O convite está lançado: "Longoka Kikongo"
Por Isaquiel Cori
Um facto de suma importância no domínio linguístico com a introdução no mercado do livro "Longoka Kikongo" ("Aprendam Kikongo"), de Miguel Barroso Quiala "Bwa Telama". Editado pela Mayamba, a
obra em dois volumes é simultaneamente programa, plano curricular, livro de leitura e gramática.
O segundo volume é completamente composto pela solução dos exercícios propostos no volume inicial.
O autor, não sendo linguista de formação, desde muito cedo se interessou pelas questões didácticas da sua língua materna. Na Missão Católica da Damba e nos seminários seráficos capuchinhos de São
Lourenço dos Brindes, em Kangola, e de São Paulo Apóstolo, em Luanda, que frequentou, foi estimulado pelos padres, com destaque para ofrei Flaviano Petterlini, a aprofundar-se no conhecimento do
kikongo.
O Autor Miguel Barroso Kiala "Bwa Telema"
A formação e a experiência pedagóica que possui (licenciatura em Filosofia pelo ISCED/Lubango e docência na Filosofia pelo ISCED/Lubango e docência na UTANGA) foi fundamental para compor e
estruturar o "Longoka Kikongo".
Só para atestar da seriedade do trabalho que levou à sua elaboração, basta dizer que o livro contou com a revisão científico-pedagógica do reputado académico Samuel António Kimbangala, que
adequou a obra às normas linguísticas em vigor no ensino das línguas em Angola, e a revisão linguística do jornalista de origem mukongo, Siona Casimiro. Entre as entidades que patrocinaram a
publicação do li-
vro está o INIDE - Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação, responsável pela elaboração dos manuais do ensino geral na República de Angola.
O autor reconhece a sua condição de "autodidacta curioso" mas realça a sua longa experiência e formação como professor e falante da língua Kikongo.
A sua intenção, diz, "é ajudar aqueles que querem adquirir conhecimentos básicos da língua nacional Kikongo para com base nestes adquirirem outros mais aprofundados e aperfeiçoados".
Miguel Quiala "Bwa Telama" exprime as suas intenções ao elaborar o "Longoka Kikongo" nos seguintes termos:
"1 - Contribuir para conservação e divulgação da cultura endógena de Angola;
2 - Contribuir para o melhor conhecimento do povo angolano, no caso vertente do povo Mukongo;
3 - Ajudar os órgãos governamentais encarregues da Educação e do Ensino a encontrarem saídas para o ensino da língua nacional Kikongo nas escolas;
4 - Dar conhecimentos iniciais e de base àqueles que sentem a necessidade e o desejo de conhecerem o Kikongo;
5 - Fazer com que mesmo os falantes da língua Kikongo tenham algo de teórico escrito sobre a sua língua que lhes permita conhecê-la do ponto de vista técnico e científico."
A motivação que o guiou, diz o autor ao jornal Cultura, "foi a de cumprir uma missão de cidadania", inspirado pelas palavra de Agostinho Neto, no poema "Havemos de voltar": "à nossa Cultura
havemos de voltar".
Miguel Quiala "Bwa Telama" remata, em jeito de paráfrase: "não podemos voltar à nossa Cultura sem o conhecimento das nossas línguas. E o Kikongo é a língua que conheço melhor".
Com uma longa carreira no professorado e uma pós-graduação em Gestão dos Recursos Humanos pelo Instituto Superior de Gestão de Lisboa, Miguel Quiala, nascido em 28 de Dezembro de 1951 na Damba,
Uíge, é autor dos livros "Ingana Mvovo Mya Bakongo" ("Provérbios e Máximas dos Bakongo"), editado pelo Instituto Nacional do Livro e do Disco, e "Wavunzwa", novela em português sobre as
peripécias amorosas de uma jovem da comunidade bakongo.
Jornal Cultura