Revolta de Mbuta em São Salvador (11)
“ No dia 23, pela 8,30, ouviram-se tiros na direcção do cemitério; o gentio avançava em força por esse lado, aproximando-se até junto da casa holandesa. Saiu ao encontro do gentio o pelotão do
alferes Gama, partindo também, pelo caminho de Banza Puto, o pelotão do tenente Ribeiro d’Almeida que ia tentar cortar a retirada ao gentio. Pouco depois prenunciava-se um outro ataque do gentio
pelo caminho de Cunga aproximando-se da estação postal e indo até junto d’umas palmeiras que ali se encontram; ao encontro deste ataque marchou o pelotão do tenente Teixeira. Algumas horas depois
regressava o pelotão do alferes Gama que tinha repelido o inimigo na direcção do caminho de Quiálundu, indo uma secção d’este pelotão reforçar o do tenente Teixeira que continuava empenhado em
fogo vivo contra o gentio, sem que o combate se decidisse Mal tinha acabado de partir esta secção manifestou- se outro ataque do gentio, pelo lado Sul da fortaleza, em um alto cultivado de
mandioca a 300 metros de distância; as balas passavam bastante baixas, especialmente por sobre o baluarte S.O. Contra este ataque marchou o pelotão do tenente Camacho que repeliu o inimigo e o
perseguiu até ao rio Luége, causando-lhe bastantes baixas o ataque durou atá às 16 horas.
Pouco depois avistava-se da fortaleza a 2000 metros de distância, na direcção de Banza Puto, um magote de gentio que retirava e que foi disperso com duas granadas.
No dia 26, às 8,30, o gentio atacou e queimou, à vista da fortaleza, o povo da Quincanda; para ali foi feito um tiro de granada com bala que atingiu o objectivo, como foi verificado no dia
imediato pelos rastos de sangue que ali foram encontrados.
Na tarde d’este dia foi o Ex Governador do distrito informado de que os quarteis generais dos rebeldes, eram principalmente em BANZA PUTO e CUNGA. N’estas condição determinou o comandante da
coluna que em cada um dos dois dias seguintes fizesse atacar aquelas povoações e assim, em 27, um destacamento composto dos pelotões Ribeiro d’Almeida, Teixeira e Gama, partiu às 3,30 para Banza
Puto que pretendia surpreender; noite era bastante escura e, segundo declarou o tenente Teixeira, foi isso que deu causa a que o seu pelotão, que ia na cauda, perdesse o contacto com o que o
precedia, na passagem do rio Luége. Tendo ainda notado a falta d’esse pelotão, procurou-se reunir a coluna, o que só foi conseguido ao alvorecer, fracassando assim a surpresa; chegou mesmo quase
surpreendida uma sentinela que os rebeldes tinham a meia encosta do morro de Banza Puto.
A povoação foi tomada depois de curtíssima resistência, seguindo a coluna, de pois de a destruir, para o Norte, queimando seis povos um dos quais o mais importante era Kimpege. Feito isto,
regressou á fortaleza pelo caminho da Quimuanda, entrando em S. S. Salvador às 18 horas. Em todos os pontos atacados a resistência foi mínima, retirando o gentio na direcção do Muingo e de Congo
Diacati.
No dia 28, às 4, saiu de S. Salvador um destacamento constituído por os pelotões Camacho e Filipe e por uma secção do pelotão Gama, comandada pelo sargento Vergílio, força esta que foi atacada
pelo gentio logo à passagem do rio Lungueje, onde se travou um combate, em que foi ferido em uma perna, que teve de ser-lhe amputada, o 2º. Cabo indígena Francisco Lopes, nº 66 da 2ª Companhia.
Este cabo, que se portou admiravelmente em todas as sortidas que fez por ocasião dos primeiros ataques a S. Salvador, ora assumindo o comando de 4 praças indígenas, ora incorporado na força de
diminuto efectivo com que o sargento Vergílio repeliu todos os ataques que o gentio fez, ficou inutilizado por uma armadilha colocada no meio do capim; no momento em que foi ferido marchava na
frente da flecha. Repelido o gentio da margem do Luége….
Continua
AHM-LISBOA
Texto enviado por Artur Méndes