Voce é um N'kongo, filho desta terra legada pelos nossos antepassados. Se podemos considerar esta Angola um país de Cabinda a Cunene, é porque nele estão inseridas todas as etnias do país incluindo os akongo sejam eles de Cabinda, do Soyo, do Uige, M'banza Kongo e outros, mas se essa realidade deixar de ser considerada, Angola deixa de ser aquilo que é, portanto vamos todos refletir...
Quermos que as autoridades, outros irmão angolanos saibam que Angola é um mosaíco de tribos ou mesmo junção de tribos, nós temos a nossa terra, espaço terra tal como outros tribos Kimbundo, Ovimbundos e outros têm também. Por isso nâo nos sentimos estrangeiros neta Luanda, que a constituição do país estabelece como capital do mesmo. Não temos culpa que tenha sido escolhido uma cidade situada no espaço Kimbundo. Bem podi ser Sumbe ou outra cidade não deixaria de ser habitada por todas as etnias de Angola por ser capital, é preciso que esta ideia de ser de Luanda é ser angolano de primeira ou saber falar kimbundo seja categoria de mais angolano que os outros. Que essa ideia saia da cabeça.
Mas se isso não acontecer, queremos apenas lembrar que os sentimentos que estão a criar, fará-nos aquilo BEN GURION preconizou para criaçâo hoje o estado de Israel, consultem a historia, que ela é feita por homens, nós os bakongo já tinhamos o nosso estado, não precisamos de fundá-lo de novo, porque ele já existiu.
Nós nâo somos zairenses, o nome do Zaire provém do rio Zaire que Diogo Cão escreveu ao não conseguir pronunciar o nome Nzadi ( consultam a história do Kongo ). Não somos propriedade do Sr Mobutu nem do Savimbi nem de ninguém, nâo somos. Temos a nossa história e cultura, e nunca cederemos à sua destruição por quem quer que seja kinfwa-nfwa, mpinga-mpinga, vo ka mu ntekelo ko, mu muana. Portanto não nos sentimos estrangeiros, temos o nosso espaço terrestre dento do território angolano.
Que se saiba apartir de hoje que somos bakongo, filhos do Rei Nzinga-a-Nkuvu, do Kongo dia N'totela, nem assassinatos, nem violações públicas farão nos recuar perante a nossa dignidade de africanos e de angolanos. É horrivel morrer porque és mukongo, afinal quem é o nativo que não pode viver na capital do seu país? quel é o crime de ser bakongo? Ningu~em pode dizer que este petróleo de Angola que tanto se vangloria sai da terra dos kikongos, alguma vêz já pedimos uma contrapartida? ou metemos isto em cheque, quem nos mata afinal? e porque nos matam afinal? não somo seres humanos?
Exigimos uma tomada de posição clara, inequívoca sem subterfúgios nem aldrabices por parte das autoridades estatais, religiosas e partidos políticos, Será que devemos continuar a ver impacientemente os nossos irmãos a morrer só por não saber falar o português? afinal entre o Kikongo i português, qual ö a lingua nacional? Entre Paulo Dias de Novais e Nimi a Lukeni que é angolano? Qual é o crime de usar o pano afinal? Em África só os retornados que usam panos? No Togo, Nigéria, Zámbia, Camarões, Congo, Zaire e mesmo Mo4ambique alguma vêz já se matou alguém por usar pano? Quando nós todos estamos cansados que na altura do Carnaval de Vitória, festa tradicional angolana se dança com panos nos desfiles, porque não se faz com calças e collants que é cultura dos outros? ( é africano isto?) Afinal quem é contra o pano? vamos refletir...
Quando um francês do sul fala mal a sua língua natal alguma vêz é marginalizado por causa disso, ou quando o português do norte fala do binho em vez do vinho, alguma vez lhe mataram em Lisboa? E porque este sacrilégio, porque temos que ser nós os sacrificados, por sermos fracos? Menos fanatizáveis? Os que gostam da Bíblia? Nós não somos nacionalistas? durante a luta conta a colonização, não houve kikongos nas fileiras do MPLA? A lista é grande dos heroís kikongos, mas vamos apenas lembra os comandantes Benedito, Bula, Emílio Mbidi, Ndonda e outros...na chamada segunda guerra de libertação ninguém se lembra dos comandantes Mawete hoje embaixador e Monimambu, afinal a nossa participação foi nula, e os comamdantes Fumu, Teca e outros foram brincar nas Fapla's? Eram também retornados? Engolimos.
E agora falando de retornados, quem é que durante a opreesão não foi ao Brazil, Portugal, Zâmbia, Zaire, Congo e mesmo Argelia a procura de sossego? afinal quem é o retornado será também a próxima categoria de crianças inocentes que fugiram ainda este mês no Soyo para o Zaire assim como nas Lundas para o mesmo destino? E por que é que todos nós não somos conotados com os regimes dos países onde fomos procurar asilo, quando todos nós sabemos que o Dr Mário Soares, Presidente de Portugal é amigo mpessoal do Savimbi e é ele que lhe abre as portas do ocidente, algum português (em Angola ) sofre represális na praia ou na ponta final(ilha de Luanda) ? ou algum angolano retornado de Portugal lhe mandaram parar no táxi para lhe obrigar falar kimbundo como teste de salvação da vida. Isto é ódio e ultrapassa a justificaçãode " povo ou ira da população", afinal que população, aquela mesma em que estamos inseridos e que alguns deles guardararn-nos da sexta feira sagrenta, protegeram-nos dos polícias malucos? NÃO, PURA MENTIRA, nenhuma vítima esquece o seu agressor, atítulo de exempro, vimos a viatura da polícia "Nissan Patrol" a falar com altifalantes na praça da Asa Branca dizendo: VAMOS ACABAR COM RETORNADOS. Não é por acaso, não são as populações. Os autores desta horripilante crimes têm a sua inspiraçâo na imprensa democrática, o educador popular que nunca soube desde 1976 distinguir quem é mukongo quem é zairense, porque como consequência alguns dos mortos ( Nsimba António..) por exempro não conhecem onde fica afronteira com Zaire, nasceram em Angola, lhes mataram em angola, afinal eram retortarnos da onde? mas o Vice Ministro da Comunicação social ( Hendriks Vaal Neto )que controla tudo isto, deixa de ser RETRO*, só porque não é do Uíge, não esteve no Zaire até na FNLA e dpois nos EUA? só se é ZAZA e não America, tio Sam ou Yankee. Isto é perigoso. Será a vendetta contra os bakongos? Nós nâo podemos continuar a chorar sempre, nos agridem todos os dias, não há dia santo que um regressado não apanha chapada no meercado do Roque Santeiro ou que lhe recebam o dinheiro nas praças dos Kwanzas ou dos congoleses. Reflitam!
* outro no nome atribuidos aos bakongos.
Continua...
A seguir: Exortação sobre sexta feira sangrenta II
Associação dos Bakongo de Angola
Luanda, Janeiro de 1993