Laços diplomáticos no reino do Congo.
Por Nicodemos Paulo.
O historiador e professor Universitário Manzambi Fernando afirmou há dias, na cidade do Uíge, numa palestra, que o reino do Congo já realizava acordos diplomáticos com outros reinos e alguns estados centro africanos antes da chegada dos portugueses.
Na conferência, subordinada ao tema "primeiro embaixador do Congo no Vaticano", realizada na antiga Câmara Municipal do Uíge, no âmbito das comemorações do Dia da Cultura Nacional, o historiador
referiu que antes da chegada dos portugueses, os reis do Congo já tinham contactos com os lundas, os kimbundos, ovimbundos e outros Estados Centro Africanos. "Se na época colonial não foi
possível valorizar estes nomes, hoje a situação é completamente diferente porque é possível estudá-los, divulgá-los e enquadrá-los no contexto sócio cultural do reino do Congo", disse o
historiador.
Durante a palestra, Manzambi Fernando procurou identificar as acções diplomáticas realizadas no antigo reino do Congo, tendo afirmado que "com Ne Vunda prova-se que a história da diplomacia
angolana não é recente, pois antes da chegada dos portugueses ao antigo reino do Congo, ela já existia".
Conta que, em1512, o rei do Congo propôs um embaixador para o Vaticano, pois "procurava ter relações directas com a Santa Sé, fugindo à intermediação portuguesa nas relações com a
Europa".
"Se o reino do Congo era um Estado cristão, admitia-se a hipótese de manter relações com a Santa Sé", afirmou, recordando que, em 1604, o rei do Congo, D. Álvaro II, enviou o seu primo D. António
Manuel Ne Vunda numa missão diplomática ao Vaticano.
O primeiro embaixador da África subsariana no Vaticano recebeu a visita do Papa Paulo V, a quém entregou as recomendações trazidas do Congo. Apesar de D. António Ne Vunda não ter exercido a sua
função como Embaixador, ainda assim a sua viagem teve um grande impacto no Vaticano.
J.A