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25 Oct

Revolta de Mbuta em São Salvador (22)

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #História do Reino do Kongo

 

 

 

” Saiu a coluna do meu comando do campo de Minguengue às 8,30 do dia 20 de Maio, levando além do médico e do tenente adjunto José Bettencourt da Camara, o tenente Manuel Moreira Flores (que com cabo de infantaria e duas praças indígenas constituía a guarnição da peça) 3 oficiais comandantes de pelotão (tenente Matos, Teixeira e Almeida); 120 praças indígenas e 6 graduados europeus, além de 95 carregadores que transportavam bagagens, artilharia, munições d’esta e a reserva de munições de infantaria e um dia de víveres. A primeira parte da missão da coluna era ir bater Quicanda e Goma, regressando ao caminho Noqui-S. Salvador na altura do rio Lué, onde em 22 acamparia o chefe dos serviços administrativos com o comboio que deveria assegurar a alimentação e o remuniciamento da coluna até a sua chegada a S. Salvador. Todas as informações cuidadosamente recolhidas e confrontadas, estabeleciam a certeza de que o percurso Quincanda - Goma-Lué, se faria sem fadigas de maior em três dias, contando já com a resistência que o adversário oporia, de forma que a coluna chegaria ao Lué na tarde de 22 e ali se reuniria ao comboio, ficando apta a prosseguir a marcha no dia 23; todas essas informações estabeleciam sem sombra de dúvida que de Quicanda a Goma mediava uma hora de marcha quando é certo que a coluna, marchando bem, gastou todo um dia para ir da quitanda de Quincanda (onde neste momento deve estar montado um posto) acampar à vista de Goma, tendo ainda duas horas de marcha no dia imediato para chegar àquele povo. Não foi, pois, em consequência dos combates de Quicanda e Goma, respectivamente em 21 e 23 de Maio que a coluna só chegou ao acampamento de Lué pelas 11 do dia 25; foi, sim, por causa das distâncias a percorrer, muito superiores às previstas.

 

Chegado àquele acampamento, onde o comboio me esperava desde 22 fui forçado a interromper a marcha para proceder ao reabastecimento, sem o qual, a dar-se, como previa e como sucedeu, qualquer embaraço à marcha da coluna esta encontraria na impossibilidade de marchar por falta de víveres.

mazandum

No acampamento do Lué, efeito talvez do combate de Goma, apresentou-se o soba de Tomboco, importante sobado que ficava um pouco para o norte do mesmo acampamento, sendo-lhe logo requisitado carregadores para o transporte de um soldado doente para Noqui. Recebi aviso de que o soba de caia queria apresentar-se e ali iria, não comparecendo, porém, até a manhã de 28, em que ali parti. Ao acampamento foram muitos indígenas especialmente mulheres vender mantimentos às praças. Ali tive conhecimento de ter sido reabastecido o posto do Quello.

 

A marcha foi recomeçada em 28, e depois de um combate no Luso encontro no N’Kungo, chegamos a S. salvador em 5 de Junho, tendo verificado na véspera; à passagem do Sengue, que ali chegara no dia 27, permanecera acampado em 28 e retirara em 29, uma força que, sob o comando do tenente António José Camacho, saíra de S. Salvador, desde 20 de Maio até 5 de Junho a coluna que comandei teve as seguintes baixas: Soldado Ind. N.º 220/684 da 2.ª comp.ª Catito, ferido no combate do Goma, em 23 de Maio I auxiliar de S. Salvador morto e outro ferido no N’Kungo, em 2 de Junho; 2 carregadores mortos e 3 extraviados. (para mais pormenores V. os relatórios especiais de 20 de Maio e 5 de Junho).

 

Tinham corrido em S. Salvador boatos aterradores acerca da coluna que comandei: segundo uns a coluna teria sido impotente para vencer a resistência que lhe teria sido oposta nas margens do Luso; segundo outros, a coluna, atacada no Lunda pelo gentio que de S. Salvador e Madimba ali a tinha ido esperar, teria sofrido grossas perdas e teria sido forçada a retirar para Noqui.

 

No acampamento do Luso tinha sido encontrada uma carta que tudo levava a crer que tivesse sido escrita por um rebelde que a esse tempo deveria encontrar-se em Luanda; por minha nota confidencial n.º51 pedi ao quartel-general a captura do signatário d’essa carta, dando as indicações que da mesma constavam e que, se não eram em excesso, deveria bastar, contudo, para a polícia pudesse efectuar aquela diligência. Tudo parecia revelar que o signatário da carta em questão e seu patrão trabalhavam activamente na revolta da Canda, como já tinam trabalhado no Pombo, e que, no regresso de Luanda, iriam combater…”

Continua

AHML-L               

 

                                                                                         Pesquisa Artur Mendes

 

 


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