Embaixador reúne-se com comunidade angolana.

Paris - O embaixador angolano em França, Miguel da Costa, recebeu neste final de semana, na sala de conferências da missão diplomática, vários membros da comunidade residente naquele país, para o
segundo momento colectivo de diálogo oficial com os representantes das associações e famílias angolanas na diáspora francesa.
Miguel da Costa endereçou aos cerca de 300 cidadãos presentes votos de boas-vindas e teceu considerações pertinentes sobre o mês da paz alcançada em 4 de Abril de 2002, no Luena, que permitiu o
prelúdio de uma nova era de progresso político e económico para o povo angolano.
O embaixador angolano em França anunciou a nomeação do novo cônsul-geral de Angola naquele país, o conselheiro Manuel António (Soviético), para o qual solicitou a colaboração de toda a
comunidade.
O diplomata levantou a problemática da imigração ilegal em França, trazida à tona pelas autoridades francesas. O embaixador esclareceu que a resposta do consulado a estes casos é sempre bem
ponderada.
"Muitos africanos adquiriram a nacionalidade angolana de forma fraudulenta e não têm o direito à cidadania da República de Angola. Porém, todo o angolano que estiver em situação ilegal, tanto
para efeitos de legalização, quanto para o de retorno ao país, deve contactar os serviços consulares, para ver o seu caso. Os angolanos são mais úteis lá no país do que aqui fora”, disse o
embaixador.
Em relação à situação na Côte d’Ivoire, Miguel da Costa esclareceu que a posição de Angola é inequívoca: o governo apoia a posição assumida pela União Africana e desmentiu categoricamente os
rumores propalados pela agência France Presse de que haveria tropas angolanas naquele país. “Essa é uma falsa notícia”, afirmou Miguel da Costa.
Acrescentou a este respeito, que Angola pretendeu a todo o custo evitar “que houvesse guerra na Côte d’Ivoire, pois se a democracia é importante, a paz não é menos importante.”
Por outro lado, o embaixador recordou que a embaixada abriu processos individuais dos inscritos para o regresso à pátria e investirem na economia nacional, tendo-os encaminhado às
instâncias competentes do governo.
Uma história de sucesso é a de Dominique Lumingo, que viu as portas abrirem-se no domínio da instalação de projectos no município da Ganda, em Benguela e no município do Tomboco, na
província do Zaire. O primeiro aguarda a aprovação, a curto prazo, do Conselho de Ministros.
Os participantes pediram ao embaixador esclarecimentos sobre as manifestações havidas em Luanda; a situação precária em que vive a cidade histórica de Mbanza Kongo; as dificuldades alfandegárias
encontradas na importação de mercadorias; a problemática de alguns estudantes que concluíram os estudos em França e não têm meios para regressar; as formas de associações de carácter
humanitário apoiarem as crianças angolanas.
Também apresentaram duas propostas, uma no sentido de se iniciar um projecto de cooperação cultural com a França, criando um Dia de Angola em França e outra para o pleno funcionamento da Casa de
Angola.
Miguel da Costa disse que o governo autorizou as manifestações do dia 2 de Abril, em Luanda, porque foram legalmente solicitadas. Qualquer tipo de manifestação, em qualquer parte do mundo, deve
ter a anuência das autoridades constituídas. Quanto ao caso de Mbanza Kongo, este não é isolado, é um dos males resultantes do longo conflito.
A paz alcançada há apenas nove anos pretende assegurar, na óptica do Chefe do Estado angolano, José Eduardo dos Santos, um desenvolvimento regional equitativo e harmonioso. Porém, há assimetrias
em todo o país, pois o desenvolvimento é realizado por etapas. “Em nove anos não é possível resolver todos os problemas. Ainda vai se levar algum tempo para o governo atingir todas as áreas
necessitadas”, defendeu Miguel da Costa.
A embaixada vai procurar obter mis informações junto do ministério das Finanças sobre as taxas e direitos e regulamentos aduaneiros vigentes em Angola, e fará a sua divulgação aos membros da
comunidade. Casos pontuais serão encaminhados pelo sector de cooperação económica da embaixada que também receberá todas as associações de carácter humanitário que visam levar a sua acção às
crianças e grupos vulneráveis no país.
O mesmo deve ser feito junto do Consulado-geral com respeito aos estudantes que têm dificuldades em regressar ao país.
Sobre a Casa de Angola, o embaixador informou que há uma preocupação da embaixada em apoiar esta instituição que ainda carece de instalações apropriadas. Ainda neste âmbito, o adido cultural,
Adriano Mixinge, deu a conhecer o programa de actividades culturais em curso na França, com destaque para a exposição alargada até Maio deste ano, no Museu Dapper, intitulada “Angola, Figuras de
Poder” e a cooperação no domínio da arqueologia entre uma universidade francesa e o Museu de Arqueologia de Benguela que levou já à formação de uma especialista angolana.
Estiveram no presídium do encontro, ao lado do embaixador Miguel da Costa, o embaixador e delegado permanente de Angola junto da UNESCO, Sita José, bem como o ministro Conselheiro Pedro Nsingui
Barros.
Angop