Confronto armado entre o Batalhão 88 e os guerrilheiros da Damba.
Por Dr. José Carlos de Oliveira.
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Este batalhão de caçadores recebeu ordem para embarcar para Angola a 14 de Abril de 1961. A exiguidade de tempo que dispunha para se
apresentar a embarque, não permitiu que muito do seu pessoal se despedisse dos seus familiares. O navio que os transportou a Angola foi o Niassa que, a 22 de Abril levantou ferro15 de
Lisboa.
O pessoal só foi vacinado a bordo dada a exiguidade de tempo para embarcar. De mencionar foi a dificuldade de adaptação do pessoal às
condições de acomodação nos porões no navio que não permitia a respiração de muitos homens vendo‑se obrigados a pernoitar na coberta. A 2 de Maio o navio aportou em Luanda e o batalhão foi
alojado no liceu feminino. A 13 de Maio, reforçado por dois pelotões da 81ª Companhia de Caçadores Especiais, marcha para o norte de Angola. No dia 19 de Maio, e já a caminho do Negage, tinham
removido cerca de trezentas árvores e tapado algumas valas. Entretanto, iam tomando contacto, por diversas vezes, com as hostes dos guerrilheiros da UPA, tendo havido feridos de ambos os lados.
Apesar da coluna ir apoiada por caterpillars que, por vezes, iam sobre as Dyamonds, a marcha foi muito lenta. Entre o Bungo e a pequena vila comercial de 31 de Janeiro (80 quilómetros) levaram
dois dias. À aproximação da vila da Damba, começaram a aparecer aldeias com bandeiras brancas apesar de, a partir daí, os obstáculos serem maiores. Quando chegaram a altas horas da noite, à
Damba, já esta vila tinha sofrido quatro ataques. Um pelotão do regimento de infantaria de Luanda ocupava a administração do concelho.
Fazemos aqui uma pausa, para referir, em pormenor, o ataque de 1 de Julho de 1961 e que se processou justamente da mesma forma como há 45 anos
atrás (se pensarmos bem não é muito tempo, existiam velhos ‘Chefes Costumeiros’, e outros notáveis que se lembravam desses acontecimentos). O relato da história do Batalhão de Caçadores
88 coincide com a entrevista que nos foi concedida, há dias (Março de 2007), por um militar do pelotão do Regimento de Infantaria de Luanda e que estava na altura na Administração do Concelho, no
topo norte. De registar que os guerrilheiros, apesar de saberem da presença do batalhão decidiram fazer o ataque do mesmo modo. As respostas ao seu tiroteio de kanhangulos e algumas espingardas
foram feitas dos parapeitos das janelas. O assalto deu‑se com nevoeiro cerrado e ao alvorecer, chegando os guerrilheiros aproximar‑se cerca de 10 metros das
primeiras viaturas. Entretanto, outro grupo desfechou uma incursão vinda do lado sul.
“(…) Porque o terreno era muito coberto e o farto cacimbo ainda concentrado na baixa, que se situa a seguir ao largo, tornava a
perseguição cega e pouco lucrativa. Foi uma acção surpresa após duas horas de lutas para no dia seguinte se estudar o terreno e iniciar os ataques às sanzalas da estrada do Lucunga, nomeadamente
às da Quiperenda e Quianica, onde o inimigo se encontrava há largos meses instalado e de onde fazia base para os seus repetidos ataques à povoação da Damba (…).”
Das ditas vata desfechavam os guerrilheiros da UPA os seus ataques à
Damba, persuadidos que estavam da incapacidade de resposta dos sitiados da vila. Pelas 10H00 da manhã do dia 4 de Junho de 1961 e já levantado o cacimbo preparou‑se a 99ª e a 98ª Companhias do
Batalhão 88 e avançaram pela estrada, que liga a vila da Damba à povoação do Lukunga, não sem terem que se defrontar com profundas valas e frondosas árvores que obstruíam a estrada. Após alguns
tiros, as ditas companhias entraram nas vata Kianica e Kiperenda, onde encontraram instalado um hospital de campanha, no qual não faltava inclusivamente remédios, como por exemplo,
penicilina. Os celeiros de amendoim e farinha de mandioca estavam repletos, procedeu‑se então à destruição das instalações e dos celeiros.
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