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19 Apr

Poeta do Uíge no Brasil

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Cultura

 

 

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João Sanda “De Miranda”, da província do Uíge, está entre os escritores que mais se destacaram no Brasil durante o ano passado e, por isso, vai receber o Prémio Literarte de Cultura, edição 2013, da Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil, dia 15 de Maio.

 

Além disso, De Miranda participa com dois poemas na antologia “Palavra sem Fronteira III”, na qual estão representados escritores de nomeada e cuja publicação está prevista para 1 de Maio, na cidade de Poços de Calda, em Minas Gerais, Brasil.


O prémio, que não atribui um valor monetário, consiste num troféu Literarte, um certificado e um jantar, no qual vão estar presentes escritores de vários países igualmente premiados, incluindo, ainda, a possibilidade de publicar livros no Brasil.


Para o poeta angolano, a importância do prémio não é o troféu mas sim o reconhecimento que Angola vai ter em termos de divulgação, uma vez que a editora Literarte está associada a países influentes no mundo, como Estados Unidos, África do Sul, Portugal, Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Austrália e Argentina.


“Estar no Brasil, onde a literatura tem um mercado bastante amplo, é um estímulo para a literatura angolana porque não é fácil ser seleccionado num universo de mais de quatro mil associados da Literarte”, explicou.


De Miranda começou a interessar-se por literatura ainda em criança, mas a vontade de escrever surgiu apenas em 2006, na sequência de experiências vividas e partilhadas com amigos ligados às letras. O primeiro poema da sua autoria foi escrito no dia 30 de Junho desse mesmo ano.


Depois deste primeiro poema, ingressou na Brigada Jovem de Literatura Angolana (BJLA), onde teve o primeiro contacto com o escritor John Bella, que o incentivou a continuar a escrever. “Advertiu-me para não ter pressa de aparecer no mercado literário e aguardar o momento certo. E nunca pensar em desistir, pois a desistência ia ser uma derrota para alguém que tem o dom de escrever”, recorda.


Depois de participar regularmente nas actividades da BJLA realizadas na União dos Escritores, passou para o Núcleo de Estudantes da Literatura, que tinha como padrinho o escritor Jorge Macedo, que instruiu muitos jovens com vocação literária. Passou, também, pelo movimento literário Lev’Arte, onde teve a oportunidade de declamar pela primeira vez um poema da sua autoria numa iniciativa realizada na Chá de Caxinde.


De nome próprio João Sanda Lukoki Kutunga, De Miranda nasceu a 30 de Outubro de 1985, no município da Damba, província do Uíge. Quando estava a fazer a 1ª classe, o pai ofereceu-lhe três livros que atiçaram a sua curiosidade de menino e o gosto pela leitura.


Neste momento, tem o esboço do seu primeiro livro e garante que se ele tivesse de entrar já hoje no prelo estava preparado. A contrariedade prende-se com os problemas de ordem financeira com que se tem debatido.


“No nosso país é mais fácil produzir um músico, por causa do lucro imediato, do que investir num escritor”, lamentou. Do seu ponto de vista, “a história do homem só permanece quando é escrita e a literatura é o meio ideal para o fazer”.


A ida do jovem escritor para o Brasil, onde deve receber o prémio, está condicionada. Se não conseguir juntar os valores necessários para a deslocação, João Sanda De Miranda pode não estar presente na cerimónia de entrega de prémios. “A viagem está agendada para dia 9 de Maio”, refere, em tom de apreensão. É que, além do dinheiro que lhe falta para ir a ao Brasil, também o visto ainda não foi emitido e o tempo está a escassear. Aflito com a situação, escreveu para o Ministério da Cultura e para a secretaria de Estado da Juventude e Desportos a pedir apoio. Está agora à espera de uma resposta.
João Sanda De Miranda explicou que a antologia “Palavra sem Fronteira III” também vai ser lançada dia 13 de Maio, em Buenos Aires (Argentina). No dia 10 é publicada a obra “Grandes autores do Brasil”, onde tem também participação através do projecto “Alma Brasileira”, com o poema “Amanheceu Angola”, que pretende ser uma homenagem ao nosso país e onde estão espelhados os caminhos percorridos até se alcançar a Paz definitiva.

 

JOÃO SANDA, responde:


Qual foi o primeiro escritor que contactou?


Quando comecei a escrever, o primeiro escritor a quem apresentei o meu texto poético foi o John Bella, que me impulsionou a continuar a escrever e me disse que a desistência ia ser uma derrota.

Para quando está prevista a sua estreia no mercado livreiro?


Se dependesse de mim, hoje mesmo publicava um livro.

Quando é que veio para Luanda?


Vim para Luanda em 2000, como deslocado de guerra, na companhia de irmãos e dos meus pais. Naquela altura a província do Uíge não oferecia condições para se viver.

 

Aconteceu comigo
Caminhar a pé até Luanda

Não vou esquecer a minha vinda para a capital do país. Foi numa situação muito difícil. Os meus irmãos, o meu pai e eu tivemos de caminhar durante quadro dias para chegar a Luanda. Devido à guerra, o Uíge estava destruído.

 

 

                                                                                                             J.A

 

 

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