Malária é a principal causa de mortes
Por António Capitão

Estão em curso várias acções para se evitar a propagação da doença no seio das crianças
Fotografia: João Gomes
A malária provocou, no ano passado, no Uíge, 512 mortes, maioritariamente em crianças até aos 5 anos, disse, ontem, ao Jornal de Angola, a supervisora provincial do programa de controlo da
doença.
Carlota Chiangango afirmou que a auto medicação e a chegada tardia dos doentes às unidades sanitárias são as causas da maioria das mortes por malária e que o não uso de mosquiteiros impregnados e
a falta de observação de outras formas de prevenção fazem com que muitas pessoas contraiam a doença.
“Das mortes registadas nas várias unidades sanitárias da província do Uíge, pelo menos 35 por cento devem-se à malária”, referiu, acrescentando:
“As crianças até aos 5 anos são as mais vulneráveis, representando 36 por cento das 512 pessoas que, no ano passado, morreram devido à malária”.
A malária, lembrou, é uma doença infecciosa grave que se transmite de forma rápida pela picadela de um mosquito, sendo por isso necessário ser tratada logo após os primeiros sintomas.
A enfermeira salientou também a importância do uso de mosquiteiros tratados com insecticida, que são distribuídos gratuitamente nas consultas pré natais e nas pediatrias. “Temos feito o
acompanhamento médico dos vários casos de malária notificados na província graças à instalação de pontos focais nos municípios”, disse, garantindo haver reservas suficientes de anti palúdicos nos
hospitais, centros e postos de saúde da província, que são distribuídos gratuitamente à população.
Sobre reclamações, sobretudo de mães, quanto à não disponibilização do Coartem às crianças que vão às consultas, esclareceu que “nem toda a dor de cabeça ou febre significam” malária.
Carlota Chiangango afirmou ser necessário que as análises clínicas revelem resultado positivo para ser confirmada a doença e administrado o tratamento com Coartem.
Muitas vezes, prosseguiu, as dores de cabeça ou aquecimentos corporais são causados por cansaço ou outra infecção, não havendo, então, motivos para se dar o combinado de Arteméter/Lumefantrina.
Distribuição de mosquiteiros e apostas para o corrente ano
Mais de mil mosquiteiros tratados foram distribuídos desde o ano passado, revelou Carlota Chiangango, referindo que a iniciativa pretende proteger as crianças e as mães grávidas das picadas
do mosquito e contribuir para a redução da mortalidade materno-infantil.
Além disso, a direcção provincial da saúde, em parceria com a Cooperação Cubana, está a desenvolver um programa de desinfestação de casas, charcos e amontoados de lixo para aniquilar mosquitos,
baratas, percevejos e outros insectos causadores de doenças.
As autoridades sanitárias da região apostam, este ano, em acções que facilitem o acesso de mais pessoas ao tratamento da doença, principalmente as que vivem nas áreas de risco, anunciou a
supervisora provincial do programa de controlo da malária. A vigilância epidemiológica da doença vai ser reforçada e melhorado o processo de notificação dos casos e óbitos causados pela
malária, garantiu.
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J.A