Revolta de Mbuta em São Salvador (26)
…” Depois do ataque extremamente enérgico e em que se salientou o tenente Rosas, o gentio abandonou a defesa da passagem do rio, pretendendo ainda sustentar-se junto do povo do Lumuéno, mas sendo prontamente forçado a retirar dali, sendo então o povo assaltado e incendiado. Neste combate tivemos um morto e cinco feridos, entre os quais o 2.º Sargento Luís Quintino Magro que dirigia os auxiliares e que foi ferido simultaneamente na coxa direita e na face esquerda. Neste combate foram consumidos 7596 cartuchos, 8 granadas com balas, uma lanterneta e duas granadas ordinárias.
Já de noite o gentio dentro da mata começou a injuriar o governo, pelo que, tendo sido estabelecida conversações para se fixar a direcção em que ele se encontrava, foi feito um tiro de granada com balas à distância de 600 metros, que era aquela em que tinha sido calculada, de dia, a distância do povo do Paza, em que pareciam estar reunidos neste momento; constou mais tarde que este tiro atingira o seu objectivo e que é certo é que não mais falaram nessa noite. Como medida de precaução ficou durante a noite um terço do efectivo em armas.
No dia 14, depois de completado o municiamento das praças saíram alguns pelotões para razias e para queimar mais alguns povos existentes então dentro da mata de Lunguege, sendo queimados cinco.
Em 15 a coluna recomeçou a sua marcha, atravessou o rio Lunguege chegou ao povo de Muinge que foi destruído sem resistência, depois de que danificou quanto possível uma enorme lavra de mandioca, espantosamente desenvolvida, e foi atravessar o Lunguege pela 2.ª vez, pelas 16,55 travessia que durou até às 18,30) acampando seguidamente, próximo desse rio e do Lolo de que é afluente. Em 16 a coluna atingiu o morro do Lolo às 8,35, sendo feito o reconhecimento para a instalação daquele posto e adoptadas todas as medidas e dadas as instruções necessárias para esse fim, recomeçando a marcha às 13 e passando-se o rio Lolo e a mata do mesmo nome, sendo encontradas nesta última quatro trincheiras, das quais uma tinha um perfil idêntico ao regulamentar japonês, substituídos os degraus de talude por pequenas escavações suficientes para ali apoiar um pé, para sair facilmente da trincheira; as restantes tinham massa cobridora com bermas bastante largas, a profundidade de 1,5 e escavações em ambos os taludes, estando portanto admiravelmente concebidas para o fogo de arma de auto carga; em 17 toda a marcha foi feita a corta mato, a meia encosta de um terreno com grandes inclinações e extramente escorregadios e que deu lugar a uma imensa fadiga. Em 18, logo à saída do acampamento, foi a guarda avançada atacada pelo gentio do Soko, região que íamos atravessando, travando-se um combate que durou até às 12,30, em terreno bastante movimentado e cheio de matas densas. Foi digna de nota o fogo executado pelos auxiliares que foram intercalados com os carregadores, expediente a que foi preciso recorrer para proteger carregadores. Tendo saído da região do Soko terminou o combate, pelo que a coluna fez alto para tomar a refeição fria, depois da qual foi atacado, pelos pelotões Rosa e Borges, o povo de Volunga.
Tinham-se consumido já 2538 cartuchos 11 mm, 15 granadas com balas, 2 ordinárias e 2 lanternetas e por isso, tendo em atenção a escassez de munições, foi resolvido tornear-se a mata Valunga, o que se fez passando ao sul dela, indo a coluna acampar às 18,10 já próximo da extensa planície que orla a margem do Luvo. No dia 19 a coluna atingiu, no fim de 1,20 de marcha a fronteira e ali acampou muito próximo do pequeno morro onde foi estabelecido o posto do Luvo.
Palas 15 horas desse dia marchou para Sangalolo o chefe dos serviços administrativos da coluna a fim de proceder ao imediato reabastecimento da coluna e de telefonar para Matadi a fim de obter carruagens para transporte de doentes e feridos com gravidade, que no dia 21 deviam ser evacuados para o litoral, infelizmente o número de doentes a evacuar reduziu-se a dois pela morte dos restantes no acampamento do Luvo, na noite de 20/21.
Em 20 parti para Songololo, percorrendo, com outros oficiais que me acompanharam os vinte e três quilómetros que separam a fronteira daquela estação de caminho-de-ferro em 3,40. Ali providenciei quanto ao reabastecimento da coluna pelo que os géneros em depósito em Sangalolo, tinham, por efeito desencontro de correspondência e porventura de algum mal-entendido, sido transportadas para Tumba com destino à Damba…”
Continua
AHM-L
Pesquisa: Artur Méndes