FRAGMENTOS HISTÓRICOS DA DAMBA 18.
“ In- NO CONGO PORTUGUÊS. VIAGEM DO BEMBE E DAMBA – Considerações relacionadas.
Relatório do Governador do distrito, primeiro tenente de marinha, José Cardoso. Cabinda ,1913”
Setembro a Outubro de 1912
Ocupação Militar da Damba e a sua administração.
Modo como actua e suas imperfeições --- sua correcção
Cheguei à Damba em 2 de Outubro, conforme refiro em outra parte deste relatório.
Dispunha-se, nessa capitania, de guarnição imponente que não foi devidamente utilizada por quem a teve ao seu dispor; todavia, dado o aspecto complicado com que se afigurou o problema da Damba, como atrás referi, reconheci que me era mais conveniente conservar na Damba a atitude de inacção e prosseguir o trabalho de avanço encetado no Bembe. Nessa ordem de ideias, mandei marchar para o Bembe um destacamento de reforço, que era para o tenente-coronel o sinal de poder marchar sobre Quivoenga.
Com efeito, a coligação dos povos do Sosso contra a capitania–mor representava maior gravidade do que a insurreição do Bembe, não só pelo seu próprio aspecto, como também pela grande densidade população dos povos amotinados e pela circunstância de que, para fazer-se alguma coisa que pudesse influir eficazmente na ocasião, era indispensável atravessar o rio Nzadi e internarem-se as forças até dois ou três dias além dele, para encontrar o sítio onde deixar um posto. Ir e voltar, de nada servia. Ir e montar esse posto, só com a guarnição da capitania, era determinar uma divisão de forças, cujo enfraquecimento resultante era agravado pela grande distância e interposição do rio Nzadi entre os dois postos, e por fim seria transferir a dificuldade em vez de resolve-la, pois que pela história, que anteriormente fiz, do que é a questão na Damba, compreende-se bem que só com a realização de operações, como as que projectei, se poderá acabar com dificuldades daquela natureza.
Resolvi, portanto, com grande consternação dos europeus residentes na Damba, que as forças que constituíam a guarnição daquela capitania se conservassem nos quartéis, cuidando-se da sua preparação militar, para contar com elas na primeira oportunidade que se oferecesse para actuar por forma a que fosse proveitosa. Entretanto o tenente-coronel preparava o avanço sobre a Quivoenga , o qual foi levado a efeito por forma brilhante, como consta do seu relatório por mim enviado ao Q.G. com a nota nº192, de 28 de Julho de 1913. Ficou montado ali o posto de ocupação Norton de Matos, que foi inaugurado em 22 de Outubro de 1912, consagrando-se com esta denominação o Governador Geral que mais tem patrocinado o progresso e desenvolvimento do Distrito do Congo.
Concentrada na Damba uma coluna mixta, cuja organização foi determinada por Sua Ex.ª o Governador Geral em face da autorização orçamental concedida, foi por mim confiado o seu comando ao mesmo oficial que tão bem se houve na pacificação do Bembe, razão porque lhe entreguei a execução do meu plano de operações no Sosso, Pombo e Quango, o qual vem a constituir o meu plano de ocupação.
Tenho a plena convicção de que, devidamente interpretado e completamente executado, como será, conseguiremos submeter à acção da nossa autoridade as restantes regiões do distrito onde ela não era conhecida.
Estou plenamente convencido e confiado de que o tenente – coronel Ferreira dos Santos saberá corresponder à elevada consideração em que o tenho.”
Documento selecionado por ARTUR MENDES.