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03 Aug

Damba, 1945-1953.(22)

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Fragmentos históricos da Damba

 

 

 

Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS. (Administrador da Damba 1945-1953).


Alfredo de Morais Martins.

 

 

Os tocoístas da Damba.

 

 

Em determinado dia do mês de Janeiro de 1950 chegaram à Damba cerca de uma dezena de naturais da área da circunscrição, desde há muito emigrados, e que tinham sido expulsos do então Congo Belga por pertencerem a um movimento religioso de carácter messiânico e profético, fundado em Leopoldville por Simão Toco, antigo catequista da Missão Baptista situada no vizinho posto do Quibocolo, da área do concelho do Zombo e que dali tinha sido transferido para outra missão da mesma Igreja instalada naquela cidade e da qual se desligou por ter entrado em conflito com o respectivo superior. Este movimento deu origem a uma seita de fundo cristão, mas com algumas características que assentavam nas instituições religiosas tradicionais e que passou a ser conhecido por «Seita Tocoista». Era pois um movimento religioso sincrético do tipo do Quibanguismo também e de outras seitas existentes naquela colónia e em outros territórios do centro e do sul de África.



Como era constituido quase que exclusivamente por Angolanos, os Belgas, que já estavam a braços com a poderosa seita de Simão Quibango e outras, não queriam que esta se implantasse profundamente no seu território e passasse a estender­se a outras zonas e com adeptos naturais do Congo Belga.

Estes Tocoistas oriundos da Damba não permaneceram ali por muito tempo, tendo sido fixados, com todo o grupo dos expulsos, num colonato criado no Vale do Loge, orientado pela Junta de Exportação do Café de Angola. Passado algum tempo, muitos deles foram saindo e fixaram­se preferentemente em Luanda. Dotados de grande proselitismo e evidenciando notável espírito de entre­ajuda, em breve o movimento cresceu, sobretudo em Luanda e outras cidades do litoral e entre a grande massa dos imigrantes provenientes de grupos étnicos do interior e que, desenraizados das suas famílias, viviam um pouco à toa e sem o apoio das suas instituições tradicionais.

Outra causa da expansão do movimento assentou no erro sucessivamente cometido em relação ao procedimento havido com o Simão Toco. Foi­lhe fixada residência em mais de uma localidade e em cada uma delas foi deixando núcleos de adeptos e difusores da seita.

 

                                  http://1.bp.blogspot.com/_A6KQqW-zobg/TTI7WRZohaI/AAAAAAAAABA/Wg-z0lQwRI4/s1600/116.Mundienzo.jpg 

                                       O profeta Simão Gonçalves Toko, à esquerda.

                                         

 

A expulsão do Congo Belga imposta ao Simão Toco e aos seus seguidores consumou­-se no posto fronteiriço situado entre Matadi e Noqui . Para receber o grupo ali se deslocou o intendente do distrito do Zaire, Amadeu de Bettencourt Reys, que mais tarde me relatou as circunstâncias em que tinha decorrido a entrada daquela gente em Angola.


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