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17 Jul

Quem se lembra da Maria Albertina ?

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Coisas e gentes da Damba

 

Maria AlbertaMário Rolo -Paço Monte Redondo 021

                                        Maria Albertina "Betinha" nos anos 60.

 


Muitos ana'ndambas responderão precipitadamente pela negativa, visto que são poucos que viveram no tempo que esta senhora, ilustre muana Damba, viveu no território que lhe viu nascer. Portanto, a patriarca Maria Albertina, é co-fundadora do kanda (clã) híbrido luso-dambiano Magalhães. Seus filhos dominaram, por muito tempo, a paisagem humana da Damba. Se poucos dambianos têm dificuldades em reconhecer a avó, a bisavó ou mesma a trisavó Betinha, como é conhecida, os seus filhos, pelo contrário são conhecidos. Acho que depois da explanação seguinte, as dúvidas dissipar-se-ão.

 

Em meados de 1975, Damba acolhe de regresso, os seus filhos que tinham encontrado o refúgio na vizinha Repúbilca do Congo-Belga (naquele tempo Zaire, hoje RDC) em 1961, estes voltam com os seus filhos natos lá em idade da escolaridade. As escolas na Damba foram construídas para acolher menos de quinhentos alunos, de repente recebem o quintúplo, a quantidade de alunos regressados, ainda mais, o número não cessava de aumentar cada dia. Num momento em que o Concelho de Administração da Damba já não existia, os activistas da FNLA que ocupavam Damba, estavam ultrapassados, assim os professores da Damba, se distinguiram num esforço sobre-humano de matricular essas crianças que nem português falavam, dar a equivalência correspondentes aos estudos feitos no Zaire. O nosso redactor Daniel Zola, tinha feito elógio a estes professores no artigo( HISTÓRIA DO INÍCIO DAS ESCOLAS NA DAMBA. ). Entre os professores, ilustrou-se uma particularmente, a professora Inês Magalhães, foi ela quem dava a equivalência. Mestiça, cuja a beleza inspiraria quelquer poeta, mesmo medíocre. "Qual foi a tua última classe lá no zaire?" custumava ela perguntar. Os que respondiam, por exempro : "Cinquième classe" e ela dava a correspondência, " aqui em Angola, você vai estudar segunda classe !". A maioria dos alunos ficaram desiludidos, porque foram desgraduados por não falar a língua de Camões. A professora tornou-se muito popular junto dos alunos. Certamenete muitos lembram-se ainda, da professora Inês e dos seus filhos Gegé e Beta, entre outros. A sua residência situava-se no bairro da Missão, perto do famoso posto de controlo, na entrada da vila.

 

Em 1978, a equipa de futebol FC Dangereux, a mais fraca da sede do minicípio da Damba, foi reforçada pela presença de militares da primeira Brigada militar das FAPLA's, antigo braço armado do MPLA, estacionada na Damba, este, num jogo memórável em torneio organizado pela JMPLA, derrotou a equipa mais popular de Damba naquele tempo, o FC Mundial de Kinkossi. O feitiço do Kota  Kiala "Carraux" Makumbani (but mistique), fundador do FC Mundial, não funcionou ou melhor virou contra o feiticeiro, pois a sua equipa, apesar de alinhar melhores jogadores da vila da Damba, tinha perdido por 2 - 0, um dos golos, era um auto-golo do capitão da equipa derrotada, o kota Caetano " Kayis". O árbitro deste jogo fora elogiado pela sua imparcialidade legendária.

 

Embriagado pelo resultado, o FC Dangereux decidiu medir as forças com outra equipa da sede da Damba, a equipa de Mbanza Mabubu, o FC Namputu, outra equipa não menos popular. Mas antes pensou jogar, com o FC Nzazi, o que seria uma simples formalidade, porque a vitória era evidente, assim pensavam. No jogo do FC Nzazi contra o FC Dangereux, onde também jogava o professor miúdo Kiamezito, o falecido Pedro Kiame, o árbitro do jogo anterior foi convocado novamente para dirigir o encontro. Logo nos primeiros minutos da partida, os atletas como, Afonso Toko "Petit Souris", Nzibudi, o colosso Ngunza, Rita, do Fc Nzazi, davam uma verdadeira lição de futebol à equipa do Kiteka e Kissanga, ajudada como já escrevi, pelos militares. O inevitável Nzibudi, inaugura o marcador, minutos depois o mesmo futebolista foi derrubado na pequena área, o árbitro Coelho Magalhães, não hesitou de assinalar grande penalidade, o que não foi de agrado dos jogadores do Fc Dangereux, protestam junto do juiz da partida. Reclamação justificada, visto que o jogador Nzibudi confundia muitas vezes, o futebol com o básquete, sem que os árbitros percebessem. No meio desta confusão, surge o Ngunza, conhecido pelo seu carácter recalcitrante, empurra com muita violência um dos jodadores da equipa adversa, os militares entram no campo, violentam o agressor que consegue escapar, (estámos no campo de futebol da Missão Católica), este último foge perseguido pelos militares e desaparece na vale onde se situava antiga granja do Concelho. Os  militares voltam no campo de futebol e ameaçam desta vêz o árbitro, que  por sua vêz, mete-se em fuga perseguido pelos mesmos militares, atraversa a estrada principal para sumir atrás da casa do empresário Daniel Malungo. O jogo foi interrompido e nunca conheceu o fim. Coelho Magalhães era o árbitro principal da Damba, ele dirigia os jogos importantes e foi um dos principais animadores junto da juventude Dambiana. Que não conhece o Coelho Magalhães nunca viveu na Damba dos anos 60 e 70.

 

Inés Magalhães e Coelho Magalhães são filhos da Maria Albertina, que é também avó da nossa colaboradora Inês Ferreira, filha da Filomena Magalhães, que há um ano, nos contou como a sua querida avó deixou Damba, no seguinte texto:

 

"Damba dos meus antepassados.

Não sou da Damba, sou filha e neta de Dambianas. Foi com grande alegria que descobri este Blogue. Será com grande alegria que hoje levarei até à minha avó Betinha, Alberta Magalhães, as fotografias e recordações da terra dela. Sei que será prazeiroso mas ao mesmo tempo doloroso.


Mas tudo isto, graças à pessoa que teve o engenho de criar esta página. O meu obrigada.


Cresci com a conversa de que os do norte é que sim, os do norte são empreendedores...e são-no...Concerteza trarão muitas alegrias e reencontros com os muitos dambianos espalhados pelo mundo. Da minha parte irei transmitindo. Contarei as reacções da avó já com 82 anos, que vive em Portugal e que deixou a Damba com uma arma apontada, há mais de 35 anos, pois na altura já estava casada com um português. Não quer voltar, mas hoje irá voltar às suas memórias e recordações pela minha mão e pelo vosso blogue...até breve! "

 

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                                                 Inês Ferreira, neta de Maria Albertina.

 

O nosso colaborador Artur Méndes, foi visitar a vavó Betinha em Paço Monte Redondo, em Portugal, onde reside e  encontra-se em boa Saúde.

 

Maria AlbertaMário Rolo -Paço Monte Redondo 029 ys

                           A esquerda, o soba da Damba, Artur Méndes e avó Maria  Albertina

 

 

 

                                                                                                  Muana Damba.

 

 

 

 

 

 

 

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