Excursionistas encantados com a "Pedra da Torneira"
Por António Capitão

Fotografia: António Capitão
Um grupo de 15 jovens de Luanda, acompanhados pelo “padrinho” da Gruta do Nzenzo na candidatura “As Sete Maravilhas Naturais de Angola”, Luís Fernando, visitou recentemente no Uíge o local que é também conhecido como “Ntadi dya Nzenzo” na língua nacional Quicongo, que traduzido em português significa “Pedra da Torneira”.
O grupo seguiu viagem para o município de Ambuíla e juntou-se aos jovens residentes na localidade. Partiram em direcção a aldeia Bombo que dista cerca de 17 quilómetros da vila, onde a população local e autoridades tradicionais aguardavam pelos excursionistas.
Depois da cerimónia tradicional de boas-vindas, o grupo já engrossado com os nativos da região, caminhou cerca de quilómetro e meio até à entrada da gruta. Antes de aceder ao local, o soba
grande deu início a um ritual para pedir autorização aos deuses e antepassados no sentido de permitirem que o sítio fosse visitado sem quaisquer constrangimentos, e para que nada de mal
aconteça aos visitantes.
“Pedimos permissão aos deuses e aos nossos antepassados para nos concederem permissão para que os nossos visitantes entrem na gruta e saiam de lá com saúde. Queremos que a nossa maravilha seja
cada vez mais divulgada e conhecida”, suplicou o regedor do Bombo, Augusto Manganza, na língua nacional Quicongo.
Depois da unção tradicional, a caravana chegou a principal galeria de entrada da gruta. Para quem foi pela primeira vez ao local, o orifício onde jorra água límpida e fresca sem interrupção
deve ter causado o primeiro espanto.
Curiosamente, ninguém queria ficar sem tocar no produto cristalino que caía a partir da parte superior da caverna, e levar um pouquinho como recordação. Na gruta, os excursionistas percorreram
vários espaços em forma de salas e quartos devidamente projectados.
Outra grande atracção do local é a presença de uma pequena lagoa e floresta no interior da mesma. Carlos Neves, natural da província de Luanda, integrou o grupo de excursionistas que saiu da
capital do país para conhecer o local. Depois de percorrer vários lugares da gruta, enquanto fotografava e filmava o local, ele destacou a imponência do fenómeno natural.
Na sua primeira visita ao Uíge, o jovem disse que ficou encantado com a cultura e hospitalidade demonstradas pelos habitantes da província, além dos sinais positivos de desenvolvimento
socioeconómico que a província apresenta. “A gruta do Nzenzo é uma imponente maravilha. A sua estrutura natural pode ser confundida com uma obra esculpida por alguém, a torneira cuja fonte de
água é invisível entre outros aspectos são dignos de transformar este local num sítio maravilhoso para se conhecer e desfrutar da sua beleza”, disse.
Bibiana Daniel nasceu na cidade do Uíge, mas desde muito pequena foi viver com os pais em Luanda. Ela decidiu fazer parte do grupo de excursionistas que se deslocou a gruta do Nzenzo para
constatar o que ouviu falar sobre o local.
Para não continuar a ouvir falar do local sem conhecer, Bibiana vestiu uma ganga, uma t-shirt, calçou os ténis e colocou o boné para fazer parte da aventura. “É um lugar que deixa qualquer
pessoa boquiaberta”, disse à reportagem do Jornal de Angola. Acrescentou: “Não há muitas palavras para descrever este local. O melhor é mesmo cada um fazer esforço para conhecer. Já andei em
muitas partes da gruta e dei conta que ainda há muitos por descobrir.
A jornalista Helena Quima, da emissora provincial do Uíge, que foi reportar a excursão, disse que não se farta de ir ao local. Cada vez que visita a caverna sente-se como se estivesse a
conhecê-la pela primeira vez. “Mas ainda não conheço completamente este local, porque sempre que venho são desvendados outros mistérios”, disse. “Espero que as autoridades façam algum trabalho
para melhorar os 15 quilómetros de estrada de terra batida que dá acesso à gruta. Pelo estado em que se encontra não vai permitir que mais pessoas se desloquem com facilidade ao local,
sobretudo quando as chuvas começarem a cair com grande intensidade”, defendeu.
Maior divulgação
O padrinho da gruta na campanha de caça de votos para que a mesma conquiste um lugar entre as “Sete Maravilhas Naturais de Angola” defendeu a necessidade de uma maior divulgação do local por
parte de todos aqueles que acreditam no seu potencial turístico e cultural. Luís Fernando solicitou o engajamento de todos na busca de votos
suficientes que garantam a inclusão da gruta do Nzenzo na lista dos encantos nacionais. “As nossas constantes deslocações à gruta são para darmos maior visibilidade à mesma, para que capte mais
simpatia dos eleitores e possamos ter um número suficiente de votos para que constemos entre as “Sete Maravilhas naturais do país”, por isso trouxemos um grupo de excursionistas para que
reconheçam a beleza extraordinária que a gruta tem”, referiu. O número de jovens que se deslocou até as grutas do Nzenzo, referiu Luís Fernando, vai ter uma repercussão maior nos próximos dias,
tendo em conta que a maioria dos que já visitaram o local informam as demais pessoas sobre o que viram e, necessariamente, mais gente manifesta o interesse de conhecer.
“Para além de somarmos pontos para o processo de votação, vamos, também, dar a conhecer cada vez mais a aldeia Bombo ao país, em particular, e ao mundo, em geral”, frisou.
Quanto a estratégia para o sucesso da campanha de recolha de votos para que a gruta conste na lista das Sete Maravilhas Naturais de Angola, Luís Fernando disse que utiliza a rede social
Facebook para as acções de promoção e divulgação do local.
Habitat animal
A gruta do Nzenzo faz parte de uma cordilheira de morros de pedra com mais de 100 metros de altura. Uma vasta floresta cobre a região. De acordo com o regedor do Bombo, Augusto Manganza, as
cavernas e galerias da gruta do Nzenzo são espaços habitados por uma variedade animal.
A autoridade tradicional disse que na gruta habitam animais como leões, veados, gazelas, seixas, alguns répteis como cobras, salamandras e jibóias, e aves das mais variadas espécies. O morcego
é o principal inquilino do local. Os excursionistas puderam avistar alguns esqueletos de animais na gruta. “Por isso é que antes de entrarmos na gruta devemos obedecer os rituais, implorando
aos deuses e aos nossos antepassados para acalmarem os maus espíritos e a fúria dos animais”, explicou o regedor.
Saída Saída do anonimato
Com a indicação desta beleza natural ao concurso de eleição das setes maravilhas do país, a localidade passou a ser frequentada por pessoas de vários pontos da província e do país. De acordo
com o regedor do Bombo, Augusto Manganza, as actividades desenvolvidas para a descoberta e promoção da gruta têm contribuído, também, para a divulgação da aldeia Bombo, que desta forma sai do
anonimato e passa a ser conhecida internacionalmente.
“Estamos felizes não apenas pelo facto da gruta se encontrar na nossa aldeia, mas também porque passamos a ser mais conhecidos e os nossos problemas e dificuldades partilhados com muitas
pessoas, sobretudo com a Administração municipal e o Governo Provincial. Por isso acreditamos que dias melhores vão chegar para as populações do Bombo”, disse. Luís Fernando e o grupo de
excursionistas aproveitaram a ocasião para distribuírem bens diversos às populações locais.
J.A