Primeiro Município do KONGO dya MULAZA: MBÂMBA
Por Patrício Cipriano Mampuya Batsikama
MBÂMBA: a Oeste, o Mazînga e o Mbâmba; a leste, o Mbângala e o Mpângala. É deste Mazînga que falam Capello e Ivens quando escrevem que eles terão “atravessado o país de Jinga e de Matâmba”
durante a sua expedição através de Kasôngo-lûnda em 1879.149 Matâmba e Mazînga terão sido dois bairros contíguos situados, o primeiro no extremo Nordeste de Kôngo-dya-Mpângala, e o segundo no
início de Kôngo-dya-Mulaza, isto é, ao Sudoeste deste. Esta contiguidade entretinha uma tal confusão que as duas colectividades foram, as vezes, tomadas uma pela outra. Eis porque a heroína
Mazînga é falsamente dita rainha de Matâmba. Será muito provavelmente por causa deste equívoco que os Portugueses julgaram propício “incorporar o Matâmba no reino da rainha Ñzînga Mbânde”, quer
dizer, ao responsável do bairro de Mazînga.
b) MPÊMBA: o Mpêmba desta sub-região de Kôngo-dya-Mulaza tinha a Oeste o Nsânga151 (Kasânzi), onde se encontrava a capital regional e o Kwîmba; a leste o Musuku, que Planquaert situa a leste de
Matâmba e Nsôngo.
c) NSÛNDI: O Nsûndi deste município teria sido formado a Oeste por colectividades locais de Vûngu e do Nsônso, e a leste por aquelas de luholo e de Musâmba.
O segundo município do Kongo dya Mulaza: MPEMBA
a) MBÂMBA: o Mbâmba do Mpêmba de Kôngo-dya-Mulaza detinha a Oeste o Mbângala e o Mbâmba; a leste o Masinzi e Kinkênge. Saliente-se que os Mbâmba são chamados Mumbâla, mais conhecidos como
bambala, populações pertencentes ao reino de Kûba e que, de acordo com algumas lendas, eram o tronco da origem dos reis Kuba.
b) MPÊMbA: a Oeste situa-se o Kiyaka e Musuku, e a leste o Ndîngi e o lûnda (Kakôngo). O Kakôngo merece uma atenção particular pelo facto de ser a sede das instituições, não somente provinciais,
mas também nacionais no tempo em que o reino do Kôngo só contava duas províncias. Até a sua instalação definitiva na pequena central da coroa, as instituições terão sido transferidas primeiro do
Kôngo-dya-Mpângala ao Kôngo-dya-Mulaza, depois para o Kôngo-dya-Mpânzu. Daqui atingiu finalmente o
Kakôngo de Zita-dya-Nza.
Informações de Emil Torday ajudam-nos a subsidiar a ocupação deste Kakôngo central de Kôngo dya-Mulaza. De acordo com este autor, “… Os bambunda estão em contacto ao Sul com os bakôngo… Os
bapênde são vizinhos meridionais tanto dos bambunda assim como dos bakôngo” “que parecem determinados a reservarem-se o loange (lwângu) como fronteira”. E. g. Ravenstein, citado por Planquaert,
também fala destes bakôngo de bandûndu da seguinte maneira: “mais ao Sul, habitavam sob nome de basuku muitos clãs bakôngo.
A Oeste eles estendiam-se até Matâmba». Ora, o termo bakôngo, tomado em seu sentido restrito, como
é o caso aqui, designa exclusivamente os habitantes de Kakôngo, isto é, da colectividade local (comunas) que deveria albergar as instituições regionais ou nacionais. uma boa correspondência é o
Kakôngo de Kôngo-dya-Mpânzu, que actualmente está incluído na província angolana de Cabinda. Os habitantes de Kakôngo são chamados de bakôngo e são relativamente “discriminados” pelo resto da
população ao serem confundidos com os bakôngo de Mbânz’a Kôngo. Embora seja por razões políticas, convém assinalarmos que no século XVIII ainda notava-se uma certa unidade de Ngoyo ao sul,
Kakôngo a seguir e Nsûndi ao norte.
Podemos ainda acrescentar outro exemplo com a expressão Kariongo, utilizada na Breve informação acerca dos Moluva ou Morupuu e dos Estados de Lobal, dirigida por Magyar à Académica das Ciências
da Hungria (escrita em húngaro e traduzido e citado na tese de Isabel Henriques). Kariongo “que tem o mesmo nome que a capital muá-nángána, no coração da floresta virgem Oluvihenda, está situado
na margem Este do Kuiva com numerosos povos”. Assim, ela poderia ser também uma variante de Kakôngo
(Kayôngo?), e talvez por isso concentrar os numerosos povos que, com base nos outros autores, seriam os Iôngo acima mencionado. Parece-nos portanto estar situado no Kôngo-dya-Mbângala,
precisamente na floresta de Oluvihênda… na margem oriental do rio Kwîva do Planalto Central. quer então dizer que Iongo, ligado à capital, dará nome às populações que lá habitavam. Neste sentido,
o termo Iongo pode ser o nome da capital a confundir-se com o nome de todo o país. Foi assim que os bakôngo foram considerados, durante muito tempo e até hoje, exclusivamente como os originários
de Mbânza-Kôngo. E por conseguinte, os habitantes de Zômbo, de Mbâmba, de Mpângu, de Matãmba, de lwãngu… não
eram considerados como cidadãos kôngo – o que equivaleria considerar que apenas os lisboetas são portugueses, o resto sendo tribos de Porto, de Algarve, etc.
Por isto, as populações nas vizinhanças de boma são chamadas bakôngo porque a sua região faz parte deste Kakôngo, onde foi erigido Mbânza-Kôngo (San Salvador). Os do Kakôngo do Mbâmba de
Kôngo-dya-Mpânzu são também chamados bakôngo pelos seus vizinhos, os bawôyo, os babînda, os bayômbe e balwângu. São igualmente considerados bakôngo no mesmo sentido do Kôngo- dya-Mpânzu os
habitantes das colectividades locais (comunas) de Kimbânza e de Kivûnda na zona (comuna) de luwôzi no Congo- Kinsâsa, assim como aqueles do distrito de boko no Congo-brazzaville. Todos residem no
Kakôngo central desta zona.
Tudo indicaria que o espaço habitado pelos bakôngo que assinala E. Torday no Kôngo-dya-Mulaza seja atribuído às populações de algum Kakôngo central desta região (província). Aliás, foi no seu
espaço que, tal como assinala Torday, foram concentradas as instituições de várias populações (Suku, Pende, etc.). Por isso os bandûnda (Nsûndi) estão ao Norte dos ba-Kakôngo, quer dizer o
Kakôngo (Mpêmba), e ao Sul destes, os Pende, isto é os Pîndi (do Mbâmba). Pois nsûndi tufila ntu, Mbâmba tulâmbudila malu
estaria aqui mais uma vez atestado.
c) NSÛNDI: no Nsûndi do Mpêmba de Kôngo-dya-Mulaza encontramos, a Oeste, o Vûngu ou país de bahungana, e o Nsônso, e a leste o Musâmba159 e o Musulu.