O ataque do 20 de Maio de 1961 - Batalha da Damba.
Por Carlos Álves*.
E voltaram dias depois, mas não foram felizes. A Administração do Concelho havia recebido já um destacamento militar, que os pôs em fuga. Agora, a população da vila, com a ajuda da força militar, sente-se em melhores condições para aguentar o choque. Os rebelados, no entanto, querendo obter um resultado favorável, atacaram de novo. Desta vez entraram do lado da Missão Católica, dirigindo-se para a Igreja da Vila, onde estavam concentrados os missinários e grande números de fiéis.
Abriram fogo, com gritaria infernal. Os fiéis,amendrontados, pediram a Deus que os salvasse. Causava pena vê, los em atitude de desespero, rostos súplices, ânimos abatidos. Um padre capuchinho, na tentativa de conter a horda em respeito, saiu para a rua e avançou a braços abertos. Devia estar possuido de fé e de convicção na influência que iria exercer. Os primeiros paços triunfantes, animaram-no a prosseguir.
Mas os atancates não se comoveram. Passados os momentos de surpresa, ABATERAM-NO, sem delongas, com os seus tiros certeiros. Pode dizer-se que esta foi a batalha decisiva. Os rebelados fizeram mais incursões, todas com resultados desastrosos. A guarnição militar existente, reforçada com nova tropa, rechassou todas as investidas.
E os civis, com tréguas vigilantes,voltaram às suas casas e regularam as suas vidas.
(*) Este texto foi retirado do livro "A Hecatombe" publicado em 1992 pela "Associação dos Amigos do Uíge". Carlos Alves nasceu em 1900 em Musserra, povoação comercial entre Ambriz e Ambrizete. Chegou ao Uíge em 1920 para gerir uma casa comercial e aí desenvolveu a sua actividade comercial e agrícola. Foi presidente da Câmara de Carmona (Uíge)de 1961 a 64 e deputado do partido único da ditadura à Assembleia Nacional. Faleceu em Portugal com a idade de 90 anos.