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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


HISTÓRIA DO INÍCIO DAS ESCOLAS NA DAMBA.

Publicado por Nkemo Sabay activado 20 Noviembre 2010, 03:55am

Etiquetas: #Usos e costumes da Damba

Por Daniel Zola "Dinuix"

Aqui gostaria de escrever uma triste história sobre o unício das escolas na Damba,o meu desejo era de escrever esta história na minha língua materna  "Kikongo" ,como me foi narrado pelo meu querido pai; mas pensando aos outros que nâo compreende a minha lingua materna, decidi de escrever em português.

Prímeiramente,rendo  homenagem à ele (meu pai) ,porque hoje em dia já nâo está mais comigo,mas perto do seu salvador.

Foi no verâo de 1977,vinhamos de Caindo "Nka-Yindu" para vender alguns géneros da prímeira necessidade,afim de sobre viver.

Caindo é uma regedoria que fica situada entre as vilas de Bungo e do Nsosso "ex.31 de Janeiro" mas administrado pela comuna de Nsosso, municipio da Damba.Como a aldeia situa-se na baixa,subimos a montanha para sair na estrada principal Bungo-Damba,na espera dum meio de transporte.Depois de duas horas de espera,surgiu um autocarro ETP(Empresa de transporte público) que fazía o trajecto Bungo-Nsosso e vice-versa;nos embarcamos,em direção para Damba,um percurso que podedurar quase uma hora.

Chegamos no Mbanza-Nsosso,té
rmino! descemos afim de poder esperar outro meio de transporte,que nos levaria ao  destino,o tempo passava... quando de repente surgiu uma camioneta de marca Daitsu de cor azul que pertencía ao mais velho Afonso Mpiokoso,um antigo empresário da Damba,que se dirigia para Damba,subimos no veículo com as nossas mercadoria.Depois da traversia da ponte do rio Lukizi, subidndo a montanha e chegando no meio,o carro já nâo conseguia mais de subir,bruscamente ele comecou a recuar,porque era carregado de mais,alí comecou o pânico total,salva quem poder !Jovem atleta que eu era, desejava saltar,mas o meu pai me impediu.

Apesar da interdição do pai, pulei sem me render conta do perigo que eu corría! Felizmente nada me aconteceu,e os outros também que tinha este reflexo saltaram e assistíamos fora do carro toda cena,mas o meu pai ficou no carro,o ajudante ou "muanangamba"metía os calcos para poder travar o veículo, mas em vâo;o veículo continuava sempre a recuar  e não havia outra alternativa! O uníco recurso só era rezar,para que a camioneta nâo caÍse no río.Deus é grande,atendeu ao nosso clamor! 5 metros antês da queda no río o" muanangambe" conseguiu parar o carro atrâves dum calço e aplaudimos,todos estavamos são e salvos,que milagre! Descarregamos toda mercadória afim de alíviar o carro,levamos tudo na cabeca além da montaha,que pena !Deixamos a camioneta  vazía e assim ela conseguiu de subir a montanha sem problema,no cimo carregamos novamente a mercadória.Com a estrada em mau estado,chegando na aldeia chamada Missão, que se situa entre Nsosso e aldeia Kitietie,foi alí que o carro avaríou: o amortecedor da trás lado esquerdo quebrou,o automóvel era de 3,5 t mas levava  mais peso que a norma  admitido pelo fabricante.

Como nâo havia  mais outra alternativa para continuar a viagem,descarregamos tudo novamente,com a esperanca de esperar outro meio de transporte que nos levaria até Damba.O tempo passava...nenhum carro a passar por alí,senão ao sentido contrário.Era já cerca das 17 horas e a escuridâo chegava pouco a pouco e a minha ansiedade aumentava,onde passaremos a noite? Apesar disso nada apareceu como solucâo para chegar no destino naquele dia.

Os outros  companheiros da viagem que tinham pouca mercadoria,foram-se embora à pé,como nós tínhamos muitos embrulhos,era impossivél fazer aquele trajecto,percorrer cerca de 30 km  à pé com os embrulhos pesados.

Quando,a noite veio sem mais esperar no milagre,alí é que comecou a dita história que vou contar agora:

-Entâo pai:onde é que vamos passar a noite?-Perguntei ao meu pai.Aqui mesmo meu filho.-Respondeu o meu pai.
-Aqui  perto da estrada à ceu aberto,sem cobertor nem nada?-tornei a perguntar,inquieto.-Meu filho...em tempo da guerra,ninguêm lava arma.

Perguntei novamente:-Oh pai nâo têns nenhum familiar ou um conhecido por aqui?- Nada meu filho! -Neste caso por quê é que nâo vamos no lar dos padres...? - Que padres! aqui nâo tem nenhum padre,os padres estâo alí na Damba. - Neste caso sería melhor no lar das madres...- Nem madres também têm aqui! - Entâo deve haver um pastor da igréja evangélica?- Também nâo... ! Eu insistia para nâo passar a noite fora,sobre tudo a céu nú,sem nada para se tapar com o frio de Damba neste tempo cacimbo (verão na Europa).

Voltei de novo a perguntar:- Papa,como justificar o nome desta aldeia Missão,se nenhuma igréja e nenhum lar dos sacerdotes se encontra aqui ?- Uma olhada do meu querido pai e respondeu.-Muito bem!  (muana wa yufulanga i wazayanga) isto significa "o filho que pergunta muito é aquele que aprende." Vou explicar-te o sentido do nome desta aldeia: Foi em 1945 quando os colonos (portuguêses) depois de 5 séculos de escravatura,de dominacâo,de roubo,de exploracâo,de humilhacâo na nossa própria terra,entâo o colono viu que os negros viviam sempre no obscurantísmo total e na ignorância;agora é o tempo de lhes instruir,ensinando-lhes a ler e escrever,mas a uma unica condicão estudar somente até 4°classe mais nada!

- Só até Quarta classe para nâo despertar a consciência dos autóctones de medo que eles vierem de ser espertos e abrir os olhos e um dia pedir a independência.(Razâo por aquele muito dos nossos velhos se orgulhavam"cuidado nâo brinca comigo...eu tenho a 4°classe do colono!).

Os colonos enganavam os nossos velhos,que:Quem terminar esta famosa quarta era considerado como um licenciado da universsidade de Havard "Massachusets" ou mesmo de Sorbonne de Paris.)

A decisâo foi tomada pelas autoridades competentes da administracâo de Conselho Municipal da Damba,as escolas serão construidas nesta dita aldeia,e as matrículas serâo obrigatórias para cada criança que será na idade de ser escolarizada e serão supervisadas pelos sobas,de cada bairro ou aldeia.

Como bem se sabe que havia alguns infiltrados ou traidores negros que trabalhavam na conta dos colonos,exempro típico, um dito "Cabo Mbengui" que tinham uma luxuosa vivenda (fruto de seu trabalho de traidor) no bairro Artista ou bairro 16,perto do mercado municipal da Damba.Esta novidade de instruir os indígenas não agradou aos traidores do povo,as obras da construção adiantava,e os traidores se preocupavam bastante,porque um dia se os negros vierem a saber de ler e escrever eles perderiam todas as regalias que eles gozavam,entâo os traidores procuraram um motivo,para poder impedir que os negros nâo aprendesse a ler e escrever,fizeram tudo por tudo e a arranjaram um
 argumento e foram ter com os sobas em secreto:

"Vocês sâo burros...para poder aprender a ler e escrever isto é magía ou feitiçaria,quem entrar nestas famosas escolas terá de sacrificar o seu"pai e sua mâe"isto quer dizer morte fisíca dos dois! pensam muito bem,como explicar que alguém  sendo em portugal por exemplo e enviar uma carta ao destinatário em Angola ele vai saber de tudo que lá está escrito se nâo for a feiticaria?" Uma mentira que os sobas engoliram sem dificulidade.Entâo,os velhos se reuniram para poder evitar a perca dos pais e tomar uma decisâo a mais pressa possivél antês que nâo seja tarde de mais,resultado da reuniâo extraordinária de sobas: demolicâo total das escolas! Mas como destrui-las,nós que nâo temos canhõess nem Buldozeres? Uma segunda reuniâo foi convocada urgentemente pelos sobas de todos os arredores de "Mabubu",para busca da solucâo final como destruir as famosas escolas,resultado:Demolicâo por meio de  faisca (relampâgo) atravêz da magia africana.

As buscas comecaram nas arredores da Damba,mas ninguém era capaz de fabricar a famosa bomba de destruição o(relâmpago mágico),entâo os velhos pensaram enviar uma delegacâo nas zonas de Puri,Sanza-pombo,Macocola,
Quimbele porque estas zonas sâo muito reputadas sobre as práticas ocultas,duas semanas depois os enviados estavam de volta com a solucâo nas bagagens.

As obras de construcâo acabaram e as escolas eram prontas para o efeito.E o dia da inauguracâo  foi marcado numa segunda feira as 8 horas.

No dia da aberturado grande evento da festa extraordinária,foi em pleino dia cerca das 14 horas quando bruscamente o céu escureceu parece que ía chover,houve um pouco de barrulho de trovâo e depois o céu largou o"míssil"ar/sol (made in Makokola). - Boom...!!! A bomba(o relámpago mágico) só atigiu no alvo,nada o que estava nos arredores foi atingido.

Numa fração de segundo todo o complexo escolar que estava para ser inaugurado estava totalmente destruído,tudo  em pedacos,a novidade se espalhou em todas as partes da Damba"E sikola a udidizo kua nzazi" as escolas foram demolidas pelo relampâgo(faisca)os colonos fiacaram de bocas fechadas nâo haviam nada a dizer,procurar o culpado? Impossivél porque o relampâgo é um fénomeno natural.Os autóctones festejaram uma vitória que eu chamaria de "quem ganha perde,"porque neste caso os grandes derrotados foram os nossos velhos,o tuga nada tinham de lamentar.

Mas,os portuguêses compreenderam que era uma manía dos negros,visto que eles já cohabitavam juntos há muito tempo,mesmo o antigo administrador municipal da Damba entre 1945 à1953 o Dr.Manuel Alfredo de Morrais Martins,testemunha ocular de usos e custumes dos naturais da Damba sabia bem estes factos.(veja o artigo: A legenda do homem-leopardo (N'Kintuki) na Damba. Neste site web:www.muanadamba.net)

A missão não existiu,mas o nome permaneceu para sempre e mesmo os alicerces são ainda visíveis até hoje em dia.Eis o significado do nome desta famosa aldeia.Eu penso que esta aldeia deve ser considerada como um património cultural para que o um dia seja um sitío turistico.Depois da demolição das ditas escolas o Conselho de administração se reuniu para tomar uma decisão,veredicto: Dez anos de castigo,só assim que dépois da punição é que foi construida a primeira escola primária na Damba,em 1955, desta vez nâo é nesta aldeia denominada Missão mas sim na vila"Mbongui"ele existe até hoje;ela fica situada ao lado da antiga igréja catholíca que mais tarde os Batistas alugavam, perto do club recréativo da Damba na praca dos comícios, onde os militares Cubanos jogavam o"Criquet",na direccâo lagoa "Granje".

Mais tarde nos meados dos anos 60 foi construida mais uma escola primária na sede (vila) ao lado da praça municípal,direccâo ao bairro Nsala-Mbongi.Apesar de estar cinco séculos na nossa terra;o colono só construiu escolas primárias.Nenhuma escola do ensino secundário construiu,que egoismo?

A escola de base do segundo nível(preparatória) na Damba iniciou em 1977,depois da independência ,gracas as escolas que foram construidas pela missâo catholica da Damba,e a maioría dos primeiros professores que lá leccionaram foram os retornados do Congo/Zaire.

Para terminar esta minha triste história sobre as escolas na Damba,aqui vai os meus votos de agradecimentos e de ricas bencâos para todos os professores que nos ensinaram lá na Damba,sei bem que muitos deles nâo estâo mais em vida,mas rendo lhes sempre as minhas sínceras homenagens,começando pelo:

Director Panzu,Almeida-Mfumu Nsuka,António-Kivisi,Menga-waku,Nanga-Sungu,Afonso Camilo,Kiame"Kiamzito",Inês,Xavier,Joâo Lengo,Eduardo André,George,Thomas,Eduardo Ngiesi,Joâo Nicolau (makaxikila) ,Dir.Kiangodi,Kuavita-Waku,Ludoc,Lunzitisa Joseph"Sayo",Nsindu Masadila"Salay",Pepe,Mochi;Zinu-Diabala "papa Monga anti-cabulador" e tantos outros que o meu pequeno célebro nao consegue relembrar.

Nâo esqueco também de saudar todo(a)s os ex-colegas da turma C  ou turma"Show"da 4°classe no ano lectivo 1977 / 78  do professor Joâo Nicolau"Makaxikila" começando por o administador e fundador deste web site(www. muanadamba.net) sua excelência Sebastiâo-Kupessa;Joâo Makonzo"René",José dos Santos Tavares,Lufita Madaleina,Mangani-Maria,Nkovi Helena ,Joâo-Goncalves"petit Jean",Amigo-Pedro,Paulo-Joâo,Kinkani-Manuel,Emma,Nguma,Diambomba-António,Makaya-Maria,Lukengi-Rebecca,Ndombele-Bernardo,Kitukulu-Alvês,Nsamu-Nanzenza,Christina-Vanuaku,Alberto-Joâo"Kongo",Garcia-Bumba,Nsanda-Nzenguele,Domingos-Nzenguele,Mazekilu-Helena-Nzenguele,Alberto Mpanzu"Ngunza Freddy",Armando Teca"Tex",Nkosi Coragem,Kindieko-Miguel,Deolinda,Vita,Kindieko-Miguel,
Domingos-Abel"Dokota";Alfredo-Vindiamankulu"Jungle";Eduardo-Mayamona"Edo e Onde-António.

E tanto(a)s outro(a)s que nâo me relembro mais,por que o tempo já é demais,e um forte abraco para todos Ana Dambas espalhados em toda parte do Mundo."Havemos de voltar para reconstruir a nossa bela Damba " .
Escola primáriaEscola dos Padres Damba
A escola primária na vila da Damba"Mbongi" e a Escola Preparatória na Missão Católica da Damba.

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