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18 Oct

FRAGMENTOS HISTÓRICOS DA DAMBA 30.

Publicado por Nkemo Sabay  - Etiquetas:  #Fragmentos históricos da Damba

VIAGEM AO BEMBE E DAMBA
Setembro a Outubro de 1912
In- NO CONGO PORTUGUÊS
Relatório do Governador do distrito, primeiro tenente
de marinha, José Cardoso
Cabinda ,1913”


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COMERCIO E AGRICULTURA

Logo a seguir à ocupação do Ambris entendeu o Governo dever montar ali uma alfândega, e alguns comerciantes, tanto portugueses como estrangeiros, do Ambris e de outros pontos para o sul, emigraram, para evitar pesados direitos impostos pelo Governo que, sem lhes trazerem quaisquer vantagens, vinham agravar enormemente
as mercadorias que até então pagavam consideráveis direitos de transito, e que continuavam a pagar, depois da nossa ocupação, aos indígenas das regiões intermediárias não produtivas.

Foram, portanto, estabelecer-se ao longo da costa, para o norte, concentrando-se no Quissembo, Muserra, Ambrisete, Mucula, Quinzau e Cabeça de Cobra, lugares onde era possível, embora com bastante incomodo e mesmo perigo, efectuar embarques e desembarques, e que havia sido preferidos pelo Ambris, na estação inicial do comércio,
porque este ponto se avantaja ainda hoje a todos os outros pelo pequeno abrigo natural,facultado pela ponta onde se acha construído o paiol, o qual forma um pequeno “cul-de-sac” onde há uma diminuta zona de águas tranquilas, permitindo quase sempre um embarque cómodo e sossegado.

Em 1867, o Governador Geral Francisco António G. Cardoso, oficial de marinha,compreendendo a inconveniência dos rigores da alfandega, limitou as imposições aduaneiras a 6% “ad valorem” sobre as mercadorias de importação, o que parece não só ter aumentado consideravelmente os rendimentos da alfandega, como simultaneamente
conseguiu fazer voltar ao Ambris a maior parte dos comerciantes por poderem, ao abrigo do novo regime, concorrer com o comércio do litoral não tributado.

Assim conseguiu o Ambris reaver quase toda a exportação que anteriormente realizava,excepto a do marfim, que, na sua maior parte continuava a sair pelo Quissembo.

… Todavia, não foi por completo abandonada a ocupação comercial do litoral do Congo,cuja razão de ser ficou explicada.Ocupação comercial no interior do Congo, previamente a 1896, pode dizer-se que não
existiu.

…”BEMBE” – Apenas – tendo o comerciante Francisco António Flores obtido do Governo a concessão para explorar as minas de cobre do Bembe e organizar a companhia inglesa “Western African Malachite Copper Mines Company” – esta se instalou no Bembe aí por 1858, todavia, sem obter os resultados previstos e desejados, por o clima não
consentir que os mineiros de Gales, que ali se estabeleceram, lhes resistissem, conduzindo os trabalhos e a bebedeira em igual escala, senão esta em maior desenvolvimento, e também pela dificuldade de transporte do minério para a costa, o qual, por conta da companhia, não podia ser feito em condições de permitir uma exploração lucrativa das minas que ainda hoje, para muitos, são um mito.

Pode, portanto, considerar-se a primitiva ocupação comercial do Congo como limitada ao litoral, e motivada pela elevação dos direitos do Ambris, pois que, tendo sido revogada a medida adoptada pelo Governador Gonçalves Cardoso, tornou-se a restituir aos portos da costa, já citados, as suas primitivas vantagens, resultando então chegar a ser florescente a prosperidade mercantil gozada no litoral do Congo, durante um período que durou até perto de 1890 e que manteve até 1900, com alternativas várias, como vamos ver.

O comércio do Ambris e do litoral do nosso Congo era sustentado principalmente pela clossal produção das regiões marginais do Quango e dalém deste rio, regiões que depois de 1884 foram incluídas nos territórios que ficaram sob a soberania de Portugal e do Estado Independente.

O s pontos de concentração comercial do litoral do Congo tinham, sobre ao Ambris, a vantagem de encurtar as viagens das caravanas, em especial daquelas que irradiavam da grande feira de Quimbumbuje .

Assim se formou e manteve o esplendor comercial do Ambrisete até que começou a declinar com o inicio da exploração do caminho de ferro de Matadi, o qual veio a destruir a formidável barreira de obstáculos, interpostos ao mar e Quango Oriental pelos acidentadíssimos terrenos do Baixo Congo Ocidental. Agravou-se esse declínio com o
estabelecimento dos postos fiscais belgas, ao longo da fronteira limítrofe com o nosso Congo.

Com efeito, o alastramento sucessivo da ocupação belga, e a sua organizada rede de postos fiscais, a introdução dos processos científicos substituindo os primitivos processos da extracção e da preparação inicial da borracha, melhoraram e aumentaram consideravelmente acolheita de borracha de primeira classe, na sua maioria proveniente
do Quango. O seu apertado sistema fiscal impediu que grande parte dessa borracha se introduzisse no nosso território, e o seu caminho de ferro, completando o sistema de metodização mercantil, desviou para Matadi uma grande parte do comércio de exportação que tinha até então enriquecido as feitorias da nossa casa.

Continuava todavia a fazer-se ainda um comércio, considerável bastante, com os estabelecimentos da costa, o suficiente para manter um estado de coisas produzindo lucro para todos os pontos de concentração comercial do litoral, que, a apesar de tudo,eram ainda alimentados pelas correntes de negócio que do Alto Quango se dirigiam para o Ambris, Quissembo e Muserra pela Quivoenga, e elo que vinha do Quango Médio, Pombo e Damba para o Ambrisete pelo Bembe, ou para Mucula pelo Tomboco,e, finalmente,pelo que vinha do Zombo para Macula e Quinzau pelo Quimbubuje.

 

                                                                                       Texto seleccionado por ARTUR MÉNDES

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