas de comunicação.
Todos os transportes a efectuar para a constituição do depósito nos postos já indicados, deverão ser efectuados antecipadamente, de maneira a poder utilizar todos os escassos recursos que seja possível reunir, na zona de operações e não na zona da rectaguarda. A ocupação prévia dos cursos navegáveis do Cuali e Cughe é da maior importância para impedir que os povos da zona invadida passem para o sul; a do rio Cuango tem ainda maior importância, porque sem ela é de recear que os mesmos povos emigrem para o território do Congo Belga e a desocupação do território a invadir, representa a sua desvalorização absoluta; a conservação dos efectivos actualmente atribuídos à linha Maquela-Quibocolo-Damba e daqui para sul (ainda por ocupar) senão o seu reforço, é indispensável para impedir que esses povos de recente e deficiente ocupação se sublevem, aliando-se aos da região invadida.
Ao exposto se limita o que entendo dever dizer acerca da ocupação do Pombo e do Sosso. Apenas acrescentarei que tudo leva a crer que uma política inteligente e bem orientada possa conseguir uma ocupação pacífica do Sosso, com a condição, porém, de não fazer exigências de pagamento de imposto de cubata que não possam tornar-se prontamente efectivas pela intervenção da força…”
Plano de ocupação
Distribuem-se as forças para que garantam uma ocupação efectiva do território, que constantemente percorrerão, e ainda para que seja sempre possível concentrar rapidamente um efectivo avultado para subjugar prontamente qualquer começo de revolta, e impedindo que estas alastrem e tomem incremento; -- Ligam-se entre si as diferentes guarnições por forma a que a sua acção seja coordenada e essa ligação far-se-á, de começo, por contactos e prazos marcados entre as forças moveis e, mais tarde, também recorrendo ao emprego da telegrafia, telefonia e columbofilia.
A distribuição em que de momento assentou o Governador do distrito, obedecendo as estas bases não realiza completamente a ocupação efectiva de todo o território porque para isso são insuficientes as forças do distrito, dentro, porém, dos recursos actuais, obtém o máximo rendimento que é possível tirar de forças bastante reduzidas. A distribuição é a seguinte:
1.ª Companhia – Postos do Lutengo – Sosso – Camatambo – M’pete – Damba – Cuilo
N.º Praças 50 30 30 20 80 10
Posto do Sul -- 26
Os postos de Camatambo, M’pete e Sul estão ainda por instalar; os dois últimos destinam-se a garantir a ocupação do limite Sul do distrito e a segurança dessa comunicação; a instalação do primeiro corresponde a uma necessidade militar e económica.
2.ª Comp.-:Postos: Cuango 40 / Camatambo 10 / Tanda 30 / Cuimba 70 / Maquela 66 / Cuilo 30 O posto do Cuilo A. Deve ser montado sobre o rio CUILO, bastante a montante do actual…”
Nos postos que se atribui uma guarnição que à primeira vista parece muito elevada, considera-se essa guarnição como dividida em duas partes: uma constitui a guarnição de defesa; a outra tem ali o seu quartel permanente, mas a sua missão é de percorrer constantemente em todos os sentidos o território da área do posto e a estabelecer periodicamente o contacto com as forças da áreas vizinhas, por forma a que nestas a acção da força seja coordenada e não desconexa; sempre que o gentio não venha ao contacto com a autoridade é esta que vai ao contacto com ele, mas vai em condições de não ser desacatado e de impor, o cumprimento das ordens que der; sempre que um soba incorra em desobediência ou em desacato ao agentes da autoridade do posto, o comandante deste dispõe imediatamente dos meios necessários para punir o desacato, para reprimir a desobediência…”
…” É evidente que se aceitamos esta dispersão de forças é porque ela nos é imposta: que saibamos, primeiro que ninguém imperámos a extrema dispersão de forças em Angola e indicamos como único meio eficaz de ocupação rela do território da província, a acção de colunas móveis com a função que deixámos indicada…”
…” De como uma revolta se subjuga rapidamente quando a intervenção é oportuna mostra-o bem a revolta da DAMBA; com intervenção que se deu de uma pequena força de 40 e tantas praças e acompanhadas por auxiliares indígenas fieis, a revolta da DAMBA teria tido um arrastar de gravidade que, naquelas condições, não adquiriu.”
Nota: - O que foi e quem protagonizou esta revolta, é o que iremos pesquisar e relatar.
AHML
Pesquisa : Artur Mendes