Desemprego à vista no Uíge
Por Manuel Filho
Possível encerramento do Hotel Bago Vermelho
Centenas de jovens na província do Uíge, que, há largos anos, prestam serviço numa das unidades hoteleiras, denominada Bago Vermelho, podem engrossar o mercado do
desemprego a qualquer momento, devido ao encerramento da principal via que dá acesso ao referido hotel, soube o Semanário Angolense nesta cidade.
O caminho foi fechado por um suposto responsável do núcleo provincial da Assembleia Nacional, de nome Janota Nginga, que, segundo as nossas fontes, pretende se apossar das antigas instalações da casa das leis.
O administrador do Hotel Bago Vermelho, José António, recordou que o local onde foi construída a referida unidade hoteleira é pertença do Cine Ginásio, mas tendo em conta o vazio que se
verificava
no espaço, a sua gestora decidiu, em 2009, construir nas suas traseiras, a hospedaria, tendo como via
principal o corredor entre a parede da antiga Assembleia Nacional e de um edifício ao lado.
«Sendo um local de diversão que acolhe actividades governamentais, partidárias, actos nacionais, concursos e espectáculos, nós achamos por bem construir, em 2009, esse espaço para albergar
(arrendamento) entidades que realizem actos nacionais e espectáculos, a título de exemplo
as festividades da cidade», disse o gestor hoteleiro.
Acrescentou que são licenciados, quer pelo Ministério da Cultura quer pelo Ministério da Hotelaria e Turismo. Para ter acesso Setembro de 2010, pelo governador provincial, Paulo Pombolo, ao
corredor que conduz ao hotel, há duas paredes do lado direito do núcleo da antiga Assembleia Nacional e, à esquerda, um edifício ao lado.
Administração diz que obra é legal
«Ficámos surpresos há dias, quando decidimos reabilitar o corredor, com a presença do senhor Janota Nginga, que exigiu que parássemos com a obra, prometendo encerrar a passagem, oh!
Se o local nada tem a ver com a Assembleia, como é que hoje o senhor manda parar a obra, três
anos depois?» interrogou-se. Situado na rua António Agostinho Neto, o Hotel Bago Vermelho, com mais de cinquenta quartos, foi inaugurado em 25 de Setembro de 2010, pelo governador provincial,
Paulo Pombolo, estando hoje à beira de despedir, encerrar e de ser demolido, tudo por causa de um alegado gestor do núcleo da Assembleia Nacional que se quer apoderar de um espaço de,
aproximadamente,
dois metros de largura e dez de comprimento.
«Estamos admirados com a atitude do senhor Janota, funcionamos quase há quatro anos, nunca
tivemos problemas, hoje, vem nos ameaçar que vai embargar e fechar a passagem principal, só
porque estamos a reabilitar o corredor. Primeiro, é que a passagem do antigo núcleo é na via principal, nada tem a ver connosco, só porque ostenta cargos quer fazer das suas», contestou,
indignado.
Fez saber que a Administração Municipal do Uíge, na pessoa do administrador Altamir Benjamin, já visitou o local, a mando deadministrador Altamir Benjamin, já
visitou o local, a mando de Janota Nginga, tendo concluído que a reabilitação é legal e que não há nada litigante entre as partes, mas que o responsável insiste.
Fontes próximas ao processo confidenciaram ao SA, que o suposto responsável parece que se quer apossar das antigas instalações, uma vez que foi construído de raiz um outro edifício defronte, onde
passarão a funcionar as novas estruturas.
Núcleo da Assembleia furta-se
O núcleo da Assembleia Nacional no Uíge, na pessoa de Rita Jaime, responsável da área de Recursos Humanos, disse que o chefe estava muito ocupado e que se o assunto fosse o Bago Vermelho, era dispensável.
Ante a insistência do jornalista, Rita Jaime explicou que o caso está em negociações entre ambas as
partes, como ainda não se chegou a uma conclusão, escusava-se a falar, acrescentando que foi já encaminhado para as estruturais centrais.
A funcionária parlamentar entende que as entidades governamentais locais estão a ignorar o caso, daí o encaminhamento às estruturais centrais da Assembleia Nacional, em Luanda. Entretanto, fontes
do Governo Provincial do Uíge declararam que o local onde estão sediados, tanto o Cine Ginásio, como o
Hotel Bago Vermelho e o antigo núcleo da Assembleia Nacional, foram propriedades da Direcção Provincial da Juventude e Desportos, tendo sido o governo, a pedido de algumas entidades, que o cedeu
às três estruturas em moldes administrativos e contratuais.
Esclarecem que não existe nenhum conflito de interesses entre ambas as partes e que o que se
passa, é que há um desentendimento quanto ao espaço, que está mais para o lado de empresa gestora do Cine Ginásio ou seja, o corredor em causa é pertença do hotel Bago Vermelho, é a via principal
da hospedaria.
«Nós, enquanto governo, temos conhecimento dessa situação, basta ver os croquis de cada estrutura, não é de hoje que as partes em questão, depois de vários anos, vêm a terreiro e criam um
conflito que nunca existiu», recordaram.
S. A