Revolta de Mbuta em São Salvador (12)
MBUTA – 12
… “ O destacamento contínuo a sua marcha para Cunga, que foi rapidamente destruída e d’essa importante povoação dirigiu-se para o Sul, queimando na sua marcha mais três povos, travessou o rio
Cose (?), queimou o povo de Lombe e foi até Pembeje, um dos focos da revolta, e aí, depois de um curto combate com o inimigo tomou o povo, que destruiu, regressando à fortaleza às 18,30.
No dia 29 de fevereiro o comandante da coluna, capitão Cardoso, informou S. Exª Governador de que havia apenas 8 dias de víveres para toda a coluna e que era necessário remuniciar as forças.
Foram dados três dias de descanso e organizou-se entretanto um comboio com 170 carregadores – todos os que havia – escoltados por 61 praças indígenas, 1 corneteiro, com dois sargentos, sob o
comando dos tenentes Teixeira e Costa Alves, que partiu em 4, da tarde, indo acampar em Pendaina. Aos oficiais tinha sido recomendado que, encontrando-se o Ex Governador em negociações para
apresentação dos rebeldes da Tunda e Lungueje, deveriam usar da máxima prudência durante a marcha.
No dia 5 o comboio recomeçou a sua marcha para a fronteira, seguindo o caminho habitual, atravessando todas as matas sem o mínimo incidente até Kienga, onde acampou. No trajecto, mesmo junto do
caminho, foram vistas umas mulheres n’uma lavra e a estas foram comprados mantimentos para indígenas. Tudo parecia indicar que o gentio se dispunha a mudar de atitude. Grande foi, pois a surpresa
de todos, quando, depois de algumas horas de marcha em 6, achando-se a força e o comboio quase completamente internado na mata, rompeu repentinamente o fogo por todos os lados. Este combate
começou cerca das 12 e terminou às 14,30 tendo sido feridos muito gravemente o soldado nº 1 da 3ª companhia e um carregador zombo dos que tinham acompanhado, de Maquela para S. Salvador, a força
do alferes Gama.
Repelido o inimigo continuou a marcha para o Luve, onde se acampou sem mais incidentes.
Por informações posteriormente colhidas veio a saber-se que os rebeldes tiveram cinco morto n’esse combate.
Foi muito grande a demora do comboio no acampamento do Luve, por causa da necessidade de transportar munições através do Congo Belga; a indispensável licença foi, como sempre, pronta e
gentilmente concedida, mas, d’sta vez, houve uma certa demora na sua comunicação às autoridades locais. Daí ressoltou que o pessoal do comboio e a respectiva escolta se viram obrigados viver de
víveres que deveriam conduzir a S. Salvador.
No acampamento do Luvo apresentaram-se o capitão Martinho José de Sousa Monteiro e os tenentes António de Almeida Borges e António de Matos, todos colocados na 20ª companhia, devendo ainda o 1º
destes assumir o cargo de Capitão –mor, em substituição do capitão Alfredo Baptista Cardoso que, por ordem do Ministério das Colonias, deveria seguir imediatamente para a metrópole a fim de
prestar provas para a promoção ao posto imediato.
Recebidas finalmente as munições o capitão Martinho Monteiro divide o efectivo presente em 4 grupos, dando a cada oficial o comando dum deles, e pôs-se em marcha para S. Salvador no dia 14 de
Março, acampando nesse dia no SOKO, em 15 em KIENGA, em 16 no LOLO e chegando a S. Salvador em 17, transportando, quanto muito, 12 dias de viagem para toda a coluna. O inimigo só fora visto no
dia 15, em que atacou a coluna, sendo repelido pelo tenente Matos, que, apoiado pela força do tenente Borges, marchou sobre o povo a que esse gentio pertencia e o destruiu.
Como fosse bastante difícil a passagem do rio e mata do LOLO, tinha para ali partido em 12 uma força de 60 praças, sob o comando do tenente Filipe, faim de garantir aquela passagem.
Esta força saiu de S. Salvador com 3 dias de víveres, que se esgotaram em 14, não obstante o que ali permaneceu até 17, data da chegada do comboio a Lelo….
Continua
AHM- LISBOA
Texto enviado Artur Méndes