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30 Nov

Contribuição para o estudo da influência do português na língua Kikongo 1.

Publicado por Nkemo Sabay  - Etiquetas:  #Vamos aprender Kikongo.



FRAGMENTOS HISTÓRICOS DE ANGOLA

Foto de Jos Francisco Tavares enviada por Ivo Cardoso 7.siz

Por MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS – 1958

Introdução:

Nas quatro partidas do mundo, onde exercemos influência cultural, ficou indelevelmente marcada nos falares nativos a presença da língua portuguesa.

Mesmo nas regiões onde a colonização portuguesa não foi intensa, onde não nos estabelecemos com carácter duradouro, a acção missionária e o trato comercial disseminaram a Língua de tal maneira que vocábulos nossos ou suas corruptelas ainda hoje se mantêm adoptadas a adaptadas pelas línguas indígenas, como padrões imorredouro que os séculos não destroem.

Era natural, era mesmo fatal, que novas concepções religiosas, actos e alfaias de culto introduzidas pelos nossos missionários, plantas, tecidos, utensílios, etc, antes desconhecidos e que a ocupação ou o comércio levaram para afastadas terras, viessem a ser designados pelas mesmas palavras que os introdutores usavam.

Mas o que causa pasmo e até emoção é que se tenham mantido até hoje, decorridos séculos após contactos culturais mais intensos com outros povos de línguas diferentes e muitas vezes sem parentesco próximo com a nossa, como o inglês.

Caso a salientar no tocante ao Oriente é o do “papiá cristão”, ainda hoje usado pela população católica de Malaca e uns tantos outros dialectos crioulos espalhados pela Índia,Ceilão e Malásia.

Na costa ocidental da África, desde o limite sul de Angola até à Guiné e ainda mais para o norte, não deve provavelmente, existir língua indígena que não tenha adaptado palavras portuguesas. A propósito ocorre-nos um pormenor interessante que foi notado no final do século passado pelo heróico Augusto de Castilho numa viagem do comandante à costa do Daomé e descrito no passo de um relatório seu e cuja transcrição não resistimos: “A língua portuguesa, que é a língua estrangeira mais conhecida em toda esta costa, é indispensável aos comerciantes, aos missionários e a qualquer que queira ter trato íntimo com os indígenas. Os padres, para serem compreendidos, é em português que pregavam;mas tendo ultimamente tal uso proibido pelo Governo Francês, pregam em francês, mas
têm um intérprete que lhes vai traduzindo em português, em voz alta e frase a frase e a oração toda “

Se na vida religiosa a influência do português se manifesta em toda aquela costa, na vida material e na antroponímia ela não é menos intensa.

Ainda não está feito um estudo sistemático e profundo da presença do português em todas as línguas ou dialectos, mas os trabalhos que de eu tenho conhecimento, e que incidem sobre um pequeno número destes, demonstram à saciedade quanto ela é profunda e bem enraizada.

No relatório citado, Augusto de Castilho, aponta como de uso comum entre os indígenas do golfo do Benim, os vocábulos “lama”, “vela”, “garrafa”, “garfo, “copo”,loja”,, “vinho”, “chicote”, “papel”,mesa”, ”tesoura”,”bote”, “moço”, “palavra”, etc. Em outros territórios franceses, sobretudo no Gabão, em relação aos dialectos víli ( este do
quicongo ), orugu e mpongué , devemos assinalar as pesquisas feitas por R. Reynard e pelo abade André R. Walker”

(…) Este nosso trabalho não é mais que um fraco contributo para o estudo da influência que o português vem exercendo na língua quicongo desde o final do século XV. Longe de ser trabalho definitivo e completo, pois para tal bem minguada é a nossa competência,só desejamos que ela tenha o mérito de estimular a curiosidade e o interesse de algum especialista que o venha a conhecer”

A seguir:” Onde se fala o quicongo”

 

                                                                             Em colaboração com Artur Mendes.

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