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15 Nov

CONTACTO DE CULTURAS NO CONGO PORTUGUES (10)

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #História do Reino do Kongo

CONTACTO DE CULTURAS

NO CONGO PORTUGUES

ACHEGAS PARA O SEU ESTUDO.


 

Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS. (Administrador da Damba 1945-1953).


Alfredo de Morais Martins.

 

Técnicas diversas (2)

 

A técnica do trabalho e os instrumentos utilizados no tempo de Cavazzi, e , por certo, antes dele, são absolutamente iguais aos descritos pelo padre Barroso e aos actualmente se mantêm em uso. Uma gravura incerta na pa. 301 da “Descrizione” e Cavazzi representando um ferreiro no seu trabalho, dá a imagem fiel de cenas idênticas por nós observadas. Pode afirmar-se, sem medo de errar, que a indústria se tem mantido imutável sem sofrer qualquer evolução, excepto no tocante à obtenção da matéria-prima. Igual observação pode ser feita em relação à olaria.


 O ferreiro, além das alfaias agrícolas trás citadas fabricava também armas destinadas à guerra e à caça, como pontas de seta e de lança, facas, punhais e outros utensílios e objectos de adorno, como anilhas para as pernas e braços.


 Cavazzi menciona também a existência de carpinteiros, cujas obras eram imperfeitíssimas devido ao primitivismo da única ferramenta que usavam – um pedaço de ferro com uma pega ao meio e terminando em gume cortante de um lado e em ponta aguçada do outro.


 Façamos agora ligeira referência aos transportes.


 Como não existiam animais de carga nem conheciam a roda, os transportes eram feitos a dorso.
 As viagens dos chefes ou dos membros da classe mais elevada eram feitas em tipóias ou em cavalos de pau também conhecidos por “cavalos do Congo”. Sobre as primeiras diz Pigafetta: “ Não havendo, portanto, cavalos em todo o Congo, nem se sabendo avezar os bois à carga ou à albarda, para os adestrarem ao tiro ou a deixar-se montar, nem domando a zebra com freio e sela, ou de qualquer outra maneira, tirando proveito de serem conduzidos m cavalgaduras, a necessidade ensinou-lhes a empregarem os homens em lugar de jumentos e assim, em cestos como andores, deitando-se e pondo-se sentados, cobertos do sol com sombreiros, fazem-se levar de seus escravo, ou por homens que, pelo ganho, estão para isso nas paradas. E quem quer andar depressa, leva consigo muitos escravos: cansados os primeiros, substituem-se na carga os segundos, e assim sucessivamente, revezando-se como fazem os Tártaros com os cavalos e os Persas: vão tão velozmente aqueles homens, afeitos a tais fadigas e permutando-se com frequência, que igualam o galope dos postilhões”. Cavazzi também fala neste sistema de transporte usado pelos indígenas, mas cita pormenores que nos levam a concluir que, no seu tempo, as tipóias já haviam sofrido modificações introduzidas pelo contacto. Voltaremos ao assunto em lugar oportuno.


 

O “cavalo de pau ou cavalo do Congo” não era mais que um “ pau de três palmos de comprimento, arredondado, bastante grosso, capaz de aguentar o peso de um homem. Ao meio, prega-se um pedaço curo de maneira a formar uma sela sobre a qual o viajante se senta. Ele segura-se com as mãos para não cair. Um homem adiante e outro atrás erguem o pau e colocam-mo nos ombros e marcham de oito a dez léguas por dia “. A descrição deste meio de transporte é também feita num documento ainda mais antigo de 1583.



 Para travesia dos rios usavam troncos de árvores escavados e em forma de barcos, por certo iguaiis aos “dongos” ainda hoje existentes. Pifafetta, com visível exagero, diz que no rio Zaire navegam barcos deste género, feitos de troncos de imbondeiros e que podiam transportar duzentos homens.

 

 Dentro das técnicas puras, devemos fazer especial menção à medicina. Tanto em Pigafetta como em Cavazzi se encontram inúmeras alusões à rate de curar e às mezinhas usadas, desde diversas espécies vegetais a até às cabeças de alguns ofídios, que eram “ medicina óptima à febre ao mal do coração que treme”.

 

 

                                                               Em colaboração com João Garcia e Artur Méndes.

 

 


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