"Apartir do bairro kinzenze, na minha casa, não consigo ver a vila da Damba, pois o novoeiro, cobre a minha visão", esta afirmação é do mundamba, Makunza Tungo "Tony Sofrimento" em estadia actualmente na Damba.
Em conversa que manteve com a nossa redacção há escassos minutos, Makunza Tungo, admirou o estado que encontrou a vila da Damba em relação à sua última visita, como ele próprio afirma: "A Ndamba (Damba em kikongo) está boa. O asfalto já cobriu toda a área da Ndamba e já foi reposta a divisória da rua da vila e apesar de ter chegado aqui somente ontém, reparei que as coisas mudaram muito desde a minha ultima visita. A Ndamba está a crescer e com a nova administração as coisas melhoraram muito. Hoje já temos implantadas estruturas dignas de realce e pessoas capacitadas para gerir projectos localmente. Pelo menos a energia eléctrica está ligada esta noite apesar de que é muito fraca, por isso eu tenho ligado o meu gerador e vi que estão a fazer trabalhos de canalização de agua na vila e nos bairros"
Makunza Tungo Tony sofrimento, hoje, no bairro kinzenze com o nevoeiro.
Com o falecimento da professora Elisa T. Sanga, no dia do seu enterro, no cemitério Santana quinta feira passada, a maioria dos mindambas estavam presentes, entre os quais o Secretário da Federação Angolana de Básquete, espantamos, porém, que no dia seguinte, quer dizer, horas depois, já encontra-se na Damba. O que nos permiter deduzir que o problema da mobilidade em Angola já está resolvido. Com isto o nosso "zulunkulu" continua afirmar," Fui até Mbwela". Mbwela é uma aldeia situada no caminho de Nkusu a Madimba, ainda existe habitantes? porque Damba está sendo despovoada " Sim, Mbwela tem habitantes, a prova: ontém, deixei um eminente Mundamba que habita há muito tempo em Portugal, em visita aos seus familiares. Muitos mindambas estão aqui em visita, como eu, mais que nem daria para escrever aqui, pois necessitaria de autorização deles, estão aqui na Ndamba neste momento e com bons investimentos para a nossa terra. Ontém chegamos aqui, já a praça de sábado tinha terminado, mas mesmo assim, estivemos com ilustres filhos da terra e que nos orgulharam." - Continou a afirmar.
Messagem estimulante para nós que estamos na diáspora, nisto, acrescenta ainda - " Não fiquem reticentes. Os donos das terras onde vocês estão (os europeus) chegam aqui todos os dias e vocês donos da terra continuam aí sem terra. Sabemos das razões que vos prendem aí, mas sejais ástutos e razoáveis no pensamento e olhai para trás e vereis a vossa origem. Todos os dias lamentamos que os estrangeiros estão a roubar o nosso dinheiro e nós estamos a fazer o que para protegermos aquilo que é nosso? Chegam aqui e têm terra e condições para fazer o que quiserem . Ontém mesmo fui comprar água numa loja no Uige e é pertença de um sarahui! Não sou xenófobo mas fica aqui a curiosidade." - obrigado pelo conselho, mas un Sarahui? é um africano do Maghreb!
Mbuta muntu Makunza, não tem mais outros conselhos para a diáspora? - "Todas as pessoas podem ter a oportunidade de fazer o que quiserem onde puderem. É assim que vocês conseguem viver aí na Europa pois se não vos dessem essa oportunidade seriam expulsos mas, os europeus não vos deixam ser a primeira opção pois protegem a sua soberania, com iniciativas feitas pelos naturais. Há muita gente que pensa que só pode fazer algo com milhões, mas eu não penso assim, alias, eu próprio faço coisas que nada valem aos olhos dos menos esclarecidos mas vale a pena fazer mesmo que seja visita a terra" - Está certo!
A diáspora dambiana é convidada a investir, mas Damba não é uma vila ou município atrativo turísticamente, com isto as autoridades poderiam edificar o túmulo do Soba Nakunzi no Bairro Kiyanika em monumento, as cataratas do Nkama Ntambu, o meu interlocutor acresenta - " Ndamba precisa de outras coisa, mais do que pensar no café. Precisamos de escolas de referencia, industrias de transformação de produtos agrícolas, mecanização agrícola, produção de animais etc...Ainda ontem falávamos disso com um conhecido quando passamos pela aldeia do soba Nakunzi. Ninguém valoriza os nossos heróis e os nossos soberanos. Ninguém fala do Mbianda Ngunga, MButa, etc...e aqui mesmo perto, as quedas do Ngungi" - Está claro, lembro-me do Ngungi, este rio é um afluente do N'kozi.
O Partriarca Manuel Tungo e a sua esposa, com so filhos Manuel e Makunza Tungo.
-"Do Kinzenze, não consigo ver a vila pois o nevoeiro cobre toda a visão! Que lindo o amanhecer na minha terra ouvindo o cantar do galo, o chilrear das aves e o rosnar dos animais! A brisa fresca, refresca a nossa mente e nos mete bem disposto para o dia que se segue!"
Como podemos esquecer o canto das aves no caminho das lavras? uma verdadeira sinfonia da natureza! E Wunga? este nevoeiro de manha. Tomar banho no Rio Luvú neste tempo, é uma tortura verdadeira. A água do Lweka neste tempo? está gelada, só os herois de higiene ousam desafiar este rio.
Muana Damba