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24 Jul

Homenagem ao Albertino dos Santos Almeida.

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Fragmentos históricos da Damba

 

Por Sebastião Kupessa.

 

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Este ano, Damba comemora o centenário da presença portuguesa, com efeito, o site da Damba, vem honrando os lusitanos que, pelo amor deste território que faz parte da província do Uíge, se ilustraram em actos sociais ou humanitários dignos de louvor. Depois do sr. Francisco Nicolau, referenciado pelo nosso colaborador Daniel Zola "Dinyux", o Dr Camilo Afonso "Nanizau" elogiou os homens que compunham o famoso Batalhão de Caçadores 141, do exêrcito português, citou especialmente o Sr Albertino em seguintes palavras: " E, na celebração dos 50 anos, recordo alguns dos seus integrantes e pessoas minhas amigas, como é o caso do Dr. Albertino e de mais conhecido na altura da Vila da Damba, como Alferes Albertino, que pela sua jovialidade e maneira de ser e de estar com as gentes da Damba contagiou grande parte dos seus oficiais e subalternos". Se o Dr Nanizau resumiu em breve como era considerado o alferes Albertino, mas desconhecemos em detalhes quem foi ele e o que ele fez especialmente na Damba para merecer a celebridade entre a geração dos dambenses, todas raças confundidas, dos anos sessenta.

Albertino Dos Santos Almeida estudava direito quando foi chamado ao serviço militar activo e enviado para  Angola em meados de 1961. O barco "Moçambique" que o transporta da metrópole para a província ultramarina, em rebelião contra as autoridades coloniais, era o segundo navio depois do " Niassa " que transportara o Batalhão de Caçadores 88, para restabelecer a paz  em Angola em todo custo. Justamente, o último batalhão citado, vai ser substituido na Damba, pelo o 141, Batalhão que pertencia o Alferes Albertino. Os soldados deste batalhão são acolhidos pelos habitantes desta localidade como salvadores, contra a possível vingança dos colonos da vila dum lado e contra os axageros dos guerrilheiros da UPA de outro. Por não ter inimigo para combater, os jovens militares transformaram-se em humanitários, para além dos actos que já publicamos, acrescentamos o da construção da ponte sobre o rio Nzadi Kimvulo, perto do Camatambo, baptizada Alferes Albertino, o nome do seu conceptor.                                    

O posto de Camatambu ( hoje comuna ) dista apenas de alguns kilómetros com os postos de Cuilo Futa e Béu em  Maquela do Zombo, mas os comerciantes  destas localidades enfrentavam muitas dificuldades para transportar mercadorias de um lado ao outro, das margens do rio Nzadi. Apenas havia uma passadeira construída em lianas, que permetia a passagem de peões, estes carregavam mercadorias pelas costas, os que tinham pesadas mercadorias, eram obrigados deslocarem-se em camiões até Maquela, onde havia uma ponte sólida, percorrendo uma distância de mais de 250 kilómetros!

O rio Nzadi Kinvulo ou Nzadi Inkisi, atravessa o território da Damba para o norte, há 40 Km da Vila da Damba, perto do Camatambo, é um dos afluentes do grande rio (Nzadi em kikongo) Zaire, o segundo do mundo, depois o de Amazonas, no Brazil, pela quantidade de água que despeja no oceano Atlântico.

Observando enormes dificuldades que os nativos enfrentavam para a travessia, no cérebro do jovem Albertino vai germinar uma concepção de génio: A de construir uma ponte com escassos meios a bordo!

Dispondo apenas de ferramentas rudimentais como picarreta, pás, machado, uma serra mecánica, o guincho de um carro de marca Unimog. O jornal do Congo editado no dia 14 de Feveiro de 1963, tinha reportado este facto em seguintes palavras : " Não é lá que se aprende a cuidar auto-suficiência de duas ou três dezenas de homens, a providenciar as suas condições de alojamentos e segurança, a transformar enfermeiros e radio-telegrafistas em contoneiros. Tudo isto o alferes Albertino o fez. Ele e os rapazes do pelotão dos sapadores que souberam revelar um espírito de sacrifício e dedicação à altura de quem os comandou".

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                  Ponte Alferes Albertino, momentos depois da sua inauguração em 1963.

O alferes conseguiu construir uma ponte sólida de madeira de 53 metros de comprimentos, onde as carrinhas carregadas de mercadoria desafiaram desta vêz, as ondas furiosas do rio Nzadi e reduzindo consideràvelmente a distância e o sofrimentos entre os nativos destas localidades.

A ponte fora inaugurada pelo próprio o então Governador do distrito do Uíge, o sr Ten. Coronel Pereira de Carvalho, que afirmou, pela ocasião, o seguinte: " Sinto orgulho para ver os camaradas de infanteria fazerem um trabalho que, tècnicamente, terá talvêz as suas deficiências, mas que permite que as viaturas pesadas atraversassem o Zadi. Pràticamente, é uma obra notável no aspecto técnico".

Para muitos nacionalistas, não é cómodo elogiar um membro de um exêrcito considerado de ocupação, neste caso, não vejo motivos de não o fazer, tomando em conta que as intenções do alferes Albertino, improvisado construtor de pontes, visavam melhorar as condições da vida dos habitantes destas localidades, ao contrário de muitos militares que passaram por Damba, alguns até distinguiram-se em actos desumanos como é caso de um grupo de mercenários, liderado pelo tristemente célebre Callan( O fim dos mercenários na rota da Damba ), americano de origem chipriota, que no início do ano 1976, terrorizou as populações perto da Regedoria Kisoba a Nanga, antes de serem capturados pelas Faplas, em colaboração com a população local.

Ignora-se se a ponte existe ainda hoje, considerando que a guerra destruiu muitas infrastruturas, mesmo sendo assim, o nome do Alferes Albertino Dos Santos Almeida ficará sempre na memória dos dambianos.

 

 

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