O valor do MASIKULU
Por Patrício Batsikama
Masikulu
Grandes batuques, eram utilizados para grandes ocasioes: (i) Festa do ano MBANGALA. Entre Julho/Agosto realizava-se grandes festividades para lembrar os BAKULU (ancestrais). Alias, ainda até hoje há luvila que recorda que KUNA MBANGALA BATUKIDI AMBUTA. No seu sentido historico, significa uma coisa. No seu sentido religioso, era no NGUNDU (onde se encontra o actual KULUMBIMBI) que se realizava o CULTO aos ancestrais, e depois festejar para eles. Nessas ocasioes, eram os MASIKULU que tocavam.
Batuque trabalhado originário de Moçambique.Tambor de pele de antílope.
Sabem porque: MASI = o que nos vêm da terra. MASI pode tambem ser silabiado dessa forma: MA, prefixo de nobreza, e SI, NSI = Estado (país com suas leis). KULU = ancestrais. Pois acho que deve perceber que a importancia vital de MASIKULU que hoje (e num passado recente) já era coisinha de divertimento. Quem tocavam MASIKULU interpretavam as LEIS e a sua aplicabilidade... mas tudo isso desapareceu.
Eu conheci um senhor Alvaro Ntangu (em 2005 ele tinha cerca de 58 anos). Ele tocava e explicava MASIKULU. Ele ensinou-me algumas leis tocadas no MASIKULU... e consigo ainda interpretar alguma coisa, bastava ouvir; (ii) MUSICA. ou seja Grande Música. Masikulu é o batuque grande. Ele é tocado, mas com um fundo musical de pequenos batuque como Nkangi, Ndembu, Nkanda, etc. O grande divertimento dessa MUSICA TEATRAL é que dança-se ao som de MASIKULU.
Podemos ter em consideração que essas danças interpretavam a alegria que se tinha em relação aos ancestrais, na obediências das normas que eles estabeleceram, essa dança simbolizavam o pleno acordo e a sua observância. Nao sei onde foram pessoas que sabem coisas sobre esses instrumentos, sobretudo que sabem tocar MASIKULU. Nem todos devem tocar. Masikulu era um instrumento sagrado, pois quem tocava interpretava as Leis estabelecidas pelos ancestrais. Tudo está a desaparecer e nos a assistir sem poder de fazer nada. E isso doi. E doi muito para quem sacrificou a sua vida e pensar levar toda essa vida nas coisas culturais. O mundo capitalista hoje... O bom é que escolhi essa vida de estudar as nossas culturas angolanas... e assim continuarei.