Falsos enfermeiros presos no Uíge
Por António Capitão
A Polícia Económica apresentou na cidade do Uíge, 15 pessoas acusadas do exercício ilegal da enfermagem. Outros dois cidadãos foram detidos por falsificação de certificados de habilitações literárias do Instituto Médio de Saúde (IMS).
O porta-voz do comando provincial do Uíge da Polícia Nacional, superintendente Assunção Ribeiro, disse à imprensa que a detenção dos 17 cidadãos aconteceu no decurso de uma operação policial, que
visou a identificação e apreensão de certificados falsos em posse de indivíduos que pretendiam concorrer a um concurso público de ingresso no sector da Saúde e de elementos que já trabalhavam em
postos de saúde privados em bairros periféricos da cidade do Uíge.
Assunção Ribeiro informou que os falsificadores recorreram a técnicas informáticas para a reprodução de modelos de certificados utilizados pelo Instituto Médio de Saúde no Uíge e falsificaram as
assinaturas dos directores provinciais da Saúde, da Educação e do Instituto Médio de Saúde.
Os falsários utilizavam carimbos idênticos aos utilizados pelas instituições oficiais para autenticação dos certificados de habilitações literárias, documentos que eram vendidos por 35 mil
kwanzas. O porta-voz da Polícia Nacional do Uíge disse que dois falsificadores fazem parte de um grupo de quatro indivíduos, dois dos quais estão desaparecidos com o equipamento
informático utilizado na falsificação. “Tendo em conta as características e semelhanças dos documentos e a perfeição como os falsificadores imitam as assinaturas, é difícil acreditar que os
certificados não são originais”, declarou o oficial da Polícia Nacional, acrescentando que, graças aos métodos que a corporação utiliza, foi possível detectar a ilegalidade.
Postos médicos
O porta-voz da Polícia condenou o exercício ilegal da enfermagem por elementos que não têm qualificações, referindo que a vida humana deve ser respeitada. “Não se deve brincar com a vida das pessoas. Todo o erro, por falta de conhecimentos científicos, é fatal, daí a necessidade do reforço da fiscalização, sobretudo por altura da contratação de novos funcionários”, acrescentou o porta-voz da Polícia.
Pedro Massamba, que exercia a actividade há mais de três anos num posto médico privado, localizado num dos bairros periféricos da cidade do Uíge, disse à imprensa que frequentou o curso básico de
enfermagem na República Democrática do Congo, onde trabalhou durante muito tempo como profissional do sector.
Em 2009, regressou à terra natal, Mbanza Congo, na sequência do processo de repatriamento levado a cabo pelas autoridades congolesas, e esteve alojado no centro de acolhimento local, onde as
autoridades da província do Zaire fizeram uma selecção dos repatriados de acordo com as suas qualificações profissionais e académicas, atribuindo-lhes de seguida certificados de equivalência.
“Quando a Polícia Económica me interpelou no posto de saúde onde trabalho, apresentei o meu certificado, mas disseram-me que era falso e que eu estava a exercer ilegalmente a actividade”, disse.
Sebastião Camacho disse exercer a profissão há dois anos, depois de concluir a formação básica em enfermagem na Escola Técnica de Saúde de Ndalatando. Mas, de acordo com as investigações
policiais, a instituição já não forma enfermeiros há muitos anos.
Conze Eduardo, um dos falsificadores, confirma que, no momento da detenção, a Polícia encontrou-o com vários certificados que recebeu das mãos de um professor do Instituto Médio de Saúde, cujo
nome não revelou.
O porta-voz Assunção Ribeiro disse que os documentos encontrados na posse do cidadão Conze Eduardo possuíam características semelhantes aos documentos rejeitados no concurso público de ingresso
no sector da Saúde, realizado no ano passado.
J.A