CONTACTO DE CULTURAS NO CONGO PORTUGUES (2)
CONTACTO DE CULTURAS
NO CONGO PORTUGUES
ACHEGAS PARA O SEU ESTUDO.
Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS. (Administrador da Damba 1945-1953).
Porém, nunca abandonámos os reis do Congo e prestámos-lhes auxílio sempre que necessitaram para dominarem as frequentes rebeliões internas. Em 1570 salvámos o reino da queda fatal, ajudando D. Álvaro a expulsar os Jagas, povos vindos do além-Cuango, que o haviam invadido e conquistado.
Daí em diante o reino do Congo, pode dizer-se, deixou de existir como unidade política autónoma e ficou dependente de Angola, onde já nos estabelecêramos com fundas raízes.
Com dominação filipina abrandaram ainda mais as relações directas com Portugal. Os reis passaram e entender-se directamente com Roma no que tocava a evangelização e enviavam embaixadas ao
Papa. De uma delas foi encarregado Duarte Lopes, a quem muitas vezes nos referiremos no decurso deste trabalho.
O Congo começa a decair. A sua diocese, a primeira de África Negra, criada em 1595-1597, passa a ter oficialmente a sua sede em Luanda em 1676, se bem que os respectivos bispos já nesta
cidade vivessem desde 1625.
Durante a ocupação holandesa de Angola e no período que se lhe seguiu, houve revoltas no Congo contra o domínio português. Um dos seus reis, D. António, foi morto na célebre batalha de
Ambuíla.
Ainda houve um período de intensa evangelização, enquanto as missões do Congo estiveram entregues ao Capuchinhos italianos, mas, no fim do século XVII, também estas entram em
decadência.
O esforço português passou a incidir mais sobre outras regiões de Angola. Com o Congo mantinham ainda relações importantes os comerciantes portugueses que se aventuravam pelo interior ou
que aguardavam nas feitorias do litoral a chegada das caravanas vindas dos sertões. Alguns missionários lá se encontravam também.
Ao longo de todo o século XVIII acentua-se a decadência da acção missionária, que quase se torna total em grande parte do século XIX. Neste período o Congo foi visitado algumas vezes por
missionários, mas a sua acção foi quase nula, pois a permanência era curta e as visitas muito espaçadas. Só em 1881 se restaurou a missão de S. Salvador do Congo, que foi entregue ao grande
missionário padre Barroso, que mais tarde veio a ser bispo do Porto. A sua acção foi meritória em todos os aspectos. Além dos seus trabalhos de evangelização, que foram importantes, contrariou a
cação desnacionalizadora da missão protestante inglesa que antes ali se tinha instalado e que pretendia apagar os vestígios ainda bem vivos da influência portuguesa e o prestígio do nome de
Portugal, que ainda estava bem vincado na tradição dos Congueses. Fomentou, além disso, a ocupação comercial de S. Salvador, convencendo alguns comerciantes dos portos fluviais do Zaire a
montarem ali algumas feitorias.
A ocupação administrativa efectiva só teve início em 1887, com a criação do distrito do Congo por Decreto de 31 de Maio daquele ano, mas durante alguns anos foi muito precária. A criação do
distrito, com sede em Cabinda, e a ocupação foram consequência da Conferência de Berlim. Quanto ao interior, passou a haver apenas uma residência em S. Salvador. Só em 1896 (Portaria provincial
nº. 30 de 30 de Janeiro) se ocupou Maquela do Zombo, aliás a pedido da própria população indígena, que estava continuamente a suportar violências e extorsões dos soldados do Estado Independente
do Congo. Por razões idênticas se criaram e ocuparam os postos di Cuílo e do Cuango, em 1899 e 1900, respectivamente. Nas a ocupação era precária e, fora das vistas dos postos, os chefes
indígenas continuavam a cobrar impostos aos comerciantes portugueses que iam negociar ou que se estabeleciam nas suas terras. Algumas revoltas se davam, sobretudo nos povos da Damba, região que
só veio a ser ocupada em 5 de Outubro de 1911. A partir do posto que então aí foi instalado, começou a fazer-se a ocupação do Sosso (actual 31 de Janeiro) e do Pombo (Sanza Pombo). No Bembe, após
a sufocação de revoltas, foi instalado um posto em 1912. Nesse local existia um forte desde 1857, construído pelo primeiro ocupante da região, oficial da Marinha Baptista de Andrade, e que se
destinava a proteger as minas de cobre que então entraram em exploração.
Ainda se deram alguns levantamentos de indígenas, sobretudo na Damba, Pombo e Cuango, e só em 1918 o distrito do Congo ficou totalmente pacificado.
Com a colaboração de João Garcia e Artur Méndes.