“Um Antigo Combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores: A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a esse propósito, indiferentes: foram, simplesmente ,soldados portugueses”.
António Barreto 10.JUN.2010
………..
Era uma vez uma guerra, há muito tempo atrás. Num tempo em que a qualquer pretexto se arriscavam vidas e sem qualquer pudor se tiravam vidas inocentes.
Era uma vez uma guerra. Dito desta forma, parece que contamos uma história fantasiada, que nunca aconteceu senão no terreno fértil da nossa imaginação. Era bom que assim fosse. Que esta história fosse realmente fictícia e que pudéssemos contar começando por “era uma vez”.
Era ainda melhor que esta história terminasse com um “ e viveram felizes para sempre”.
Mas não é o caso.
Na história da guerra do Ultramar, o desfecho é o que todos conhecemos: milhares de soldados perderam a vida em combate. Companheiros de batalhão, amigos, camaradas, rostos que nunca esqueceremos e que fizeram parte de uma história onde eles “ não viveram felizes para sempre”
Não viveram para contar a história aos filhos e aos netos… Não viveram para concretizar sonhos de juventude… Não viveram para chegar ao futuro que ambicionavam… Não viveram para cumprir promessas adiadas pela guerra… E não viveram para enxugar as lágrimas dos que choraram a sua perda.
Na guerra do Ultramar, ninguém ganhou e todos perderam. Pais perderam filhos, mulheres perderam maridos, crianças perderam pais … E nós não perdemos apenas camaradas e amigos, perdemos também uma parte de quem somos. Será que algum voltou de África como para lá foi? Certamente que não. Todos nós lá deixámos um pouco de vida, de fé, de sonhos,
de esperança… E, ao fim e ao cabo, todos nós lá ficámos, ainda que em pensamento .
África e a guerra mudaram-nos, para sempre. Não foi apenas uma experiência que passou, mas uma lição para toda a vida. Regressámos doutorados nas coisas da vida e da morte. Aprendemos a encarar a morte de frente e a viver com mais querer. Acima de tudo, reaprendemos a viver.
E voltámos com muito mais bagagem do que fomos, cheios de novos anseios e expectativas, uma esperança renovada e uma forma diferente de estar na vida… VIDA foi o que de melhor trouxemos de África. Mas nem todos os camaradas tiveram a mesma sorte. E é a eles, aos que não conseguiram regressar com VIDA, que dirigimos estas palavras sentidas.
Continuaremos a relembrar os nomes e rostos de todos os que lutaram condignamente, e até ao fim, pelo Batalhão de Caçadores 141. Não sobreviveram à guerra, mas continuarão a viver nas nossas memórias e todos que, depois do nosso regresso deixaram o nosso convívio .
Até sempre camaradas!
Os mortos em campanha do Batalhão de Caçadores 141
Nome UN OP Data Loc da Sepultura.
Abílio Ribeiro CSS 30.08.61 Maquela do Zombo
José António Faustino CCaç 142 24.07.61 Negage
Horácio Alberto R.Piriquito CCaç 142 31.01.62 Cemit concelhio
João Mota dos Reis CCaç 142 01.02.62 Cemit concelhio
António A. Martins F. Picota CCaç 143 29.07.61 Freg natural
José Guilherme Pimenta CCaç 143 24.08.61 Conchada (Coimbra)
E é com o pensamento posto nos companheiros mortos em combate que esperamos manter
viva a sua memória. Continuaremos a relembrar os nomes e rostos de todos os que lutaram
condignamente, até ao fim, pelo Batalhão Caçadores 141.
Até sempre camaradas!
Pesquisa do ARTUR MÉNDES
Hamba Nami, Vuyo Mokoena.