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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Os Dambas têm história.

Publicado por Nkemo Sabay activado 12 Mayo 2011, 11:51am

Etiquetas: #Fragmentos históricos da Damba

 

Por Carlos Álves* .

 

A comparticipação dos dambas, nos actos gerais do terrorismo, é um tema que merece alguns momentos de reflexão. Viu-se já que eles não se precpitaram na prática de babaridades, como era exigido no manifesto do chefe. Desde o rebantamento do terrorismo, decorreu um mês sem darem sinal de si. Se as instruções preparatórias tinham sido as mesmas em todo território; se a ordem final foi a mesma, assim como o tipo de armas a utilizar; porque procederam de modo diferente ?

 A resposta talvêz possa ser dada pela força anímica que os move. Os dambas têm história. Entre os grupos étnicos que habitam o antigo reino do Congo, eles distinguiram-se sempre dos demais, pela macieza dos seus costumes, e pelo seu apego ao trabalho, nos vários ramos de agricultura, artesanato e negócios. No tempo em que as relações dos seres da extstência se processavam muito ao pé da Natureza, eles seguiam já regras certas  de vida morigerada, nos moldes duma civilização remota.

 

Bild33-copie-1                        Os mindamba em 1951. (foto Morais Martins )

 

No trato familiar o homem era o chefe, aoi mesmo tempo o braço produtor dos meios de bem-estar. A mulher era a auxiliar, a mantenedora da lavra da comida, e da educação dos filhos. Na agricultura, os dambas produziam os géneros próprios da terra, em grande escala, cujas sobras levavam a vender nas "quitandas" (mercados) da região. O feijão da Damba, amarelo. gordo,seleccionado.fez carreira no comércio português, do tempo da ocupação onde era permutado por tecido e quinquilharias.

 No artesanato, eles forjaram a enxada para amanho da terra, a catana para a roçagem da mata, a faca e toda uma teoria de utensílios para o uso doméstico. Nas suas forjas rudimentares fundiram metais e moldaram "malungas", argolas de várias bitolas com  que  as mulheres enfeitavam os tornozelos. Eram de arte e perícia, as aplicações de metais em embutidos, nas cadeiras de prestígios, nas bengalas e nos mais variados objectos de madeira.

 Na olaria, manufacturam a panela, a sanga para a água, o prato, o cachimbo e muitos outros objectos de uso caseiro. Em questões de negócio, foram mestres. Vendiam nas quitandas todos os productos da terra e de seu fabrico, além da criação e carne fumada. Tinha grande aceitação a "cuanga" por eles fabricada, o pão da terra, amassaddo com mandioca fermentada, formadas em bolas, envolvidas em folhas de bananeiras e cozidas a vapor. De madeira trabalhada ofereciam pequenas esculturas, cachimbos, colheres, pratos e várias outras peças de uso corrente.

 Como negociantes, bateram todas as outras etnias. No tempo do antigo Congo Belga, negociaram em câmbios, entre o franco belga e a moeda portuguesa de prata. Quanndo a produção de café começou a progredir, no Uíge, eles organizaram caravanas especiais para a compra de café, para irem buscar novo sortido de mercadorias, que ofereciam nos povos a preços mais baixos que os praticados pelo comércio estabelecido.

 Atravessavam a tronteira sem dificuldades, no exercício do seu amplo negócio, livre de quaisquer encargos fiscais. Com estas andanças eles prosperamram, em prejuizo do comércio legal. O contrabando dos dambas teve a sua história. Os danos causados ao comércio e ao erário público, foram de tanta monta, que o governo de Angola, em defesa dos interesses da Província, tomou providências drásticas. Os jornais da época referiram-se ao caso, largamente, considreando-o como flagelo do Congo.

 Em resumo: Gente com este perfil, dada ao trabalho e ao contacto permanente com outras gentes, poderá ter seus momentos de ira, mas não guardará no peito o ódio que perdura, nem o rancor. Isto talvêz explique a sua atitude no terrorismo, quando desistiu da degola de cabeças, e preferiu a guerra clássica de armas de fogo.

 Esta é a conclusão lógica, aceceitável e ajustada às qualidades atrás descritas.

 

(*)  Este texto foi retirado do livro "A Hecatombe" publicado em 1992 pela "Associação dos Amigos do Uíge". Carlos Alves nasceu em 1900 em Musserra, povoação comercial entre Ambriz e Ambrizete. Chegou ao Uíge em 1920 para gerir uma casa comercial e aí desenvolveu a sua actividade comercial e agrícola. Foi presidente da Câmara de Carmona (Uíge)de 1961 a 64 e deputado do partido único da ditadura à Assembleia Nacional. Faleceu em Portugal com a idade de 90 anos. 

 

 

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