Por Makuta Nkondo.
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Na tradição kikongo, o processo de dar nomes aos filhos não é muito polémico. Os nomes kikongos não constituem famílias ou clãs.
Na tradição kikongo, nem todos os filhos e netos levam o nome do pai. Aos filhos de um casal, os nomes são dados alternadamente: o pai dá o nome ao (à) primeiro(a) filho(a), a esposa ao (à) segundo(a), assim sucessivamente.
Ou melhor são os membros dos clãs paternos, maternos e dos avós paternos e maternos que dão nomes aos filhos, de uma maneira alternada.
Raramente os nomes externos aos referidos clãs do pai e da mãe do filho são aceites. Pois, segundo uma sabedoria kikongo, “otumbula o muntu, kesokolola ezina ko”, o que significa dizer que um filho tem sempre o comportamento do seu chará.
Um filho que leva o nome de um pessoa benfeitora, é também bom. Um filho chará de um malfeitor, ele o é igualmente.
Por isso, um nome não eh dado a toa, sem estudar bem as raízes (origens) e o comportamento do futuro chará e mesmo da ascendência deste.
Mas a parte materna ou a mulher só pode dar nome ao (à) filho (a) com a autorização ou concordância do marido, para que não abuse dando chará a um amante.
O nome só é dado depois de o filho nascer e cair o umbigo.
Os nomes como Nkanga, Mpanzu, Miala pertencem também a clãs ou linhagens.
Os nomes têm significado e alguns diferem de uma região à outra dos bakongo. Também há certos nomes para mulheres e outros para homens ou nomes femininos e outros masculinos. Exemplo Nkenge (menina bonita), Ngundu (menina feia),e Toko, menino bonito.
Muitas vezes, o nome identifica a origem regional de um mukongo.
Há nomes naturais como os dos gémeos (Zi Nsimba), o primeiro a nascer chama-se Nsimba, o segundo Nzuzi. O filho que nasce depois dos gémeos chama-se Nlandu (do verbo Landa que significa Seguir) e o que vem depois do Nlandu chama-se Lukombo.
O último filho de um casal chama-se Nsuka (caçule).
Outros nomes são circunstanciais como os que são dados aos bebes que nascem de partos difíceis ou de mães cujos filhos morrem sempre; como Disila, Lusila (chega, que termine aqui), Matondo (agradecimentos), Nkiambi, Mbiyavanga (que mal fiz), Nsituazola (Queremos a terra).
Um bebe que nasce vivo de um parto que mata a mãe chama-se Masala (lê-se Massala). Aquele que nasce de uma longa gravidez (de mais de nove meses) chama-se Nzingila (lê-se Nzinguila, do verbo zingila que significa durar) e o que nasce prematuramente chama-se Nsuluka.
Um bebe que nasce adiantando a mão chamar-se-á Lombo ou Lomba (Pedinte, do verbo Lomba, pedir); ao bebe que nasce adiantando os pés dá-se o nome de Nsunda.
Um bebe que nasce com pernas e braços defeituosos chama-se Nsiala, e aquele com cabeça defeituosa é Simbi (Sereia).
Makuta Nkondo
Depois de dar o nome, os pais vão apresentar o bebe ao chará dele em casa deste levando um galo e bebida. O chara do filho prepara-se e em reciprocidade vai agradecer o gesto ou pela consideração à sua pessoa vestindo a mãe e o bebe (um pano para a mãe e roupa para o bebe). O pano da mãe é para levar o bebe nas costas.
Temos a seguir o exemplo de nomes kikongo e o seu significado:
Miala: administrador, dirigente
Muanda: alma
Mpanzu:
Mabiala:
Mpezo:
Mpinda: ginguba
Nguba: ginguba
Lunguba: ginguba
Mwanza ou Muanza: oceano, mar
Luvunu: mentira, falso
Nkembi: conquistadora, amadora
Nkembo: festa,
Kiese: alegria,
Nzau: elefante
Mpwanda: elefante
Mputuilu: resposta
Malenge: abóbora
Mbwende:
Lutete:
Lendo: poder,
Lusala: pena, trabalhem
Ngoma: batuque
Kiuma: objecto, coisa, algo
Nuni: pássaro, ave
Makuta: abraçador (verbo Kuta, abraçar)
Nkondo: embondeiro
Nswele:
Nswadi:
Matondo: agradecimentos. Cognomino que se dá a um filho que nasce de uma mãe cujos filhos morrem sempre ou que tem dificuldades de conceber
Mbiyavanga: fiz mal.
Diyavanga: o que fiz, o que tinha feito
Diabaka: o que o coração registou
Dinakumoyo: o que está no coração (o que me fez)
Dinakumbundu: o que está no coração (o que me fez)
Mavuila: os que sao teus, propriedades pessoais
Makuende: doença do sono, tripanossomiase. Nome que se dava as pessoas na época do surgimento da doença do sono. O nome pode pode significar também que há um perigo que afecta a família ou o clã.
Menakuntuala: futuro
Nzenze: grilo
Vatomene: Estah bom, ficou bem. A “família” ou clã ou mesmo a casa estah bem assim que nasceu um(a) filho(a)
Ntoka: jovem
Nzavuni: vem aldrabando
Luyindula: Pensem.
Dibanzilua:
Tembe: resto de pano, andrajo
Nkanga: bravura
Lendo: poder
Lulendo: orgulho
Mvindu: sujidade, nódoa,
Vindu: peso, forca (Vindu kia nkome: forca de um soco ou muro)
Vita: adiantar, preceder
Lomba: pedir, solicitar,
Ndombe: preto, escuro, negro
Nsungu:ramo de árvore
N΄sungu: fruto de embondeiro
Nkiambi: que mal?
Mbiyavanga: fiz mal
Mayamona: o que vi, o que me aconteceu, o que vivi
Lumanisakio: acabem-no ou o acabem
Zola: amar, gostar,
Nzola: amor
Sita: estéril, infértil
Mpata: cinco francos, escudo, moeda
Mbata: chapada
Komba:
Nzambiokusolola: Deus te revelara, descobrira
Luvuezo: desprezo
Nlongi: docente, professor
Longi: conselho,
Mbunga:
Bunga: destruir, estragar
Nsoki: maldade