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18 Oct

Estruturas Económicas Zombo – Ramos de Produção e sua Articulação Social

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Fragmentos históricos do Uíge.

 

 

Por Dr José Carlos de Oliveira


 

Jose Carlos de Oliveira l

 

 

 

A descrição, análise e interpretação que reproduzimos a seguir é principalmente fruto de mais de duas décadas de investigação aturada e de laços cinquentenários com autoridades tradicionais e agricultores.
 
Em geral, a agricultura toma a designação de salu kia kiana . Como o território zombo é, na sua maioria, constituído por pequenas florestas intercaladas com savanas, a agricultura adaptou-se a estas condições morfológicas. O mpatu, kyana ou kiampatu é o tipo de agricultura praticado nas savanas pouco acidentadas e nos vales. Neste tipo de cultivo, produzem-se todos os produtos para a alimentação que digam respeito às culturas de tráfico ou comerciáveis. Numa outra escala, surgem as culturas de quintal.

Estas culturas consistem geralmente em árvores de fruto formando uma cintura junto das residências actuais e das antigas, entretanto abandonadas. No processo agrícola zombo há uma diferença sexual acentuada. Se analisarmos os processos técnicos utilizados pelos homens e pelas mulheres, somos confrontados com a presença de diferentes técnicas de produção feminina e masculina. Os próprios
instrumentos de trabalho acentuam essa diferenciação: para as mulheres, as enxadas; para os homens, as catanas para desbravar o mato. São também as mulheres que ajudam na caça, na condução do gado e na prática do artesanato.

O tipo de agricultura que exige mais força muscular, pois implica um grande desgaste de energia, é o da floresta (ma sole). É um tipo de agricultura praticado pelos homens, no qual se cultiva, por exemplo, a bananeira e o cafeeiro71. Também se procede à recolha do óleo de palma. Na vata, as mulheres podem ajudar a apanhar o lixo e, se for caso disso, trabalham esporadicamente na lavra de mandioca, lukuanu. Outra componente da agricultura praticada pelos zombo é aquela que se processa junto às lagoas e que é dedicada à cultura da mandioca, embora esta seja menos relevante.

A fim de que não se prejudique a temporização das culturas, há lavras específicas. Apenas as abóboras são cultivadas em todas as lavras (mafuku). Quando se verifica um baixo rendimento das colheitas, procede-se ao pousio. Este pode ir até cinco anos, recorrendo-se, nas épocas de crise, ao salu. O salu é um conceito abstracto da palavra “trabalho” (na língua kikongo) que, neste contexto, traduz a ideia de se recorrer a um determinado trabalho feito anteriormente (uma espécie de reserva). É por isso que na
altura da muda da lavra, a cultura, sobretudo da mandioca, não é arrancada .

As estações do ano – ntángua ia nvu – são conhecidas pela forma de se iniciar ocultivo das sementeiras, já que cada uma delas tem o seu tempo. Assim, o começo das sementeiras inicia-se em Setembro e termina em Novembro: a ma sanza . Durante este período, preparam-se os terrenos e executam-se as primeiras culturas. De Janeiro a Fevereiro é o tempo kunde. Procede-se à limpeza das lavras e fazem-se as primeiras colheitas. Segue-se o tempo ki ntombo, desde Março até princípios de Maio, durante o
qual ocorrem as chuvas fortes. Nesta altura, colhe-se o que foi anteriormente semeado e preparam-se novas sementeiras. De Maio a Setembro, é o tempo mbangala ou sivu, durante o qual se colhem os produtos cultivados no período anterior. Quando esta época termina, os homens procedem ao derrube das matas e fazem as grandes queimadas.

 

 

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