Revolta de Mbuta em São Salvador (28)
…” Chegado a S. Salvador, com se fosse necessário acudir à alimentação dos auxiliares e carregadores, aproveitando a oportunidade de simultaneamente castigar os povos a sueste de banza Puto, determinou o Governador que no dia 7 de Agosto para ali marchasse um destacamento composto de dois pelotões de infantaria (Matos e Almeida) devendo destruir todas as lavras que fossem encontradas desde Banza Puto até Quindinga; este destacamento deveria recolher a S. Salvador em 10 de Agosto. Ao comandante da força foi recomendado pelos números 6 e 7 da ordem de serviço n.º 25, que não prejudicasse a marcha dos revoltosos que tinham sido convidados a apresentar-se, pelo edital do dia 5, ao Exº Chefe de gabinete de S. Ex.ª o ministro das Colónias e que fizesse apregoar o mesmo edital em todos os acampamentos. De prevenção ficavam 3 pelotões de infantaria e a secção de artilharia.
A força seguiu ao seu destino, sendo hostilizada no povo do Muinge pelo gentio rebelde, que foi repelido, não sem que o tenente Almeida tivesse ficado ligeiramente ferido na face, causando também quatro baixas por ferimento em soldados indígenas da 18ª Companhia. Tendo o Exº. Delegado de S. Exª o Ministro das Colonias ponderado que o serviço cometido àquele destacamento, poderia prejudicar o inquérito, mandou o Governador que uma secção sob o comando de um sargento fosse imediatamente a S. Salvador no dia 8 de Agosto, só então tendo o mesmo Snr. conhecimento do combate travado e dos seus resultados.
Como a atitude do gentio necessitasse de uma rápida repressão, determinou o Governador, de acordo com delegado do Ministro, que para ali marchassem de novo tropas, sendo desta vez o destacamento constituído por três pelotões de infantaria e a secção de artilharia, acompanhado por todos os auxiliares e carregadores, sob o comando do capitão Martinho Monteiro. Este destacamento para ali partiu às 4 horas da madrugada de 10 de Agosto, regressando a 12, depois de integralmente cumpridas as instruções que lhe haviam sido dadas, como pormenorizadamente se pode ver no relatório especial desta operação.
Em 18 foi publicada a ordem de serviço nº (?) com a constituição da coluna que deveria marchar sobre a Canda, acompanhada até o rio Luvo, no ponto em que este corta o caminho de Maquela, pelo 1º pelotão da 20.ª companhia indígena; as notícias recebidas de Madimba obrigaram o Governador a resolver que, primeiro que tudo, se iria ali montar um posto e bater, uma vez mais, a banza do chefe da rebelião. Para a guarnição deste posto foi designado um pelotão da 20.ª companhia e a peça d 8 c.
No dia 19 foi recebida a nota 83 GB do chefe de estado-maior das forças em operações; em face das instruções recebidas resolveu o Governador não efectuar na íntegra a marcha sobre a região Zombo, mas não desistiu de marchar sobre a Madimba, onde era necessária uma intervenção enérgica da força. Como para reabastecimento da coluna precisasse ter garantidas as comunicações com Maquela, região que pode abundantemente fornecer gado e géneros para indígenas, foi determinado que a força disponível, presente em S. Salvador para ali seguisse sob o comando do capitão Monteiro, devendo manter os postos de Tanda e Cuimba com guarnições suficientes para constituírem pequenas colunas moveis. Também a cargo da força do capitão Monteiro ficou o transporte para S. Salvador, dos géneros acumulados em Quibocolo, na previsão das operações na Canda.
Recebeu o Governador do distrito as minhas comunicações sobre a nova situação que se nos apresentava em face da guerra europeia que tão inoportunamente vinha exercer a sua acção nas operações do Congo. Era todavia indispensável voltar ao povo do Buta para mostrar a este e seus adeptos que o governo disponha de meios precisos para ir ataca-lo no seu baluarte. Por isso determinou o Governador para a marcha para ali em 22 de Agosto.
Realmente em 22 de Agosto, tendo partido com alguma antecedência os pelotões que haviam de constituir a guarda avançada apenas para desembaraçar caminho o de uma avançadas inimigas que constava estarem em KIMALO, a cerca de 10 Kms, de forma a não demorarem a marcha da coluna, partiu esta às 7,55 e, às 11,30 chegava à mata de Kimalo, onde a guarda avançada nenhuma resistência encontrara, seguindo dali para as margens do Coco que foi atravessado mesmo junto da sua confluência com o Ginga-Coco, às 12,55, dando-se então um grande alto até às 14,15. Recomeçada a marcha a coluna passou a mata de Kimpango às 15,50 e atingiu o caminho da Quindinga às 16,20, passando depois por quitanda Kengue onde foram surpreendidas umas sentinelas inimigas pelos auxiliares, fugindo aquelas pelos caminhos da quitanda para o oeste; a coluna acampou nas margens do COCO às 17 horas, encontrando-se o gentio na mata que orla um seu pequeno afluente, sendo ali feito dois tiros de artilharia, avançando seguidamente o pelotão do tenente Amaral Fernandes, que já não encontrou o gentio mas que observou vestígios da sua estada muito recente….”
Continua
AHML
Pesquisa : Artur Mendes