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05 Dec

Deus como traço das Origens

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #História do Reino do Kongo

 

Por Patrício Cipriano Mampuya Batsikama


 

Batsikama

 

 

Sem sombra de dúvida, Deus personaliza a origem entre os Bantu. Vamos, simplesmente, tentar ver no vocabulário produzido pelos Kôngo, inclusive também os «povos» com quem tem afinidades (Ovimbûndu, Nyaneka, Cokwe), a correspondência que há na semântica. Nyaneka tem oito grupos:

 

1) Huku, Suku;
2) Kalunga;
3) Ndyambi, Panga Ndyambi;
4) Ekhumbi, Matyisa-Kumbi;
5) Omukulami, Nthulame;
6) Hamanene, Kamana;

7) Vile-Vile, Muvile-Vile, Munen-Vile, Muvili wavilo191;
8) Mphangele, Mphangaile.

 

Umbûndu tem seis grupos:

 

1) Chime;
2) Ngala, Ngala Njambi;
3) Suku192, Thuku;
4) Kalunga;
5) Omalomata;
6) Ongombe.

 

Comecemos por dizer que Hûku ou Sûku derivam de hûku ou onthûku: causa, fonte, origem de um problema. Aliás, nos umbûndu (vizinhos dos Nyaneka) esûku ou ehûku significa «germe», «embrião» ou «ovário da planta». Isto é a origem, o princípio e o começo. Muito curioso ainda é de ekhumbi ou Mutyisa-Kumbi194 ser o nome de Deus e que, ao mesmo tempo, significa sol, origem de calor. Mphangele ou Mphangaile vem confirmar isto: em kikôngo, a expressão kuna Mbângala ou kuna Mpângala significa há muito tempo, além de designar o nome (topónimo) do primeiro país das origens de onde vêm os ancestrais.


Passamos a palavra tûka: vir, provir, originar, tirar a sua origem. No vocabulário Kôngo, esse termo parece imortalizar estas origens certificadas no vocabulário Nkumbe e umbûndu: Deus, ascendência, princípio, calor que faz ao longo do dia, muito sol (onthuku, Huku, Suku, etc). Até a palavra umbundu ongômbe parece ter ligação com a origem: o termo
ngômbe significa segredo ou causa, fonte195. Porém, o valor semântico de Hûku, Onthûku (onde encontramos tûka) contém a dimensão histórica, teosófica (cosmológica) e sociológica que permite normalmente entender melhor o indivíduo (seu nome) e a sua origem (Deus criador) e, morfologicamente, o Sol como o signifié do país de origens.


No livro de Altuna, Cultura Banto, notamos que o autor se alicerça em primeira-mão nas escritas de Esternann196, Cabrita, Carvalho,Redinha, como em múltiplos artigos publicados em Jornais e Revistas Europeias e Americanos na especialidade de História, Antropologia e linguística, o que cremos ser um resumo relativamente fiel a todos. Em se-
gunda mão, vêm as suas próprias experiências no terreno que, ao nosso ver, foram reproduzidas no seu livro apenas aquilo que os seus predecessores teriam já notado. A ele evita choque – a sua linguagem testemunha isso – quanto às experiências. No entanto, consegue, com isso, remarcar que os grupos aqui tratados, nomeadamente Kimbûndu, Kôngo, Nyaneka-Nkûmbi, Côkwe e umbûndu constituem um mesmo bloco – Cultura Banto – vindo provavelmente do actual Zimbabwé200. Mas, na nossa opinião, estes grupos aqui estudados constituíam inicialmente um mesmo povo.
linguística e culturalmente, esta hipótese é a mais concorrida pela simples razão de, através da análise comparativa, cimentar que, em relação aos outros blocos, tais como luba, tetela, Kunyi, Mongo, etc., o grupo Kimbûndu-Kôngo-Nyaneka-Nkumbi-Côkwe-Umbûndu, está cada vez mais unificado e tiré-à-part.

 

Conclusão

uma diversidade de elementos da língua ligados às origens, causa, princípio, fundamento, começar, Deus-origem de todas as coisas, nome, quer entre os Kôngo, quer entre os diferentes grupos etnolinguísticos com os quais tem afinidades, é uma prova de que, se não o mundo Bantu de onde originou o «grupo de expressão kikôngo», pelo menos, o país Kôngo começou numa região de grande calor e este país está ligado com as actividades relacionadas com o fogo e o calor. Isto é o pensar (cosmogonia) dos Kôngo lido nos elementos da língua tendo em conta os seus actuais
vizinhos.


Ora, confrontando estes dados com topónimos ou alguns termos ligados a este país, situámos o primeiro «foyer201» na parte meridional de Angola (Kôngo-dya-Mbângala ou Mbângala ou Kôla, ou lûndu nyi Nsên- ga, etc.). Mas até prova em contrário, pretendemos que lá se situariam as origens dos fundadores do Reino do Kôngo.

 

Fim da primeira Parte.

 

 

Extrato do livro: " As origens do Reino do Kongo " editado por:

 

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