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13 Dec

O Bispo Afonso Núnes da Igreja Tocoísta.

 - Etiquetas:  #Religião

 

 

 

 

 

O Bispo Afonso Núnes é o responável máximo da Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo no mundo,vulgo"Tocoísta".Ele é natural da comuna do  Nsosso, muinicípio da Damba.
Igreja de Nosso senhor Jesus Cristo no Mundo (Tocoista) foi fundada em 25 de Julho de 1949, pelo profeta angolano Simão Gonçalves Toco.
Entrevista feita pelo José Kaliengue do jornal *O Pais*

"Simão Tôco está em mim como um fato-macaco"

Sr. Bispo, quando alguém tem contactos com membros da Igreja nota, seguramente, que os seus membros se vestem de branco. Porquê?


Está na sagrada escritura, no Apocalipse, onde se diz, bem, que aquele que está sentado no trono, de vestes brancas … e no capítulo seis, Apocalipse ainda, assim como nos capítulos nove e onze, que aqueles que foram sacrificados por causa da palavra de Deus lhes foi dito que sentassem um pouco de tempo e aguardassem pelos irmãos que estavam a ser sacrificados e, enquanto aguardavam usavam vestes brancas. Então, para nós, a cor branca significa paz dos céus e a pureza, sobretudo. Onde há o espírito santo há pureza, e a pureza é o reino de Deus que nós esperamos, um reino de paz, justiça e harmonia, acima de tudo.


Outra característica atribuída aos seguidores de Simão Tôco é a manifestação de alegria quando morre alguém, isso é verdade?


Para nós os cristãos, Jesus Cristo morreu e ressuscitou. A partir daí os homens deixaram de temer a morte, deixaram de pensar que quando alguém morre desaparece em definitivo. Os tocoístas ganharam esta esperança na ressurreição de Cristo. E porque por Ele foram e são ensinados,manifestam esta alegria, principalmente quando a pessoa trabalha bem a palavra de Deus, quando termina combatendo. O salmo cento e dezasseis, versículo quinze diz: preciosa é a morte dos fiéis cessantes diante de Deus. É assim que os cristãos tocoístas manifestam essa alegria pela pessoa que fez um bom combate na sua carreira, como Paulo dizia na sua segunda carta a Timóteo, capítulo quarto, versículo sete: combati um bom combate e terminei a minha carreira. Agora uma coroa de justiça está à minha espera, não só para mim mas para aqueles que aguardam a vinda de Cristo. É assim que os fiéis tocoístas quando acham que um dos seus companheiros, um dos seus membros que deixa este mundo teve um papel brilhante, sabendo que foi ao encontro do Senhor, que não se perdeu e que teremos um reencontro, é com esta esperança que se manifesta a alegria porque deixou o mundo de dificuldades e ganha a plenitud

E quando se nasce?


Quando se nasce maior é a alegria, mas é sempre melhor o dia do fim que o do nascimento. Porque o dia do nascimento é de alegria mas vai começar-se uma etapa difícil. Crescemos, reproduzimos, envelhecemos e morremos. Essa etapa é de muitas dificuldades. É de muita alegria porque nasce uma vida na terra que vai dar o seu contributo na sociedade e na igreja, vai contribuir para a obra de Deus. Isso faz-nos alegres, esse início, mas quando terminamos, maior é ainda a alegria.


A igreja de Simão Tôco está em todo o país e em outras partes do mundo mas não deixa de ser uma derivação da Igreja Baptista …


Certo


O que distingue, hoje, a Igreja Tocoista da Igreja Baptista?


Diz muito bem, a igreja de Tôco saiu da Igreja Protestante, a Baptista, e posso explicar como foi isso. No início, a Igreja de Cristo era uma única.

Mas depois, nos séculos onze e doze, com o surgimento dos ortodoxos, e depois, no século dezasseis com o surgimento de Luter, a igreja começa a ter cisões e derivações que ainda hoje se conhecem. Os tocoistas também surgem da Igreja Baptista, por causa do Espírito Santo. Quando em mil novecentos e quarenta e seis se realizou em Leopoldville a Conferência Internacional Missionária, que reuniu todas as missões do mundo, congregando quarenta e nove delegações, tratou-se da civilização africana, do aumento da educação e instrução dos povos de África, dos seus direitos e de outras coisas importantes para que o povo de África pudesse alcançar níveis mais altos na civilização. Nessa altura acharam os missionários que seria bom fazer uma oração a Deus, para que atendesse às necessidades dos africanos e que essa oração fosse feita pelos próprios africanos. Os missionários viram que aquela oração não deveria ser feita por estrangeiros mas sim pelos próprios africanos. Assim, depois de três dias de conferência, foram indicados, para fazer essa oração, o reverendo Adão Gaspar de Almeida, o reverendo José Chihula Chipenda e Simão Gonçalves Tôco.

Os missionários instruíram a cada um para que dissesse e pedisse aquilo que era necessário para África. O primeiro deveria pedir instrução e a união entre pretos e brancos. O reverendo Gaspar de Almeida fez esta oração pela missão metodista, que antigamente se chamava Scopar.

Depois o reverendo Jesse Chiule pediu para que os africanos tivessem poder económico e financeiro, tal como os brancos, dignidade, no fundo.

Pediu também pelo fim da separação entre pretos e brancos, porque um dos temas daquela conferência foi a diferença entre reverendos brancos e pastores pretos. Não havia união, havia separação e desentendimentos.

A Simão Tôco disseram que deveria pedir apenas o Espírito Santo. Diziam que o que os seus irmãos haviam pedido não aconteceria, que iria continuar tudo na mesma se não se pedisse ao Espírito Santo. Assim foi que Simão Tôco orou ao Espírito Santo durante três minutos. Depois de três anos, no dia vinte e cinco de Julho o Espírito Santo desceu. Quando aconteceu essa manifestação do Espírito Santo, os missionários começaram a constatar grandes enchentes no templo de Itagar, em Kinshasa, coisa que nunca acontecia, e começaram a interrogar: Simão, diz-nos o que tens pregado a esse povo, nós estamos em Leopoldville há setenta anos e nunca vimos o templo a encher desta forma, o que tens ensinado?


E ele disse?


Ele dizia-lhes que ensinava palavras que retirava de livros que tinha recebido do estrangeiro. Os missionários pediram e viram os livros. Aí disseram que ele não deveria continuar a ensinar aquilo, que deveria guardar os livros para que não fosse acusado pelas autoridades. Ele disse que não poderia ser acusado porque se tratava da palavra de Deus. Os missionários argumentaram que se tratava da libertação de Israel e outras coisas e que ele poderia ser visto como estando a fazer política, portanto ele deveria ler para si apenas ou mesmo guardar os livros. Mas ele continuou a 


ensinar e o templo continuou a encher. No dia nove de Setembro de mil novecentos e quarenta e nove os missionários protestantes acharam por bem expulsar Simão Tôco. Tanto a ele como aos seus seguidores, porque não queriam ouvir e parar com a manifestação do Espírito Santo. Porque as pessoas, quando fossem atacadas pelo Espírito Santo falavam coisas tremendas, anunciavam o fim do colonialismo em África e isso amedrontava os protestantes que tinham, por um lado, a missão de anunciar a palavra de Deus, mas por outro lado tinham de proteger o colonialismo porque sem isso eles seriam expulsos. Foi assim que surgiu o tocoísmo, a partir da Igreja Baptista, como forma de conduzir a igreja de Cristo que deve levar a sua mensagem até aos confins do mundo.

 

Sessenta anos depois a Igreja vai-se espalhando pelo mundo e está em Madagáscar. Quantos fiéis há por lá?


Em Madagáscar temos uma igreja embrionária, está a iniciar agora, trouxeram-me a lista, estamos quase a atingir os cem membros, mas temos outras igrejas novas em franco crescimento, como os casos do Zimbabwe, de onde acabei de receber o relatório do pastor responsável. É uma igreja que já tem dois mil membros, começou agorinha, não vai um ano, o que significa que a Igreja está a crescer.

Falo apenas destes países mas há outros.

UNIVERSIDADE E RÁDIO TOCOÍSTAS NA FORJA

E nestes países em que a Igreja vai chegando é tida como uma Igreja de Angola ou como uma Igreja mais universal?  A Igreja de Cristo sempre teve uma fonte, o sítio de onde partiu, mas mesmo assim a Igreja é universal. Também a Igreja de Jesus Cristo no Mundo, a Igreja Tocoista tem, uma sede, uma fonte que é Angola, mas é universal. Em toda a parte se sabe que é a Igreja de Jesus Cristo no Mundo, mas que a sede é Angola, em Luanda. Olhe, parece que sonhou, ainda ontem o representante no Zimbabwe apresentava-me uma questão sobre o reconhecimento da Igreja lá e ele precisava dos estatutos daqui para provar lá que é uma Igreja que existe mesmo e que está reconhecida pelo Estado Angolano.


E as relações com o Estado angolano, como é que estão?


Bem. Podemos agora considerá-las positivas. Já passou o tempo sombrio. Entre mil novecentos e setenta e cinco e a década de noventa as relações não eram tão boas, o país tinha uma política que não aceitava a Igreja de Deus, no tempo do mono partidarismo. A Igreja Tocoísta, como uma força que não se cala, que deve falar a verdade, ainda que isso custe a vida, então, nessa altura isso provocou a degradação do relacionamento entre o primeiro Presidente deste país, o Presidente Agostinho Neto e o Simão Tôco. Isso trouxe problemas que todo o mundo conhece. A partir do ano dois mil, com a minha vinda em espírito, procuramos relançar as relações e procurar caminhos bons e hoje estamos a andar de mãos dadas, sobretudo nos projectos da educação, saúde e tal como temos participado activamente na pacificação dos espíritos e em questões que são de interesse nacional. Deixe-me também agradecer, através do vosso jornal, a mensagem que nos foi enviada por Sua Excelência, o Senhor Presidente da República no dia do nosso aniversário, foi reconfortante e animadora.


Essas relações que diz serem excelentes podem levar à aprovação de uma universidade tocoísta?


Este é um projecto, entre outros que a Igreja vai tendo, e que esperamos, na altura, quando o apresentarmos, ainda estamos a amadurecê-lo, que o governo não veja razões para o não aprovar, até porque será também um projecto de interesse nacional.


Será uma universidade teológica ou aberta?


Será uma universidade para todas as áreas, teremos faculdades de direito, medicina e outras disciplinas …


A rádio é que parece estar já pronta …


Ainda não. É um problema que está pendente, estamos à espera da autorização do Ministério da Comunicação Social …


Mas já têm os estúdios no Golfo


Estamos a criar, estamos a caminhar, ainda não terminamos, os equipamentos ainda não entraram no país. Estamos à espera que o Ministério da Comunicação Social nos dê a devida autorização. Mas neste mês de Agosto iremos enviar dois técnicos ao exterior para fazerem uma boa formação e iremos pressionar um pouco mais os órgãos do Estado para vermos se este projectos dá passos.


Os apoios que têm fora de Angola baseiam-se apenas nas comunidades tocoistas ou têm relações com outras igrejas e outras instituições?


Temos relações com outras organizações, federações, mas nós não recebemos apoios financeiros dessas organizações, nunca pedimos.

Mas temos recebido apoios porque quando as pessoas se fecham ficam limitadas, mas quando se abrem ao mundo adquirem mas conhecimentos. Temos participado em conferências internacionais com gente de vários calibres e, algumas vezes, provenientes de mais de cem países do mundo. Aí fazemos sentir a nossa voz e, aí, a nossa Igreja é conhecida, divulgada. São os ganhos que temos tido. Não saõ materiais, mas espirituais.


Qual é o papel da mulher na visão da Igreja, vestem-se de branco, cobrem o cabelo … há alguma razão especial para isso?


Tudo o que falamos e fazemos é bíblico. Cobrir o cabelo, Paulo diz aos coríntios, capítulo onze nos versículos quinze e dezasseis … podemos começar no versículo três até ao sete, diz que a mulher deve cobrir o cabelo para o respeito diante dos anjos. O véu, para a mulher, é sinal de poderio e, por isso a mulher não pode ficar sem cobrir a cabeça, o seu cabelo. Se para a mulher não é bom rapar o cabelo, também não é bom estar diante dos anjos com o cabelo à mostra. Paulo diz, no versículo dezasseis do mesmo capítulo onze, que nós, crentes, não duvidamos. Se alguém quiser duvidar desses nossos preceitos, nós não somos dessa natureza. Assim fazemos o que ele nos manda fazer. Assim as mulheres cobrem a cabeça. Quanto ao seu papel, é bem reconhecido. A mulher faz quase setenta por cento da massa de qualquer igreja nesse mundo

As mulheres são a maioria em todo o mundo e têm tido um papel determinante no desenvolvimento da Igreja, participam activamente em todas as actividades. Anteriormente as mulheres não tinham o direito de estar à frente do púlpito, mas com as reformas que vamos fazendo hoje a mulher já dirige cultos, vão ganhando mais prestígio. Elas vieram como nossas adjutoras e não como nossas servas, elas ajudam-nos. Veja-se que elas não foram tiradas de um osso na nuca ou do pé, foram tiradas da costela para estarem sempre ao nosso lado. É assim que desde o ano dois mil, com as nossas reformas, hoje a mulher já faz parte do corpo de mesa, ministra cultos e tem ocupado outras áreas. Nós, na Igreja tocoista, a nossa pasta de finanças está nas mãos de uma mulher. E as finanças são sempre a parte mais complicada em todo o mundo, a que traz mais confusão. A nossa “ministra” das finanças é mulher.


E a sua relação com Simão Tôco, a Igreja, como foi que começou?


O bispo Afonso Nunes é filho de tocoístas. Nasceu e cresceu na Igreja tocoista. O bispo foi baptizado aos dez anos quando, na altura, a regra era que se fizesse o baptismo aos onze. Isso foi porque em mil novecentos e setenta e cinco, com a Igreja ainda em funcionamento, era o penúltimo ano de funcionamento, depois foi encerrada, houve, nessa altura, um baptismo, no mês de Dezembro, em que, ao seleccionar os candidatos, os anciãos verificaram que o menino Afonso Nunes também deveria ser baptizado. Houve dúvida entre eles, o menino ainda não tinha onze anos como exigia a lei da Igreja. Outros diziam que tinha de ser baptizado por ser um menino que participava bem nos coros e por estar sempre presente nas actividades da Igreja, além disso, diziam alguns, a Igreja poderá vir a ser encerrada, por isso essa é a oportunidade de baptizar o menino no rio. Foi assim que aos dez anos o menino Afonso Nunes foi baptizado. Depois, aos quinze/ dezasseis anos o menino Afonso é revestido pelo Espírito Santo. Como sabe, a Igreja Tocoista é uma Igreja espiritual que funciona através do espírito que entra nas pessoas, as pessoas são habitadas, os chamados vates, e esses transmitem a mensagem de Deus. Os que escutam a mensagem têm a missão de a analisar e ver se as mensagens são verdadeiramente de Deus ou não, e verificam o seu cumprimento naquilo que os vates dizem. É assim que sempre se achou que o menino tinha um dom, um talento. Aos dezoito/dezanove anos, o jovem Afonso Nunes foi arrebatado, ao ponto de as pessoas dizerem que estava maluco, depois de ter estado doente durante uma semana em que não falava, não comia quase nada e um dia levantou-se e pediu que se fizesse uma oração. Foi feita e depois tomou um caldo. A seguir anunciou a mensagem sobre o que sentia.


Tudo começou aí, portanto?


Foi. Porque depois de alguns dias houve outra crise, mas desta vez o jovem foi dado como maluco. Foi levado ao hospital psiquiátrico de Luanda, os doutores fizeram exames e verificaram que não havia nada de errado. A direcção foi, então as clínicas privadas onde tudo o que se notava era que tinha a temperatura corporal muito alta. Foi tratado, embora não fosse nada de especial. Pensou-se em acorrenta-lo mas o problema era que viam que tudo quanto Afonso Nunes dizia no dia seguinte acontecia. Se dissesse que amanhã à hora X vai acontecer isso e aquilo.

No dia seguinte realizava-se tal como dito. Percebeu-se então que não estava maluco, não havia razões para o acorrentar. Devolveram assim o jovem Afonso Nunes à família e já na terra natal …


E a terra natal fica aonde?

Município da Damba, comuna de Sosso. Aí fizeram-se rituais na igreja e a partir daí recuperou completamente, o Espírito Santo entrou

E Simão Tôco?


A relação do agora bispo Afonso Nunes e o dirigente que o usa foi que sempre que Afonso Nunes estivesse a dormir tinha visões, embora fisicamente o não conhecesse. Eram visões em que estavam juntos. Uma vez, por causa de uma dúvida que o jovem Afonso Nunes tinha sobre se deveria ou não passar umas férias num determinado local, até porque a família não aceitava que ele lá fosse por suspeitas sobre feitiços, mas o jovem, teimoso, sempre foi e lá apanhou uma doença muito forte. Nesta noite apareceu o dirigente Simão que chamou pelo jovem e disse: menino, você não gosta de ouvir a sua mãe e deu umas quantas palmadas na mão do rapaz com um ralhete para sair de imediato da aldeia. O rapaz acordou e viu que estava noite cerrada, no dia seguinte voltou à sua aldeia. E ao chegar ao tabernáculo, tudo quanto o dirigente dissera naquela noite estava a ser repetido pelos profetas, quase textualmente. Foi neste sentido que a vida do jovem se foi transformando e, a partir daí esses encontros e visões se foram repetindo, embora o jovem fosse vate … vaticinava, profetizava … e a Igreja também achava no jovem uma virtude e amparava-o. Na verdade, Afonso Nunes não começou a ser amado na Igreja hoje que é dirigente, sempre foi amado e a Igreja sempre teve com ele alguns cuidados.  Em mil novecentos e noventa e seis, a igreja do Negaje vendo na pessoa do jovem as manifestações do Espírito Santo procuraram sempre aproximalo, levando até comida à casa do rapaz, para o sustentar, porque viram que era a pessoa que deveriam amparar. Depois disso, trabalhando no hospital do Negaje, e a seguir a isso, em noventa e oito a trabalhar com a Cruz Vermelha Internacional, num programa de saúde e em dois mil, já regressado ao hospital do Negaje, é aí que vem a mudança


Numa noite surgiu o dirigente que disse: Afonso Nunes, em ti trabalharei, em ti reerguerei o meu tabernáculo que está caído. Isto é, a Igreja que está caída, em ti falarei. Foi neste sentido, com estas palavras dirigidas, o jovem perguntou: e como farás isso? E ele disse olha, então vestiuse de um fato macaco, fechou-o e disse: assim farei em ti. Textualmente. “Em ti falarei, vai para Luanda”.

Mas o corpo hesita, e começaram as profecias mas o jovem fugia, afastava-se até da Igreja, até que um dia a Igreja decidiu agarrá-lo e enviá-lo a Luanda. Agarraram nele e disseram hoje daqui já não sai, vamos a casa dele arrumamos a mala e por volta das catorze horas deverá seguir para Luanda, não podemos ser culpados pelo não cumprimento daquilo que o espírito santo quer. Às catorze horas apareceu em casa acompanhado por seis pessoas que arrumaram as coisas. A família não sabia, a esposa perguntou para onde iriam, e os velhos responderam: então vocês não sabem que este vosso filho é servo de Deus? Ainda o pai do bispo retorquiu que se tinha falado e escrito à Igreja para que se escolhesse outra pessoa, mas a Igreja disse que não eram eles a escolher mas sim o Espírito Santo.

Não podendo duvidar o velho pai anuiu dizendo-se doente e que se morresse que assim fosse e que se deveria orar para que ele, o jovem, fosse cumprir a missão de Deus, se era uma missão de Deus. Nem a mulher se despediu dele, cruzou as mãos. Postos na paragem, já dezasseis horas, não havia carros, àquela hora não os havia, até porque a UNITA atacava os carros na via entre o Uije e o Negaje, àquela hora era já perigoso. O jovem quase que orava para que não surgisse qualquer carro, mas quando menos se esperava surgiu o comandante municipal com uma viatura e com quatro lugares disponíveis, os quatro necessários. E assim foi. E a partir daí a vida de Afonso Nunes mudou até hoje. A partir daí já não é Afonso Nunes que vive mas Simão Tôco que vive nele e através dele faz as suas obras.


A relação dos membros da Igreja com pessoas de fora, pode haver casamentos, amizades?


Não seria bom que houvesse um jugo desigual. Quando a pessoa vai casar com alguém descrente colocase sob um jugo desigual, isso não é bom, como dizia Paulo, mas o próprio apóstolo abre uma outra excepção dizendo que se uma mulher crente acha que quer casar com um homem não crente pode fazê-lo, desde que ache que pode viver bem. Pode ser que através dela, ou dele, o outro ou a outra venha a crer. É neste sentido que se pode casar com pessoas de fora, mas uma regra bem estabelecida e que antes se seguia à risca, era que um membro tocoísta não deveria casar-se com alguém de fora. Os católicos também o faziam, seguiam esta regra, mas hoje, com a globalização, com o nosso mundo de hoje, a Igreja vem cedendo e permite casamentos com pessoas não crentes, desde que consigam a paz.

José Kaliengue 
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